O Brasil passa por um momento bastante turbulento em sua história. Está em curso a maior operação de investigação de corrupção e lavagem de dinheiro da história desse país. Estima-se que o volume de recursos desviados dos cofres da Petrobras, maior estatal do país, esteja na casa de bilhões de reais. Soma-se a isso a expressão econômica e política dos suspeitos de participar do esquema de corrupção que envolve a companhia.
O nome do caso, “Lava Jato”, decorre do uso de uma rede de postos de combustíveis e lava a jato de automóveis para movimentar recursos ilícitos pertencentes a uma das organizações criminosas inicialmente investigadas. Embora a investigação tenha avançado para outras organizações criminosas, o nome inicial se consagrou.
Nesse esquema, que dura pelo menos dez anos, grandes empreiteiras organizadas em cartel pagavam propina para altos executivos da estatal e outros agentes públicos. O valor da propina variava de 1% a 5% do montante total de contratos bilionários superfaturados. Esse suborno era distribuído por meio de operadores financeiros do esquema, incluindo doleiros investigados na primeira etapa.
Linha do tempo
Para entender melhor o que tem acontecido com o Brasil nesses últimos anos, preparamos essa linha do tempo com as fases da Operação Lava Jato. Confira:
1ª fase
17/03/2014 – Operação é deflagrada pela Polícia Federal. 17 são presos, incluindo Alberto Youssef, doleiro suspeito de comandar o esquema. São apreendidos carros de luxo, entre eles um Camaro, além de relógios e joias
2ª fase
20/03/2014 – Paulo Roberto Costa, que foi diretor de abastecimento da Petrobras de 2004 a 2012, é preso sob suspeita de destruir e ocultar documentos do suposto esquema de corrupção na estatal
05/04/2014 – A revista ‘Veja’ diz que o deputado André Vargas (PT-PR) atuou junto com Youssef para a assinatura de um contrato entre o laboratório Labogen, do qual o doleiro é investidor, e o Ministério da Saúde
09/04/2014 – André Vargas renuncia ao cargo de vice-presidente da Câmara; a decisão se deu após a abertura de um processo de cassação de mandato por suposta quebra de decoro parlamentar por causa de suas relações com Youssef.
3ª fase
11/04/2014 – Policiais federais vão à sede da Petrobras, no Rio, para recolher documentos
23/04/2014 – Após receber relatórios das investigações da Lava Jato, a Justiça aceita a denúncia contra Alberto Youssef e seis investigados na operação
25/04/2014 – André Vargas se desfilia do PT nove dias depois de renunciar à vice-presidência da Câmara. No mesmo dia, a Justiça aceita a denúncia contra Paulo Roberto Costa
05/05/2014 – A investigação aponta a ligação de Youssef com outro deputado federal, Luiz Argôlo (SD-BA). O doleiro é suspeito de bancar de um a dois caminhões lotados de bezerros ao deputado. O PPS pede que a Câmara investigue a denúncia
14/05/2014 – É instalada a CPI da Petrobras no Senado, presidida pelo senador Vital do Rêgo (PMDB-PB)
19/05/2014 – Paulo Roberto Costa é solto após decisão do STF
28/05/2014 – Instalada a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), também presidida por Vital do Rêgo, para investigar as denúncias contra a Petrobras
4ª fase
11/06/2014 – Paulo Roberto Costa volta a ser preso pela Polícia Federal. A prisão foi decretada por conta do risco de fuga e por supostas contas que o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras mantém na Suíça, com depósitos de US$ 23 milhões
5ª fase
01/07/2014 – A PF prende João Procópio Junqueira Pacheco de Almeida, suposto administrador de contas de Alberto Youssef
03/07/2014 – O juiz Sérgio Moro envia ao STF indícios de suposta relação de Youssef com o senador Fernando Collor (PTB-AL)
6ª fase
22/08/2014 – A PF faz uma busca de documentos no Rio, em empresas ligadas a Paulo Roberto Costa
24/09/2014 – A Justiça homologa o primeiro acordo de delação premiada da Lava Jato, com Luccas Pace Júnior, operador de câmbio da doleira Nelma Kodama
06/09/2014 – Segundo a ‘Veja’, após fechar acordo de delação premiada, Paulo Roberto Costa revelou que três governadores, seis senadores, um ministro e pelo menos 25 deputados federais foram beneficiados com pagamentos de propina. O ex-diretor também citou envolvimento da Transpetro, empresa responsável pelo processamento de gás natural e transporte de combustíveis
24/09/2014 – O Ministério Público Federal e Alberto Youssef assinam acordo de delação premiada
01/10/2014 – Por conta do acordo de delação, Paulo Roberto Costa é solto e passa a cumprir prisão domiciliar
08/10/2014 – Meire Poza, ex-contadora de Youssef, diz que ele negociou R$ 25 milhões com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e que o doleiro também tinha negócios com o ex-ministro das Cidades, Mário Negromonte
09/10/2014 – Paulo Roberto Costa diz que parte da propina do esquema de corrupção ia para o PT, o PMDB e o PP e foi usada na campanha eleitoral de 2010
22/10/2014 – O réu Leonardo Meirelles, diretor-presidente do laboratório Labogen, afirma que Youssef fez negócios com Sérgio Guerra, ex-presidente nacional do PSDB
03/11/2014 – Sergio Machado, presidente da Transpetro, pede afastamento do cargo
7ª fase
14/11/2014 – PF cumpre mandados de prisão, busca e apreensão em PE, PR, DF, RJ, SP e MG, em empresas como Camargo Corrêa, OAS, Queiroz Galvão e Odebrecht. A suspeita é que havia um grupo de empreiteiras que formava um cartel de desvio de recursos públicos. Entre os detidos está Renato Duque
15/11/2014 – Augusto Mendonça Neto, da Toyo Setal, revela ter pagado até R$ 60 milhões em propina ao ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque
16/11/2014 – Delatores dizem ter pagado R$ 154 milhões de propina a operadores do PT e do PMDB
18/11/2014 – O lobista Fernando Soares, conhecido como ‘Fernando Baiano’, se entrega na sede da PF em Curitiba. Ele é apontado como operador do PMDB no esquema de corrupção na Petrobras
02/12/2014 – Ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, manda soltar o ex-diretor da Petrobras Renato Duque
08/12/2014 – Segundo a ‘Época’, documentos revelam que a Camargo Corrêa pagou R$ 886 mil a uma empresa do ex-ministro José Dirceu
12/12/2014 – Segundo o ‘Valor Econômico’, a ex-gerente da diretoria de Abastecimento da Petrobras Venina Velosa da Fonseca já havia alertado a diretoria da estatal sobre irregularidades em contratos
18/12/2014 – A CPI mista da Petrobras aprova o relatório final elaborado pelo deputado Marco Maia (PT-SR) e recomenda ao MPF o indiciamento de 52 pessoas. Os políticos são poupados
07/01/2015 – Segundo a ‘Folha de S.Paulo’, o policial federal Jayme Alves de Oliveira Filho, conhecido como ‘Careca’, aponta o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) como beneficiário do esquema de corrupção na Petrobras
8ª fase
14/01/2015 – Ex-diretor da área internacional da Petrobras, Nestor Cerveró é preso pela Polícia Federal sob a acusação de corrupção e lavagem de dinheiro
28/01/2015 – A presidente da Petrobras, Graça Foster, anuncia que o cálculo apresentado durante a reunião do Conselho de Administração da Petrobras aponta perda de R$ 88,6 bilhões por conta da corrupção ligada à Lava Jato
04/02/2015 – Graça Foster e mais cinco diretores renunciam a cargos na Petrobras
9ª fase – Operação “My Way”
05/02/2015 – Deflagrada a nona fase da operação da PF em quatro estados. São alvos 26 empresas, sendo que a maioria servia de fachada para a Petrobras, e 11 operadores do esquema próximos a Renato Duque, como João Vaccari Neto, tesoureiro do PT
05/02/2015 – Em depoimento, o ex-gerente de Serviços da Petrobras Pedro Barusco estima que o PT recebeu de propina em contratos da estatal uma quantia entre US$ 150 milhões e US$ 200 milhões
26/02/2015 – Tem início uma nova CPI para investigar a Petrobras. O presidente da comissão é o deputado Hugo Motta (PMDB-PB)
03/03/2015 – O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, envia ao STF uma lista com políticos a serem investigados na Lava Jato
06/03/2015 – O ministro Teori Zavascki, do STF, autoriza a investigação de 47 políticos na Lava Jato. Ele também retirou o sigilo da lista dos investigados entregue por Janot
10ª fase – Operação “Que país é esse?”
16/03/2015 – São presos o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, o empresário paulista Adir Assad e Lucélio Góes, filho de Mário Góes, apontado pela Polícia Federal como um dos operadores do esquema de pagamento de propina envolvendo a empresa catarinense Arxo
27/03/2015 – A PF prende Dario Queiroz Galvão Filho, sócio da Galvão Engenharia, e Guilherme Esteves de Jesus, apontado pela investigação como operador do esquema
11ª fase – Operação “A Origem”
10/04/2015 – O ex-deputado André Vargas é preso. Ele é investigado por ter usado um avião alugado por Youssef e é suspeito de ter cometido tráfico de influência no Ministério da Saúde a favor de uma empresa do doleiro. Outras pessoas, como o o ex-deputado federal Luiz Argôlo (SD-BA), também foram detidas
12ª fase
15/04/2015 – O tesoureiro do PT João Vaccari Neto é preso sob a suspeita de receber dinheiro de propina de contratos da Petrobras
18/04/2015 – O vice-presidente da Camargo Corrêa, Eduardo Hermelino Leite, admite que a empresa pagou R$ 110 milhões em propinas para abastecer o esquema de corrupção na estatal
22/04/2015 – A Justiça condena os primeiros réus da Operação Lava Jato. São oito condenados, entre eles estão Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef
09/05/2015 – Segundo a ‘Folha de S.Paulo’, o empresário Ricardo Pessoa, da UTC, afirma que doou R$ 7,5 milhões à campanha de reeleição de Dilma Rousseff por medo de retaliação
13ª fase
21/05/2015 – O empresário Milton Pascowitch, apontado como um dos operadores do esquema de propina na Petrobras, é preso. De acordo com o MPF, a empresa JD Consultoria, de propriedade do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, recebeu mais de R$ 1,4 milhão em pagamentos da Jamp Engenheiros Associados LTDA., que pertence a Pascowitch.
26/05/2015 – O ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró é condenado a cinco anos de prisão pelo crime de lavagem de dinheiro
14ª fase – Operação “Erga Omnes”
19/06/2015 – A PF prende os presidentes das empresas Odebrecht e Andrade Gutierrez, Marcelo Odebrecht e Otávio Marques de Azevedo, respectivamente, e outros executivos das empreiteiras. Segundo as investigações, as empresas agiam de forma sofisticada no esquema de corrupção e fraudes de licitações da Petrobras, o que envolvia pagamento de propina a diretores da estatal via contas bancárias no exterior
15ª fase – Operação “Conexão Mônaco”
02/07/2015 – É preso o ex-diretor da área internacional da Petrobras Jorge Zelada. Ele foi citado por delatores como um dos beneficiários do esquema de corrupção. Autoridades do Principado de Mônaco bloquearam 10 milhões de euros de Zelada
14/07/2015 – Na Operação Politeia, um desdobramento da Lava Jato, a PF cumpre mandados de busca e apreensão na casa de seis políticos: Fernando Collor (PTB-AL), Ciro Nogueira (PP-PI), Eduardo da Fonte (PP-PE), Mário Negromonte (PP-BA), Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE) e João Pizzolati (PP). Da casa de Collor, os agentes levaram três carros de luxo: uma Ferrari, um Porsche e uma Lamborghini
16/07/2015 – O ex-consultor da Toyo Setal Júlio Camargo afirma que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), pediu propina de US$ 5 milhões para que um contrato de navios-sonda da Petrobras fosse viabilizado
19/07/2015 – Nove pessoas são indiciadas pela PF no inquérito da 14ª fase da Lava Jato relacionado à construtora Andrade Gutierrez. Entre elas, está o presidente da empreiteira, Otávio Marques de Azevedo
20/07/2015 – Três executivos da Camargo Corrêa são condenados por lavagem de dinheiro, corrupção e organização criminosa. São eles: Dalton Avancini, Eduardo Leite e João Ricardo Auler. É a primeira sentença contra dirigentes de empreiteiras na Lava Jato. No mesmo dia, a PF indicia o presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, e outras sete pessoas envolvidas com a empreiteira.
24/07/2015 – Investigação aponta que empresas do Grupo Odebrecht utilizaram contas bancárias na Suíça para pagar propina a ex-diretores da Petrobras. Pagamentos foram feitos a Paulo Roberto Costa, Renato Duque, Pedro Barusco, Jorge Zelada e Nestor Cerveró, de acordo com autoridades suíças
27/07/2015 – Documento apreendido na Odebrecht aponta que funcionários do alto escalão da Petrobras recebiam presentes do ex-diretor da empresa Rogério Araújo. Entre os ‘brindes’ estavam pinturas de artistas renomados, como Alfredo Volpi
16ª fase – Operação “Radioatividade”
28/07/2015 – A PF prende o diretor-presidente da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro da Silva. Ele já havia sido afastado do cargo em abril, quando surgiram denúncias de pagamento de propina a dirigentes da empresa, que é uma subsidiária da Eletrobras. Um executivo da Andrade Gutierrez, Flávio David Barra, também é detido
30/07/2015 – A Operação Lava Jato completa 500 dias com a recuperação de R$ 870 milhões
30/07/2015 – Em entrevista ao Jornal Nacional, a advogada Beatriz Catta Preta afirma que decidiu deixar os casos dos clientes que defendia na Lava Jato porque se sentia ameaçada por integrantes da CPI da Petrobras
17ª fase- Operação “Pixulexo”
03/08/2015 – O ex-ministro José Dirceu, seu irmão e outras seis pessoas são presas. O ex-ministro é suspeito de praticar crimes como corrupção, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Ele é suspeito de receber dinheiro de propina de contratos da Petrobras através da sua empresa JD Consultoria
04/08/2015 – Milton Pascowitch declara que uma propina de R$ 532,8 mil paga para o PT teve origem nas obras da Usina de Belo Monte. O valor, afirma, saiu da empreiteira Engevix e foi repassado por ele ao ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto em 2011
05/08/2015 – Investigação aponta que o senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL) recebeu, entre 2010 e 2014, R$ 26 milhões como pagamento de propina por contratos firmados pela BR Distribuidora
18ª fase – Operação “Pixuleco 2”
13/08/2015 – O ex-vereador petista Alexandre Oliveira Correa Romano é preso. Ele é apontado pela PF como um operador do esquema, que investiga o desvio de até R$ 52 milhões em contratos no Ministério do Planejamento
17/08/2015 – A Justiça condena o ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró, o lobista Fernando Baiano e Júlio Camargo, ex-consultor da Toyo Setal, por corrupção e lavagem de dinheiro
20/08/2015 – O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresenta denúncia contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), por suposto envolvimento no esquema de corrupção na Petrobras. O senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL) também é denunciado
04/09/2015 – O ex-ministro José Dirceu e outras 16 pessoas são denunciados por crimes como organização criminosa, corrupção e lavagem de dinheiro. Janot apresenta ao STF denúncia contra o deputado federal Arthur Lira (PP-AL) e contra o pai dele, o senador Benedito de Lira (PP-AL)
11/09/2015 – A Polícia Federal pede autorização ao Supremo Tribunal Federal para tomar depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, suspeito de ter se beneficiado de esquema de corrupção
15/09/2015 – O ex-ministro José Dirceu, o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto e outras 13 pessoas viram réus por corrupção e outros crimes
19ª fase – Operação “Nessum Dorma”
21/09/2015 – A PF deflagra a 19ª fase da operação. Um dos presos é José Antunes Sobrinho, um dos donos da Engevix. Além disso, a Justiça condena o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, o ex-diretor da Petrobras Renato Duque e outras oito pessoas por crimes como corrupção e lavagem de dinheiro
22/09/2015 – A Justiça condena o ex-deputado federal André Vargas, seu irmão Leon Vargas e o publicitário Ricardo Hoffmann. Com a sentença, André Vargas, que foi vice-presidente da Câmara, é o primeiro político a ser condenado em um processo da Lava Jato
16/10/2015 – Cópias do passaporte, da assinatura e de dados pessoais do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), comprovam a existência de contas bancárias secretas do deputado, da mulher e da filha dele na Suíça, segundo investigadores do caso
29/10/2015 – O ex-deputado Pedro Corrêa é condenado pela Justiça Federal do Paraná pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro a 20 anos e 7 meses de prisão
20ª fase – Operação “Corrosão”
16/11/2015 – A PF deflagra a 20ª fase da operação com o objetivo de buscar provas de crimes cometidos dentro da Petrobras. Roberto Gonçalves, ex-gerente executivo da petrolífera, e Nelson Martins Ribeiro, apontado como operador financeiro, tiveram a prisão temporária decretada por suspeita de participação no esquema criminoso de fraude, corrupção e desvio de dinheiro
16/11/2015 – A Justiça Federal no Paraná condena o ex-deputado federal Luiz Argôlo por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Ele é o terceiro político a ser condenado, após André Vargas e Pedro Corrêa
21ª FASE – OPERAÇÃO ‘PASSE LIVRE’
24/11/2015 – A PF prende o pecuarista José Carlos Bumlai na 21ª fase da Operação Lava Jato. O lobista e delator Fernando Baiano afirmou em depoimento que repassou R$ 2 milhões a Bumlai referente a uma comissão a que o pecuarista teria direito por supostamente pedir a intermediação de Lula em uma negociação para um contrato. O dinheiro seria usado para pagar uma dívida imobiliária de uma nora de Lula
25/11/2015 – O senador Delcídio do Amaral (PT), líder do governo no Senado, é preso pela PF por tentar atrapalhar as apurações da Lava Jato. Também são presos o banqueiro André Esteves, do banco BTG Pactual, o chefe de gabiente de Delcídio, Diogo Ferreira, e o advogado Édson Ribeiro, que defendeu Nestor Cerveró
OPERAÇÃO ‘CATILINÁRIAS’
15/12/2015 – A Polícia Federal cumpre mandados na casa do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Também são alvos da operação os senadores Edison Lobão (PMDB-MA), ex-ministro de Minas e Energia, e Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE), e outros políticos. Batizada de Catilinárias, o nome da operação remete a discursos célebres do cônsul romano Cícero contra o senador Catilina, que planejava tomar o poder e derrubar o governo republicano
18/01/2016 – O Ministério Público denuncia o ex-diretor da Petrobras Renato Duque pelos crimes de evasão de divisas e lavagem de dinheiro. Esta é a oitava vez que Duque, que está preso no Paraná, é denunciado por conta de crimes relacionados ao esquema de corrupção investigado pela Lava Jato
27/01/2016 – A PF deflagra a 22ª fase da Lava Jato em SP e em SC. A operação tem como objetivo investigar suspeitos de abrir empresas offshores e contas no exterior para ocultar e disfarçar o crime de corrupção com o pagamento de propinas
19/02/2016 – O senador Delcídio do Amaral (PT) deixa a prisão após 87 dias. O ministro Teori Zavascki, do STF revogou a prisão preventiva e determinou o recolhimento domiciliar no período noturno e dias de folga, enquanto no pleno exercício do mandato de senador. Caso seja afastado ou cassado do mandato, Delcídio deverá ficar em recolhimento domiciliar integral até nova demonstração de ocupação lícita
23ª FASE – OPERAÇÃO ‘ACARAJÉ’
22/02/2016 – A Polícia Federal realiza a 23ª fase da Lava Jato. A operação tem como alvo o publicitário baiano João Santana, marqueteiro das campanhas da presidente Dilma Rousseff e da campanha da reeleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006. Investigadores suspeitam que o publicitário foi pago, por serviços prestados ao PT, com propina oriunda de contratos da Petrobras. Foi decretada a prisão temporária dele e da mulher, que se encontram na República Dominicana
03/03/2016 – O senador Delcídio do Amaral (PT-MS) firma acordo de delação premiada em que diz que Lula e Dilma agiram para barrar a Lava Jato
24ª FASE – OPERAÇÃO ‘ALETHEIA’
04/03/2016 – A Polícia Federal deflagra a 24ª fase da operação. As autoridades investigam a relação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seus familiares com empreiteiras envolvidas no esquema de corrupção da Petrobras. Lula é alvo de um mandado de condução coercitiva para prestar esclarecimentos. Houve confusão entre manifestantes pró e contra o ex-presidente em Congonhas, para onde ele foi levado, e na frente de sua casa em São Bernardo do Campo. Para o Instituto Lula, a ação é ‘arbitrária, ilegal e injustificável’
08/03/2016 – A Justiça Federal condena o empresário Marcelo Odebrecht por corrupção ativa, lavagem de dinheiro e associação criminosa. Além dele, também são condenados os executivos Márcio Faria da Silva, Rogério Santos de Araújo, Cesar Ramos Rocha e Alexandrino de Salles Ramos de Alencar, os ex-diretores da Petrobras Renato Duque, Pedro José Barusco Filho e Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef
25ª FASE – OPERAÇÃO ‘POLIMENTO’
21/03/2016 – O operador financeiro Raul Schmidt Felippe Junior, que estava foragido desde julho de 2015, é preso preventivamente em Lisboa na primeira operação internacional feita pela Lava Jato. Schimidt é alvo da 10ª fase da operação e é suspeito de envolvimento em pagamentos de propinas da Petrobras a Jorge Zelada, Renato de Souza Duque e Nestor Cerveró, que também foram presos pela Lava Jato e estão detidos no Paraná
26ª FASE – OPERAÇÃO ‘XEPA’
22/03/2016 – A PF deflagra a 26ª fase da Lava Jato para investigar um suposto setor organizado dentro da Odebrecht para fazer o pagamento de propinas a servidores públicos. São cumpridos mandados em SP, RJ, SC, RS, BA, PI, MG, PE e DF
23/03/2016 – A Polícia Federal indicia o marqueteiro do PT João Santana, a mulher dele, Monica Moura, e outros seis investigados. Para a corporação, há indícios de que Santana e Monica tenham cometido crimes de lavagem de dinheiro, corrupção passiva e organização criminosa por meio de depósitos no exterior não declarados
27ª FASE – OPERAÇÃO ‘CARBONO 14’
01/04/2016 – A Polícia Federal cumpre 12 mandados judiciais da 27ª fase da operação em São Paulo. Silvio Pereira, ex-secretário geral do PT, e Ronan Maria Pinto, dono do jornal Diário do Grande ABC, são presos. O ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e o jornalista Breno Altman são alvo de condução coercitiva. A PF investiga crimes ligados a desvios no empréstimo do pecuarista José Carlos Bumlai ao Banco Schain pela contratação como operadora do navio-sonda Vitoria 10.000 pela Petrobras em 2009. Segundo o juiz Sergio Moro, é possível que o esquema da Petrobras tenha alguma relação com a morte do prefeito Celso Daniel (PT), em 2002
28ª FASE – OPERAÇÃO ‘VITÓRIA DE PIRRO’
12/04/2016 – O ex-senador Gim Argello (PTB-DF) é preso preventivamente na 28ª fase da Lava Jato. A ação investiga a cobrança de propinas para evitar convocação de empreiteiros em comissões parlamentares de inquérito sobre a Petrobras. Gim era membro da CPI no Senado e vice-presidente da CPMI, da Câmara e do Senado. O nome dele aparece nas delações do senador Delcídio do Amaral (sem partido-MS) e do dono da UTC, Ricardo Pessoa. O Ministério Público Federal (MPF) diz que há evidências de que o ex-senador pediu R$ 5 milhões em propina para a empreiteira UTC Engenharia e R$ 350 mil para a OAS. As duas empresas são investigadas na Lava Jato
28/04/2016 – A Controladoria-Geral da União declara a construtora Mendes Júnior como inidônea, e a empresa é proibida de fazer novos contratos com o poder público por pelo menos dois anos. O MPF apresenta denúncias relacionadas à 23ª e 26ª fases da operação. Entre os denunciados estão o marqueteiro do PT João Santana e a mulher, Monica Moura
08/05/2016 – A Justiça Federal homologa acordo de leniência entre a Andrade Gutierrez e o Ministério Público Federal. Além de fornecer provas para as investigações, a empreiteira terá de pagar R$ 1 bilhão à União
29ª FASE – OPERAÇÃO ‘REPESCAGEM’
23/05/2016 – O ex-tesoureiro do PP João Cláudio Genu é preso em Brasília na 29ª fase da Lava Jato. Genu, que foi condenado no esquema do mensalão, também foi assessor do ex-deputado federal José Janene, morto em 2010. Ele é suspeito de distribuir dinheiro oriundo do esquema de corrupção na Petrobras a políticos do PP
30ª FASE – OPERAÇÃO ‘VÍCIO’
24/05/2016 – A PF cumpre a 30ª fase da operação no Rio de Janeiro e em São Paulo para investigar a possibilidade de pagamentos de R$ 40 milhões em propina a partir de contratos fraudulentos da Petrobras com fornecedores de tubo. Os alvos da fase são executivos e sócios de empresas do setor, um escritório de advocacia, dois funcionários da Petrobras e operadores financeiros
23/06/2016 – O ex-ministro do Planejamento do governo Lula e das Comunicações no primeiro governo Dilma, Paulo Bernardo, é preso em um desdobramento da 18ª fase da Operação Lava Jato, em Brasília. O objetivo da operação é apurar o pagamento de propina referente a contratos de prestação de serviços de informática no valor de R$ 100 milhões, entre os anos de 2010 e 2015, a pessoas ligadas ao Ministério do Planejamento
01/07/2016 – O doleiro Lúcio Funaro é preso em São Paulo. Segundo a Procuradoria-Geral da República e delatores da Lava Jato, Funaro é ligado ao presidente afastado da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Além disso, a PF também cumpre mandados de busca e apreensão nas empresas do grupo JBS Friboi
31ª FASE – OPERAÇÃO ‘ABISMO’
04/07/2016 – A PF cumpre a 31ª fase da Lava Jato para investigar crimes em contratos da Petrobras, com destaque para o contrato celebrado pelo Consórcio Novo Cenpes para a construção do Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello (Cenpes), no Rio de Janeiro
OPERAÇÃO ‘PRIPYAT’
06/07/2016 – O ex-diretor-presidente da Eletronuclear Othon Luiz Pinheiro da Silva é preso pela PF durante a Operação Pripyat, que investiga irregularidades na empresa. Othon Luiz já cumpria prisão domiciliar
32ª FASE – OPERAÇÃO ‘CAÇA-FANTASMAS’
07/07/2016 – A PF cumpre a 32ª fase da Lava Jato com foco em um banco panamenho que atuava no Brasil sem a autorização do Banco Central. A suspeita é que o banco abria e movimentava contas no país para conseguir enviar dinheiro de origem duvidosa para o exterior
33ª FASE – OPERAÇÃO ‘RESTA UM’
02/08/2016 – A PF cumpre a 33ª fase, batizada de ‘Resta um’, mirando a construtora Queiroz Galvão. O ex-presidente da construtora Ildefonso Colares Filho e o ex-diretor Othon Zanoide de Moraes Filho são presos preventivamente
OPERAÇÃO ‘IRMANDADE’
10/08/2016 – O empresário Samir Assad é preso em operação contra esquema na Eletronuclear. Assad é acusado de ser operador financeiro da construtora Delta
34ª FASE – OPERAÇÃO ‘ARQUIVO X’
22/09/2016 – O ex-ministro da Fazenda Guido Mantega é preso em São Paulo, mas sua prisão é revogada no mesmo dia. A fase investiga a contratação pela Petrobras de empresas para a construção de duas plataformas de exploração de petróleo na camada do pré-sal. Segundo a PF, o ex-ministro atuou junto ao comando de uma das empresas para negociar o repasse de recursos para pagamentos de dívidas de campanha do PT
35ª FASE – OPERAÇÃO ‘OMERTÀ’
26/09/2016 – O ex-ministro Antonio Palocci é preso em São Paulo. As suspeitas sobre Palocci na Lava Jato surgiram na delação do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa. Ele disse que, em 2010, Alberto Youssef lhe pediu R$ 2 milhões da cota de propinas do PP para a campanha presidencial da ex-presidente Dilma Rousseff. O pedido teria sido feito por encomenda de Palocci
19/10/2016 – O ex-presidente da Câmara e deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) é preso preventivamente em Brasília, acusado de receber propina de contrato de exploração de Petróleo no Benin, na África, e de usar contas na Suíça para lavar o dinheiro
36ª FASE – OPERAÇÃO ‘DRAGÃO’
10/11/2016 – A PF cumpre a 36ª fase da Lava Jato em cidades do Paraná, de São Paulo e do Ceará. A ação apura a lavagem de R$ 50 milhões para empresas já investigadas. O empresário e lobista Adir Assad, que já está preso na carceragem da PF, em Curitiba, é um dos alvos dos mandados de prisão
37ª FASE – OPERAÇÃO ‘CALICUTE’
17/11/2016 – A PF deflagra a 37ª fase da Lava Jato, em operação conjunta com o Rio de Janeiro, intitulada Calicute, e prende o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral. Ele é suspeito de receber milhões em propina para fechar contratos públicos. O prejuízo estimado em obras é de mais de R$ 220 milhões
16/12/2016 – O ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (PMDB), a mulher e mais cinco pessoas são denunciados por envolvimento no pagamento de vantagens indevidas a partir do contrato da Petrobras com o Consórcio Terraplanagem Comperj, formado pelas empresas Andrade Gutierrez, Odebrecht e Queiroz Galvão
19/01/2017 – O relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Teori Zavascki, morre aos 68 anos, após a queda de um avião em Paraty, no litoral sul do Rio de Janeiro
30/01/2017 – A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, homologa as 77 delações de executivos e ex-executivos da construtora Odebrecht. A homologação dá validade jurídica às delações
02/02/2017 – O ministro Edson Fachin é escolhido como o novo relator da Operação Lava Jato no STF após um sorteio eletrônico. Ele ocupa a vaga de Teori Zavascki, o antigo relator, morto em um acidente aéreo. No mesmo dia, o juiz federal Sérgio Moro condena o marqueteiro João Santana, a mulher dele e mais quatro réus em um processo da 23ª fase da Lava Jato. Entre os crimes citados na sentença estão corrupção ativa e lavagem de dinheiro
10/02/2017 – O ex-governador do Rio Sérgio Cabral, o empresário Eike Batista e mais sete pessoas viram réus na Operação Eficiência
14/02/2017 – A Justiça Federal aceita denúncia e torna réu o ex-governador Sérgio Cabral Filho réu pela quarta vez em desdobramentos da força-tarefa da operação Lava Jato. São 184 crimes de lavagem de dinheiro. O ex-governador, a mulher dele, Adriana Ancelmo, e outras nove pessoas são acusados de lavar mais de R$ 39 milhões em 10 meses
38ª FASE – OPERAÇÃO ‘BLACKOUT’
23/02/2017 – A PF realiza a 38ª fase da Lava Jato, que tem como alvos dois operadores ligados ao PMDB e apura o pagamento de US$ 40 milhões de propinas durante 10 anos. Segundo as investigações, entre os beneficiários há senadores e outros políticos, além de diretores e gerentes da Petrobras
14/03/2017 – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva presta depoimento e nega que tenha atuado para obstruir a Operação Lava Jato. Segundo Lula, há três anos ele vem sendo vítima de um ‘massacre’. No mesmo dia, o diretor da Companhia de Transportes sobre Trilhos do Estado do Rio de Janeiro (RioTrilhos), Heitor Lopes de Sousa Junior, e o atual subsecretário de Turismo do estado e ex-subsecretário de Transportes, Luiz Carlos Velloso, são presos na Operação Tolypeutes., um desdobramento da Lava Jato
OPERAÇÃO ‘SATÉLITES’
21/03/2017 – A PF cumpre 14 mandados de busca e apreensão em Pernambuco, Alagoas, Brasília, Bahia e Rio de Janeiro. Os mandados são os primeiros com base na delação premiada da empreiteira Odebrecht e têm como alvos pessoas ligadas aos senadores Renan Calheiros (PMDB-AL), Eunício Oliveira (PMDB-CE), Valdir Raupp (PDMB-RO) e Humberto Costa (PT-PE)
39ª FASE – OPERAÇÃO ‘PARALELO’
28/03/2017 – A PF realiza a 39º fase da Lava Jato no Rio de Janeiro. A fase foi batizada de Operação Paralelo em razão da ação clandestina no mercado financeiro por parte dos investigados
30/03/2017 – Eduardo Cunha é condenado a 15 anos de reclusão por três crimes na Lava Jato. O ex-presidente da Câmara está preso desde outubro de 2016
11/04/2017 – O ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, autoriza a Procuradoria Geral da República (PGR) a investigar 98 políticos, sendo 8 ministros, 3 governadores, 24 senadores e 39 deputados federais. Os pedidos se baseiam na chamada lista de Janot, feita com base em delações de ex-executivos da Odebrecht
12/04/2017 – O STF libera os vídeos com os depoimentos dos delatores da Odebrecht
40ª FASE – OPERAÇÃO ‘ASFIXIA’
04/05/2017 – A PF deflagra a 40ª fase da operação com o foco em três ex-gerentes da Petrobras suspeitos de receber mais de R$ 100 milhões em propinas de empreiteiras que eram contratadas pela estatal. Os alvos são investigados pela prática dos crimes de corrupção, fraude em licitações, evasão de divisas, lavagem de dinheiro, entre outros