Revelada a verdadeira identidade de Jack, o Estripador

19/09/2014

Muitos foram os suspeitos, mas apenas um era o culpado, e demorou mais de 100 anos para descobrir a verdadeira identidade do assassino de Whitechapel, o serial killer responsável por, ao menos, cinco assassinatos em Londres em 1888.

Um xale achado em torno do corpo de Catherine Eddowes, uma das vítimas do criminoso, continha o DNA dela e do assassino e ajudou na retomada das investigações do caso por interesse de um “detetive de poltrona”.

Revelada a verdadeira identidade de Jack, o Estripador (1)

A descoberta foi possível depois que o empresário Russel Edwards, 48, comprou o xale em um leilão e o colocou à disposição de Jari Louhelainen, um renomado especialista em análise de evidências genéticas de crimes antigos que atua na Interpol. Por meio de análises, Louhelainen — que em seus momentos de folga do trabalho como professor de Biologia na Universidade John Moores, de Liverpool– conseguiu confirmar a compatibilidade do DNA da vítima e do criminoso, segundo o diário britâncio “Daily Mail”.

Investigação

O especialista fez análises fotográficas para estabelecer onde as manchas estavam no xale. Com uma câmera de infravermelho, Louhelainen conseguiu confirmar que as marcas escuras não eram apenas sangue, mas respingos de sangue arterial advindos de cortes, justamente a causa da morte de Catherine.

Outra descoberta em função do xale deixou a tão aguardada resposta ainda mais próxima. Com uma fotografia UV, um conjunto de manchas fluorescentes apareceu. Segundo o especialista, elas teriam características de esperma. “Eu nunca esperei encontrar evidências do próprio estripador, o que foi emocionante”, contou Edwards, o dono da peça. Na investigação, também foram encontradas evidências de partes de células de corpo humano no tecido. No ataque, um dos rins de Catherine foi removido pelo assassino.

Para retirar as evidências e poder analisá-las, o especialista usou um método chamado “aspiração”, que utiliza uma pipeta com um líquido especial de tamponamento, o qual remove o material genético do tecido sem danificá-lo.

Com a possibilidade de se realizar o exame, a tarefa do empresário Edwards passou a ser descobrir um descendente direto de Catherine. “Por sorte, uma mulher chamada Karen Miller –três vezes tataraneta da vítima– havia aparecido em um documentário sobre o estripador e concordou em oferecer uma amostra de seu DNA”, relembra. “Quando Louhelainen testou o DNA, ele formou um par perfeito com o de Karen”, que se animou com a descoberta, confirmando a autenticidade do xale. “Nada mais havia sido conectado cientificamente à cena de nenhum dos crimes”, pontua Edwards.

Identidade de Jack

Para investigar o esperma encontrado no tecido, o especialista pediu o auxílio de David Miler, outro renomado cientista forense. Juntos, eles conseguiram identificar células do criminoso no xale. Elas eram do epitélio, um tipo de tecido que reveste órgãos. A amostra teria vindo da uretra, durante a ejaculação.

O mesmo trabalho de investigação precisou ser feito na busca por um parente de Jack, o Estripador. Até hoje, acredita-se que ele tenha sido Aaron Kosminski, um cabelereiro polonês, que tinha 23 anos na época. No início da década de 1880, ele e sua família se mudaram para Londres fugindo de um massacre russo em seu país natal. Kosminski tinha problemas mentais e, provavelmente, era um misógino, homem que odeia as mulheres. Após ser preso como um dos suspeitos –nunca houve prova suficiente para incriminá-lo–, ele passou o resto da vida internado em hospícios.

Revelada a verdadeira identidade de Jack, o Estripador (2)

Edwards identificou uma descendente de uma irmã de Kosminski, Matilda. Ela aceitou dar uma amostra de seu DNA para a investigação. Segundo as análises de Louhelainen e Miler, o esperma encontrado no xale era, sim, de Kosminski, com o exame apontando 100% de certeza. “Agora que acabou, estou animado e orgulhos pelo que conseguimos, e satisfeito que tenhamos estabelecido, o máximo que pudemos, que Aaron Kosminski é o culpado”, conta Louhelainen.

Edwards, por sua vez, se diz satisfeito por ter conseguido respostas sete anos após a compra do xale. Com a certeza de quem era o estripador, o empresário já buscou informações de sua biografia. “Ele era uma criatura patética, um lunático que alcançou a satisfação sexual cortando mulheres da forma mais brutal. Ele morreu no hospício de Leavesden, de gangrena, aos 53 anos, pesando apenas 44 quilos”.

“Detetive de poltrona”

Até ver um filme que conta a história de Jack –“Do Inferno”, estrelado por Johnny Depp, de 2001–, o empresário se considerava mais um dos “detetives de poltrona” do caso. “Eu me juntei ao exército daqueles fascinados pelo mistério e pesquisar sobre o estripador virou um passatempo”. Depois de visitar museus e procurar todas as evidências ainda existentes sobre o crime, Edwards estava certo de que “havia algo em algum lugar que estava faltando”.

Em 2007, quando sentia que havia esgotado todas as possibilidades, ele viu em um jornal o anúncio da venda do xale ligado ao caso de Jack. Incrivelmente, a peça foi guardada por 126 anos sem nunca ter sido lavada.

O xale foi adquirido por Edwards em março daquele ano. Quando comprou a peça, não havia a certeza de que ela pertencia a Catherine. O antigo proprietário do xale, David Melville-Hayes, acreditava que o item estava com sua família desde o crime. Seu ancestral, o sargento Amos Simpson, perguntou a seus superiores se poderia levar o xale para casa e dá-lo à sua esposa, uma costureira.

O empresário queria, então, certificar-se de que a peça era original. “Eu, certamente, não tinha ideia de que esse frágil, incompleto e extremamente manchado xale levaria à solução do mais famoso mistério de assassinatos de todos os tempos: a identificação de Jack, o estripador”, escreveu Edwards ao “Daily Mail”. “Não há dúvida de que uma enorme quantidades de livros e filmes surgirão para especular a personalidade e a motivação de Kosminski. Eu não tenho vontade de fazer isso. Eu quis proporcionar respostas verdadeiras usando evidência científica, e estou impressionado de que, 126 anos depois, eu resolvi o mistério”.

Fonte UOL