Somos todos anti-heróis?

17/03/2015

Às vezes, perguntamo-nos por quais razões, aparentemente, algumas pessoas são mais propensas a cometer atos de crueldade do que outras. Seria algo relacionado com a genética, com o ambiente no qual a pessoa vive ou, como pensariam os mais religiosos, seria obra de alguma entidade do mal?

À procura de respostas para estas complexas perguntas, o investigador Delroy Paulhus, da Universidade de British Columbia, no Canadá, decidiu ir a fundo nos mistérios das “dark personalities” (personalidades obscuras) que vivem entre nós e até mesmo dentro de nós.

Somos todos anti-heróis?

Paulhus não concentrou os seus estudos apenas em psicopatas e assassinos, mas também em quem pratica bullying em escolas, os trolls (na Internet) e também em pessoas de cargos de comando, como políticos e policias.

Tríade obscura

De acordo com o investigador, existe uma tríade obscura, que nem sempre opera conjuntamente nas pessoas. São traços de carácter que nos influenciam em diferentes graus de crueldade. As características seriam a vaidade – pessoas incrivelmente vaidosas e egoístas que atacam tudo e todos para proteger a sua auto-estima -, o maquiavelismo (manipuladores frios) e a psicopatia (os que são insensíveis e imunes aos sentimentos dos outros).

Somos todos anti-heróis?

Paulhus acredita que tanto o narcisismo como a psicopatia podem ter causas genéticas. Contudo, o maquiavelismo, de acordo com ele, é algo que, provavelmente, se aprende com a convivência com outros seres humanos em sociedade.

Sex appeal dos anti-heróis

O cientista ressalta ainda que na nossa cultura existe um “sex appeal” em relação aos chamados anti-heróis da cultura popular, como James Bond, Batman ou Magneto. Além disso, haveria também uma conexão entre os “malvados” serem pessoas “da noite”, ou seja, do tipo que dorme tarde e tem dificuldades em acordar cedo. Eles também correm mais riscos e são mais manipuladores além de narcisistas.

Somos todos anti-heróis?

Nas suas pesquisas, no entanto, o investigador ainda encontrou um sub-tipo do traço de carácter “da maldade”, que é o “sadismo do dia a dia”. São pessoas que gostam de provocar dor nos outros e sentem prazer com isso. No caso, o investigador considera que esse tipo de comportamento está diretamente relacionado com a ação dos trolls, aqueles usuários da Internet que adoram provocar os outros com comentários polêmicos e fazem de tudo para vencer uma discussão, ao causar raiva nos demais.

Polícia e agências militares

Este “levantamento da maldade” realizado por Paulhus está a atrair a atenção da polícia e das agências militares, que desejam investigar pessoas que abusam da sua posição de poder por simples prazer. No entanto, sabe-se que quem ocupa o cargo de primeiro-ministro terá que ser duro e também irá ferir os egos de muitas pessoas ao seu redor para impor as suas causas.

Somos todos anti-heróis?

Neste caso, as personalidades obscuras também podem ser usadas para fins considerados justos, pois algumas de suas características dão a confiança necessária para que os objetivos sejam alcançados. Afinal, como diz o investigador, não adianta ser bonzinho e ficar em casa, pois nada vai acontecer. Talvez todos nós tenhamos um pouco da personalidade obscura no nosso carácter. Será que você tem algo dentro de ti?