Televisão Versus Internet/Games : Entenda o confronto entre as mídias

18/03/2012

Vou voltar a tocar no assunto, perante aos novos ataques da televisão aberta à rede mundial de computadores…. Nós já falamos sobre isso um tempinho atrás ( você pode conferir o post clicando aqui) e pelo jeito, teremos que tocar nele novamente. Quando falamos isso da primeira vez, estavamos no inicio do movimento que está ocorrendo agora: o lobby no Senado para impedir o crescimento da Internet e Video Games ( você que não sabe o que é lobby, recomendo a leitura desse livro: “Lobby – o que é , Como Se Faz – Ética e Transparência na Representação Junto a Governos” de Said Farhat). Quem anda acompanhando a trajetória dessa pilantragem, deve ter visto o recente caso do deputado Glauber Coelho, entre outros deputados que colocaram propuseram projetos de leis querendo proibir os games, assim como, não é raro aparecer lá em Brasília um projeto querendo atrasar o crescimento da Internet no Brasil. E acredite: os episódios que assistimos até agora, é apenas a ponta do Iceberg. Tem muita coisa vindo por aí, quem viver, verá. Se você não entende o porquê de tanta implicância com os games e com as redes sociais, vai entender nesse post.

O Confronto das mídias

Responda rápido: Quando você chega do trabalho/escola e separa aquela “horinha” para o lazer, o que você faz, se precisar escolher entre uma das duas escolhas abaixo:

A-     Liga o computador e vai navegar na Internet ou opta por jogar um game

B-      Liga a Tv e vai assistir um programa qualquer

Quem escolheu a opção A faz parte de uma maioria entre os 81 milhões de internautas tupiniquins (F/Nazca), originários da nova geração, que migrou da TV para Internet. Embora essa debandada venha ocorrendo de forma rápida e agressiva, aqui no Brasil, a Internet ainda perde para a Televisão, na disputa do troféu do maior meio de comunicação e entretenimento.

Esse fato ocorre não por causa do desinteresse dos brasileiros pela internet – em fevereiro de 2011, éramos o oitavo país no rank mundial com mais usuários ativo – mas sim devido aos tramites que rolam por debaixo do pano lá no Congresso Nacional.

O futuro da TV Aberta no Brasil fica cada dia mais incerto. Por certo a televisão não irá acabar, mas está ficando cada vez mais óbvio, que ela terá que encontrar novos modelos de negócios para se manter. O professor Dr. Walter Teixeira (http://wikipos.facasper.com.br/index.php/Prof._Dr._Walter_Teixeira_Lima_Junior) postou o seguinte comentário em sua página no Facebook em 2011:

“Os grupos de mídia brasileiros, notadamente a Rede Globo de Televisão, fizeram um trabalho de lobby (que no Brasil pode chamar-se de “cooptação”) perante as autoridades do governo federal. Apesar da tecnologia do SBTVD ter sido produzida com competência por um pool de universidades brasileiras, o lobby decidiu adiar a implantação da TV Digital no Brasil e adotar o padrão de transmissão japonês, visando unicamente a manutenção do modelo de negócio, que alguns teóricos chamam de TV Digital broadcasting, ou seja, boa imagem e áudio e baixíssima interatividade. Desde o ano passado, o EUA não assistem mais televisão com sinal analógico. O analógico morreu lá. Aqui a nossa penetração não chegou na casa 5%. Agora, a Internet (para quem tem condições e a curva de adoção aumenta), coloca vídeos no computador com uma qualidade bem aceitável, portanto, está aculturando o consumidor a saber que terá o que desejar na hora que quiser. Se a TV Digital tivesse sido adotada antes no Brasil, as emissoras de TV aberta teriam agora um atributo importante para lutar contra o poder das redes: a qualidade da imagem. Mas agora, tudo está no mesmo patamar de percepçcão. A imagem na Internet está se aproximando muito da qualidade da imagem analógica da TV. Acredito que os grupos de mídia estão apostando que a Internet baterá no teto nas assinaturas de conexões de 2 Mega, que permitem entrega de vídeo de qualidade, portanto a gritaria geral contra o Plano Nacional de Banda Larga. Entretanto, acredito que já era… Sempre que tentaram apostar contra a Internet, os grupos perderam.. mas não aprendem… é como criança que insiste brincar com fogo… portanto vão se queimar, no caso das emissoras, a imagem”.

Percebeu? A ameaça é real, não é mera especulação. A Internet vem para ocupar o lugar da Televisão e os responsáveis pelas emissoras estão fazendo de tudo para atrasar o inevitável. Uma dessas artimanhas foi citada acima, é a gritaria perante o Plano Nacional de Banda Larga. Quando ele chegou ao Congresso Nacional em maio de 2010, sua proposta original apresentava um planejamento para que a Internet alcançasse os 40 milhões de lares de brasileiros, em um curto prazo de tempo, 3 anos para ser mais preciso, ou seja, 2013. No projeto também era apresentado com a velocidade de 2 Mbps  a partir de R$ 30. Essas metas assombraram os representantes das emissoras de TV que acionaram seus deputados, senadores e toda essa “gentinha” que quer mais que o povo se exploda! Não demorou e os cortes no orçamento começaram a aparecer, o prazo estabelecido aumentou em um ano, a velocidade diminuiu para 1Mbps e o preço aumentou. Quando o PNBL finalmente saiu do papel em Julho do ano passado, demonstrou uma proposta totalmente alterada – velocidade de 1Mbps, por R$ 35, com prazo previsto de finalização até dezembro de 2014 –  e cheio de pegadinhas como, por exemplo, o usuário poderá baixar no máximo 300 Mb mensais, sendo que, caso o usuário exceda esse total, será preciso pagar mais ou terá sua velocidade de conexão reduzida até o mês seguinte. Outra dor de cabeça futura que os beneficiados por esses plano irão enfrentar é a má qualidade do serviço:  o governo federal abriu mão da qualidade quando assinou o contrato para que o plano seja concretizado na data determinada. Além disso, o PNBL não cobrirá todos os estados brasileiros, estão inclusos apenas:  Alagoas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Sergipe, São Paulo e Tocantins (como sempre, o Sul do País é esquecido).

Toda essa mudança e preocupação das emissoras se baseiam em uma característica que a Internet dispõe e que com a qual a televisão nunca poderá concorrer: a interatividade e liberdade de escolha. Na TV, mesmo a Tv a cabo, você se encontra limitado a programação. Mesmo com uma tv por assinatura e milhares de canais a disposição, você ainda está restrito à uma programação ou catalogo. Em contrapartida, a Internet dá ao internautas total liberdade de escolha. Você encontra a maioria das coisas que busca, na hora que quiser, sem precisar de ficar visualizando propagandas. E tudo mais prático, mais rápido, mais dinâmico e interativo, como a nova geração gosta.

Ok, e os Video Games?

As emissoras de TV nunca prestaram atenção nessa nova mídia. Como os vídeogames eram direcionados para crianças, eram considerados como um “brinquedos” pelas demais mídias. Despreparados para o que viria adiante, os dirigentes emissoras ficaram crentes que os vídeogames eram uma “febre momentânea”.  As crianças cresceram, os consoles evoluíram, a indústria dos games ficou gigante, bateu o Cinema e chegou dando de voadora no meia lua e Y na TV. Atualmente, o videogame é destinado para todas idades. As crianças que jogavam antigamente são os adultos de hoje e a nova geração já nasce com o joystick na mão. Apareceram videogames para toda a família, como o Wii. E o “brinquedinho” passou a ocupar aqui no Brasil, o segundo lugar na audiência desde de janeiro de 2010 segundo a pesquisa IBOPE. Não era mais possível ignorar a crescente demanda do público dos games e assim começou os lobbys no Congresso Nacional.

Tempo Gasto em cada Mídia 

Os brasileiros já passam mais tempo na internet e jogando videogame do que assistindo TV, de acordo com um estudo da Forrester. O uso da rede é a principal atividade em momentos livres, superando também rádio, jornais e revistas.
A pesquisa, publicada pelo AdAge, mostra que os brasileiros passam 23,8 horas por semana na internet, e 6,2 horas na frente da TV – ou seja, quase quatro vezes mais no computador do que no sofá ( totalmente esmagadora). Os videogames são a segunda principal atividade em momentos livres, consumindo 6,3 horas por semana ( ou seja, videogames ganham da TV também) . Rádio ocupa 3,5 horas, enquanto leitura de jornais ocupa 2 horas e revistas 1,9 horas. O gráfico abaixo mostra, na escala superior, o resultado dos brasileiros e na inferior, o dos mexicanos.
Reprodução
De acordo com o estudo, o acesso à internet no Brasil atualmente chega a 47% da população, e esse número vai subir para 57% em 2016. Na frente do computador, os brasileiros acessam redes sociais (89%) e assistem vídeos no YouTube (86%).
Outro ponto abordado no estudo foi o uso de internet móvel entre os brasileiros. Dos entrevistados, 40% afirmam que acessam a web de smartphones ou tablets, e 24% fazem acessos diários. Em média, os brasileiros passam 2,2 horas por semana conectados em dispositivos móveis.

Fonte: Olhar Digital

O que esperar do futuro da TV Brasileira?

Já vimos que o lado não é dos melhores para o lado das emissoras da TV. Não é a toa que os ataques a Internet e aos Videogames inundam os noticiários, principalmente da Record e da Globo, que tentam a todo custo, colocar na mente do cidadão a idéia de que “videogames e Internet são um mal que precisam ser controlados”. Por que você acha que essas emissoras ficaram a favor do S.O.P.A e do P.I.P.A ? Por que elas apóiam os projetos de leis contra os Games, fazendo reportagens especiais de “como o videogames afetam as crianças”? Com a Internet e os Games restritos, quem ganha campo são eles e quem perde é o povo.
Por certo a televisão não irá acabar, mas está ficando cada vez mais óbvio, que ela terá que encontrar novos modelos de negócios para se manter, principalmente as emissoras de TV Aberta. Programas milionários, supersalários para atores, atrizes, apresentadores, diretores, produtores e jornalistas e todo esses “luxos” terão que acabar visto que a publicidade está migrando para a Internet para atingir seu público.
Segundo Wilson Dizard Jr em “A Nova mídia” a salvação das emissoras de TV Brasileiras pode ocorrer pelos seguintes passos:

1 – Fusões e aquisições – É possível que emissoras concorrentes até pouco tempo se unam ou se fundam ou tenham parte de seu capital comprado por empresas estrangeiras. Nos EUA essa foi a fase que marcou o início das mobilizações que as três grandes redes, NBC, ABC e CBS encontraram para enfrentar a fragmentação da audiência e significativa perda de publicidade. A ABC foi comprada pela Capital Cities Comunications, proprietária do maior conglomerado de TVs avulsas do país. A NBC, tornou-se uma divisão da General Eletrics e a CBS foi comprada através de controle acionário por um conglomerado ligado ao ramo do tabaco (DZARD Jr. 2000, pág. 132). Em 1995 a Disney comprou a Capital Cities e se tornou o maior grupo de mídia do mundo. Em matéria publicada pelo site Carta Capital, (leia matéria) o grupo português Ongoing, começou esta investida no Brasil adquirindo o jornal O Dia, no Rio de Janeiro, montou uma redação em São Paulo, também em Brasília e não será surpresa se a investida alcançar a televisão.

2 – Cortar custos – Algumas das mais famosas séries da TV americana foram cortadas devido ao alto custo de produção. Seinfeld, em 1998 e Friends, em 2004 foram cancelados. Mais recentemente, o comediante e apresentador de Talk Show, Jay Leno teve o horário de seu programa alterado após 17 anos no ar. Leno, a partir de maio de 2009, ocupa o horário das 20h que anteriormente pertencia à série CSI. A mudança de Leno das 23h para as 20h equivale aqui no Brasil à TV Globo colocar o Programa do Jô no lugar das novelas das 21:00 horas. E pensando nesse quadro, é certo que a Globo, por exemplo, terá que cortar alguns horários de novela e programas dispendiosos como o “Domingão do Faustão”, onde o salário do Apresentador é quase equivalente ao dos demais gastos do programa.

3 – TV Digital – digitalizar o sistema e investir no sinal em Alta Definição foi uma estratégia que não trouxe ainda os resultados esperados aqui no Brasil. Mas, todo o mercado mundial de televisão apostou neste segmento e agora é um caminho sem volta. O jogo de interesse brasileiro agora e que pelos menos países da América do Sul e outros de língua portuguesa adotem o mesmo padrão de TV Digital que o nosso, o que traria bastante compensação financeira para emissoras e fabricantes de eletro-eletrônicos. A África está na pauta do governo brasileiro para adoção do nosso sistema.

4 – Integração com a Internet – todas as redes de TV americana deram passos significativos nesta área. A Disney comprou 43% de uma empresa que controla um mecanismo de busca popular da rede nos EUA. No Brasil, não há notícias de que as emissoras estejam investindo ou fazendo parcerias para atuarem neste setor dessa mesma forma. O que existe são apenas portais onde as emissoras reproduzem o conteúdo jornalístico e de entretenimento.

5 – Maior autonomia para as emissoras locais – com a digitalização do sistema e a possibilidade de transmissão de conteúdo pela Internet os conceitos de grade de programação e de rede se tornam obsoletos. Uma maior participação das emissoras na oferta de programas reduz muito o custo de produção dos programas e abre oportunidade de empregos para os profissionais dispensados ou recém formados.

Esses são aspectos estruturais que as emissoras de TV aberta podem observar com mais cuidado como alternativa para o modelo atual. É bem certo que outras ações deverão ser pensadas. Como nada está sendo feito, além do lobby no Congresso, é provável que futuramente, as emissoras de TV Aberta venham levar um soco “nas fuças”. Embora, talvez só o lobby funcione, já que estamos tratando de Brasil,  um país que os políticos fazem o que bem entende e ninguém faz nada contra (a não ser reclamar).

Prognósticos estão se concretizando: SBT e RedeTv no sufoco

Ainda com alguma gordura para queimar, Silvio Santos vem se desfazendo de empresas do grupo mantendo o SBT como terceira emissora em audiência (quarta na audiência geral, atrás da Globo, VideoGames/Internet e Record) no país. Entretanto, a RedeTV!, com pouco mais de 10 anos de história, a situação é mais grave. RedeTV! luta constantemente para conseguir a concessão para atuar, pois não consegue a certidão negativa da Receita Federal e do INSS. Em 2010 a justiça determinou que a RedeTV! deveria assumir a dívida do FGTS da extinta TV Manchete junto aos funcionários daquela emissora. Estima-se que a dívida chegue a R$ 100 milhões de reais. (leia aqui). Fora que os salários dos apresentadores quase sempre atrasam e a emissora deve milhões para alguns. O Pânico na TV, carro-chefe da RedeTv, foi roubado pela Band. Outros apresentadores insatisfeitos com a prática da empresa em atrasar os salários ou mesmo, não pagá-los, buscam alternativas.

As duas empresas adotaram a redução de custos em suas produções e na redução dos salários de funcionários como estratégia, mas não foi o suficiente. Agora, rumores dão conta de que há interessados na compra das duas emissoras. O empresário Eike Batista interessado no SBT e um grupo americano chamado Global Eagle, supostamente ligado à MGM, interessado na RedeTV!

A TV aberta brasileira interessa muito aos grandes conglomerados de comunicação. O Brasil vem obtendo crescimento econômico, melhor distribuição de renda, ocupa hoje um lugar de destaque entre as seis grandes potências econômicas e uma empresa de comunicação familiar sem pertencer a um grupo maior de comunicação não se sustenta. Esse é o caso de todas as emissoras no Brasil. Uma coisa é fato, concordem ou não os gestores das emissoras nacionais, o modelo de negócios da TV aberta no Brasil não sustenta mais o tamanho da estrutura das emissoras.

Fonte: Convergência M.

TV Paga – a mais recente Vítima do Lobby

O setor de TV paga está em clima de guerra. No ano passado, foi aprovada a Lei 12.485/11, que acabou com a proibição do controle de empresas de TV a cabo por estrangeiros. Esse ponto agradou ao mercado, mas outras regras, como a imposição de cotas de conteúdo nacional na programação, sempre foram criticadas pelas empresas.
Além das cotas, as companhias temem um aumento da burocracia e queixam-se de que a agência quer exercer um controle exagerado sobre o mercado. A Ancine quer limitar a publicidade nesse veículos. O objetivo fica claro: impedir o crescimento do setor que ameaça roubar a publicidade da TV Aberta, em outras palavras, certamente houve lobby.
“O custo aumenta com as cotas de conteúdo nacional, que é mais caro porque não tem escala”, afirmou Alexandre Annenberg, presidente da Associação Brasileira de Televisão por Assinatura (ABTA). “Isso pode restringir o crescimento do setor, que avançou 30% no ano passado.” […] “Além disso, está se traçando um cenário de excesso de burocratização, o que atrasa investimentos”, disse Annenberg ao Estadão. “Por excesso de zelo, pode-se criar uma sistemática demorada, complicada e custosa.”

Os canais de filmes e variedades terão de incluir três horas e meia semanais de conteúdo nacional no horário nobre. Esportes e jornalismo não entram na conta. A lei também definiu cotas de canais nacionais nos pacotes. Um dos pontos que preocupam as empresas é que a Ancine terá o poder de classificar programas e canais, para dizer quais servem ou não para cumprir as cotas. As empresas também deverão submeter à Ancine as informações sobre todos os pacotes contratados pelos seus clientes.

Video Games e Internet: as próximas vítimas

Você viu o que aconteceu com o Plano Nacional da Banda Larga… você viu os projetos de leis que queriam proibir os games no Brasil… você viu a implementação do ECad… você viu o ACTA rodeando o Brasil….  prepare-se, vem muito mais por aí. Se você é a favor da liberdade de poder usufruir da Internet e dos Games prepare suas armas. A Globo e a Record entupiram o Senado com deputados e Senadores, pagando suas campanhas,e por isso, de lá você só pode esperar o pior. Tudo isso ainda não tomou uma força maior devido a constante briga que “ninguém assiste” entre a Globo e a Record no Distrito Federal. Eles ficam distraídos com a briga para acabar com as Igrejas nas TVs, para colocar o Edi Macedo na cadeia, para fazer as Igrejas Evangélicas pagarem impostos e esquecem que a Internet e os Games está crescendo a passos largos. Porém, hora ou outra, vai cair a ficha e eles vão ter que unir forças para ir contra essas mídias. Nesse momento é que a coisa complica. Comece a anotar os nomes dos deputados e senadores aí no Bloco de Notas. Na próxima campanha, empenhe-se em ir contra esses deputados “comprados”.
Os lobby sempre estiveram presentes: Entenda o porquê da Liderança da Rede Globo
Achei dois excelentes artigos que explicam porque a Rede Globo continua na Liderança entre as mídias de comunicação que atinge o público. Vocês podem conferir eles na íntegra clicando nos links abaixo:

O lobby da Rede Globo pela auto-regulação: influência política e estratégias de  marketização durante o Governo Lula, de Eduardo Silveira de Menezes

e

Concessões de Rádio e TV , Informativo Intervozes 

 

Vou deixar um pedacinho aqui do trabalho do Eduardo Menezes, para vocês entenderem como a política, corrupção e emissoras de TV andam de mãos dadas. Como ele é um texto mais refinado, voltado para o mundo acadêmico, será de difícil entendimento, principalmente para os adolescente que não tem o hábito da leitura, contudo, peço que vocês pelo menos tentem compreender o que o autor transmite. Leia :

O lobby da Rede Globo pela auto-regulação: influência política e estratégias de marketização durante o Governo Lula, por Eduardo Menezes

A história da televisão brasileira está inserida dentro de um processo de acumulação e concentração do capital. Nos anos 70, a partir da aceleração industrial e  da internacionalização da concorrência, previa-se o avanço do serviço de telecomunicações no Brasil. Com a reestruturação do capitalismo, ocorre uma mudança na postura ideológica dos grupos financeiros internacionais. O pensamento liberal volta a ter força entre as empresas estrangeiras, fazendo com que os mecanismos de controle dos movimentos de capital, resultantes da dinâmica proposta pelo Estado do Bem-Estar (Welfare State), sejam gradativamente abandonados.
Com o afastamento do ente estatal da economia, abre-se o caminho para a diminuição de impostos, a privatização de instituições públicas e a desregulamentação da atividade econômica. É neste bojo, que se insere a discussão sobre o papel do Estado na regulamentação dos meios de comunicação. No Brasil, a falta de controle das práticas comerciais, no âmbito midiático, tem permitido o fortalecimento do mercado ao longo dos anos, contribuindo para a paralisia do Governo frente às exigências impostas pelos grupos hegemônicos.

Tais forças políticas atuam, em grande parte, através dos meios audiovisuais e movem-se no interstício dos laços ideológicos firmados com a Rede Globo, principal emissora de televisão do país. Na prática, isso ocorre a partir da intervenção de agentes políticos e econômicos, os quais atuam junto ao governo e se posicionam contrários a
criação de um novo marco legal para as comunicações, pois, em certa medida, estas práticas contrariam seus próprios interesses. A partir do forte lobby promovido pelas Organizações Globo, criam-se entraves às políticas de comunicação, prejudicando os avanços necessários à democratização do setor.

Em sentido contrário, movimentos sociais interessados em discutir a participação da sociedade na mídia e o papel do Estado na reconfiguração das políticas de comunicação, promovem fóruns regionais independente de obterem o apoio dos governos de turno, culminando na realização da 1º Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), em dezembro de 2009. Os personagens responsáveis por estimular este debate identificam-se com aquilo que Beaklini chama de agentes sociais, “que formam ou que tem potencial para formar forças sociais”.

Agindo no limite da estrutura de classes, eles tencionam o poder público a repensar as políticas de comunicação em curso no Brasil. Diferente dos agentes políticos e econômicos, que operam no ambiente político-normativo do governo, os agentes sociais incidem nos níveis político, político-social ou social procurando

articular, de forma coletiva, uma resposta das camadas populares ao poder estabelecido.

Neste sentido, o objetivo deste estudo é compreender de que forma a Rede Globo  influencia nas decisões governamentais, operando através de agentes identificados com os seus interesses comerciais e políticos. Toma-se como referência o atual momento vivenciado no país, marcado pelo período pós-Confecom e pré-eleitoral.

Assim, questiona-se a demora do Governo Lula em avançar nas questões  referentes à democratização da comunicação. Além disso, aponta-se a subserviência do Estado às demandas do mercado de mídia brasileiro como fator preponderante na manutenção de privilégios a políticos e empresários, contrariando as determinações legais e impedindo que outros segmentos da sociedade possam expressar-se livremente.

Alguns passos para a formação da incoerência política no Governo Lula

Após receber a licença para operar no Rio de Janeiro, em 1965, a Rede Globo entra oficialmente no mercado nacional de televisão. Durante as décadas de 60 e 70, a emissora prospera, expandindo-se para diversas capitais do país. A ocupação do território nacional se dá a partir daquilo que Santos e Capparelli, chamam de “coronealismo eletrônico”, ou seja, a falta de controle público da mídia propicia que exista no Brasil a propriedade cruzada dos meios de comunicação.

Esta prática possibilita que um mesmo grupo econômico mantenha-se dono de diferentes mídias, contribuindo para a concentração do setor. As concessões para emissoras de rádio, televisão, jornais e canais de  tevê por assinatura ficam sob o comando de poucos conglomerados de mídia, seguindo  o formato oligopólico da economia de mercado.

Com o processo de privatização das telecomunicações, durante o Governo de Fernando Henrique Cardoso (FHC), nota-se que a relação entre a mídia e a política partidária torna-se ainda mais intensa, chegando ao ponto de influenciar diretamente as decisões que foram tomadas naquela época. Em 1995,  com a aprovação da emenda constitucional nº 8, o capital privado passa a explorar livremente os serviços públicos de telecomunicações no país, reduzindo cada vez mais o papel do Estado na economia.

Tais mudanças antecedem outra emenda à Constituição, que acabou gerando muita polêmica. Esta, por sua vez, partiu de uma denúncia feita pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Em 1998, a entidade acusa o Governo FHC de corrupção. A denúncia toma como base a proposta de emenda constitucional n° 16, de 4 de junho de 1997,que passou a permitir a reeleição para presidente  no Brasil. Sobre este assunto é interessante observar o que dizem Guareschi e Biz:

Sabemos dos escândalos acontecidos com relação a esse episódio, inclusive com compra de votos de parlamentares. Além da compra de votos, outra moeda foi utilizada: as Retransmissoras de Televisão (RTVs), através do decreto 1.720, por portaria direta do Governo, sem passar pelo Congresso. O critério de distribuição das quase 2000 outorgas de estações retransmissoras de TV, até 1997, privilegiou os amigos do presidente candidato à reeleição da seguinte forma: 268 foram entregues à políticos; 342 ao grupo SBT; 319 à Rede Globo; 310 à Rede Vida, ligada à Igreja Católica; 252 à Bandeirantes; 151 à Rede Record, da Igreja Universal do Reino de Deus; e, por último, 125 às TVs Educativas.

Com o final da era FHC, boa parte da sociedade brasileira acreditava estar entrando em um novo momento da política nacional, sobretudo na área do desenvolvimento social e da participação popular. No entanto, a tão sonhada democratização dos meios de comunicação, uma das bandeiras de Luiz Inácio Lula da Silva, em 1989, quando se candidatava à presidência da República pela primeira vez, acaba sendo negociada através da política de alianças estabelecida com partidos, até então, considerados de oposição. Como é o caso do PMDB, que em grande parte apoiou a reeleição de Fernando Henrique, em 1998.

De fato, naquela época, o dirigente sindical, histórico militante do ABC paulista, posicionava-se contrário ao papel desempenhado pelos meios de comunicação no Brasil e, em especial, a atitude da Rede Globo, que havia se colocado claramente contrária a sua candidatura durante a disputa eleitoral de 1989, o que também acontece em 1994 e 1998. Apenas em 2002, Lula consegue chegar à presidência e, mesmo assim, só obtém êxito devido à sua mudança radical de postura. A insubordinação do governo aos interesses de grupos comerciais ligados a comunicação no país, pode ser percebida, em grande parte, através do desempenho dos agentes políticos e econômicos que atuaram, ou, ainda atuam, no Ministério das Comunicações, durante os dois mandatos do Partido dos Trabalhadores (PT).

Este quadro não é novo e complexifica-se na medida  em que as instituições governamentais mantêm a mesma postura há anos, aniquilando a participação social das discussões sobre o controle dos meios de comunicação. Sob este ponto de vista, percebe-se que para compreender de que forma o poder político encontra-se imbricado às demandas das grandes redes de rádio e tevê, é preciso tomar como perspectiva teórica e metodológica a economia política da comunicação.  Segundo Cabral, este terreno científico ajuda a situar o atual momento da mídia  brasileira, abrangendo diversos setores da sociedade. O autor defende ainda que a compreensão dos fenômenos políticos a partir da totalidade das relações sociais permite afirmar a comunicação como um direito humano.

Resgatando alguns episódios recentes, é possível perceber como o campo midiático acaba sendo atingido pela incoerência política e ideológica demonstrada pelo Governo Federal. Cabe ressaltar, que a candidatura  de Lula foi amplamente apoiada pelos movimentos sociais, onde se inserem também os midialivristas, muitos dos quais, foram sistematicamente afastados das decisões do governo. Esta análise pode ser evidenciada pela atuação do Ministério das Comunicações, que ao longo dos dois mandatos do ex-líder sindical, tem sido representado por políticos identificados com o pensamento liberal e, portanto, descomprometidos em mudar os rumos da comunicação no país.

O espectro político da Rede Globo durante os primeiros anos de Governo

Miro Teixeira (PDT) foi o titular do Ministério das Comunicações, durante todo o ano de 2003, entre os principais acontecimentos de sua gestão, ressalta-se a total ineficiência em rever os procedimentos referentes às permissões de outorgas para o serviço de radiodifusão comunitária. Por esta postura, Teixeira foi alvo de um manifesto assinado pelo Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) e outras cinco entidades,  as quais questionavam a posição do ministro, ao engavetar a resolução dos problemas para o setor.

Também pudera, Teixeira exerceu o mandado de deputado pela primeira vez durante o regime militar, em 1970. O ex-ministro das Comunicações é considerado o principal herdeiro político de Chagas Freitas, histórico militante da União Democrática Nacional (UDN), com participação ativa no movimento que depôs o então presidente da República, João Goulart, no ano de 1964.

Na década de 60, Miro Teixeira trabalhou como repórter do periódico de maior circulação no Rio de Janeiro, o jornal O Dia, cujo  proprietário, Chagas Freitas, mantinha uma relação de muita amizade com o dono da Globo,  Roberto Marinho.

A ligação entre os dois era tão forte que Marinho recusou-se a comprar O Dia durante o período em que Freitas esteve no comando da empresa. Assim, o periódico só foi adquirido anos depois por Ary Carvalho, a orientação da compra partiu do líder das Organizações Globo e tinha o objetivo estratégico de evitar que o jornal pudesse ser apropriado por jornalistas identificados com o pensamento de esquerda.

Em 2009, o deputado federal Miro Teixeira (PDT) foi festejado por boa parte dos jornalistas brasileiros, após propor na Câmara  dos Deputados o projeto de lei 5592/2009, o qual supostamente pretendia restabelecer a exigência de diploma de jornalista nas empresas brasileiras de comunicação. O fim da exigência do diploma era uma antiga reivindicação dos maiores conglomerados de comunicação do país, mas, ao contrário do que poderia pressupor-se, a atitude de Teixeira não visava contrariar os interesses da chamada “grande mídia”. O projeto de lei apresentado pelo deputado, não contempla professores de comunicação e assessores de imprensa, sendo direcionado apenas para os interesses inequívocos do mercado.

Com a saída de Teixeira das Comunicações, em 2004,  a pasta ficou sob responsabilidade de Eunício Oliveira (PMDB), que está sendo acusado de envolvimento no mensalão dos Democratas (DEM). A suspeita surgiu através de uma notícia publicada pela Folha de São Paulo.

Segundo o relatório da Polícia Federal (PF), o nome do deputado aparece no inquérito da Operação Caixa de Pandora, a mesma ação policial que levou para a cadeia o governador do Distrito Federal (DF), José Arruda. O esquema de corrupção envolve o Governo do DF, empresários e deputados distritais. A suspeita é de que uma empresa de Eunício Oliveira tenha se beneficiado da transação financeira responsável por distribuir propinas em Brasília, desviando dinheiro público.

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Escolha um lado
Você sabe que daqui para frente a tendência é piorar. Proibir, restringir, censurar: projetos de lei escabrosos vem por aí para atingir a Internet e os Games em cheio. De que lado você vai ficar? Transmita a idéia, passe adiante. Quando chegar o hora de lutar pelo o que é nosso, estaremos tão preparado quanto eles.