É muito provável que você já tenha visto a foto acima. Seja por meio dos telejornais ou na internet, essa imagem circulou o mundo na década de 90. Na verdade, ainda hoje ela é famosa e levanta uma série de questionamentos. Além disso, ela também esconder uma história dramática.
Para contextualizar, vamos explicar alguns detalhes dessa foto. Ela foi clicada pelo fotojornalista sul-africano Kevin Carter em 1993. O retrato é conhecido como “o abutre e a garotinha”. A imagem foi registrada próxima ao vilarejo Ayod, no Sudão.
Nesse ano, Carter havia viajado para o Sudão para a realização de um trabalho. Ao passar pelo vilarejo, viu a garotinha que se dirigia a um centro de distribuição de comida mantido pelas Nações Unidas. Ao parar para descansar, um abutre pouco perto dela. Foi nesse momento que o fotojornalista aproveitou para clicar a foto dessa história dramática.
A história dramática dessa garotinha
De acordo com Carter, foi preciso muito cuidado para registrar essa fotografia. Ele aguardou cerca de 20 minutos até que o abutre se aproximasse o suficiente da garotinha. Quando esteve próximo o suficiente, o fotojornalista registrou a imagem dessa história dramática.
Após o clique, Carter espantou o abutre e se tornou o autor de uma das imagens mais controversas de todo o mundo. À época, o fotojornalista conta que os pais da criança estavam ocupados tentando pegar um pouco de comida junto a um avião da ONU. Por conta disso, deixaram a garotinha sozinha por alguns minutos.
No mesmo ano da foto, Carter vendeu a imagem para o The New York Times. A história dramática foi publicada em dezembro de 1993. A repercussão foi tão grande e os pedidos de informações sobre a garotinha foram tão frequentes que o jornal precisou emitir uma nota dizendo que não sabia se a jovem na foto havia sobrevivido.
A história dramática de Carter
Por conta dessa foto, o Kevin Carter foi fortemente censurado pela opinião pública. Ele foi criticado não penas por registrar essa foto, mas por não ter ajudado a garotinha e afastado o abutre. Ele foi acusado de ter se aproveitado da situação para capturar uma boa imagem.
Porém, em diversas ocasiões o fotógrafo tentou explicar o que de fato aconteceu. Naquela época, os profissionais que visitam a região eram instruídos a jamais tocar nos nativos da região. Tudo isso para evitar transmitir doenças para pessoas que já estavam incrivelmente debilitadas e podiam morrer rapidamente se contraíssem qualquer malefício.
O próprio Carter afirma que cerca de 20 pessoas morriam por dia devido a inanição no centro da ONU. Portanto, a garotinha da foto não seria uma exceção. Essa fotografia chegou a render um prêmio Pulitzer ao fotógrafo em 1994. Porém, devido as críticas pesadas e o histórico de ter vivenciado diversos momentos dramáticos como esse, Kevin Carter resolveu cometer suicídio no mesmo ano da premiação.
Morte trágica
Ao longo de sua carreira, Carter testemunhou incontáveis situações perigosas. A caso a menina e do abutre foi apenas uma história dramática vivenciada pelo fotógrafo. Sua lente já viu execuções violentas, conflitos sangrentos e muitas pessoas morrendo de fome.
Tudo isso acabou causando diversas cicatrizes profundas no fotógrafo de apenas 33 anos. Ao colocar fim em sua própria vida, Kevin Carter deixou uma mensagem:
“Eu sinto muito, muito mesmo. A dor da vida supera a alegria ao ponto de que a alegria não existe… Estou deprimido… sem telefone… dinheiro para o aluguel… dinheiro para sustentar as crianças… dinheiro para dívidas… dinheiro!… Sou assombrado pelas vívidas memórias de mortes e cadáveres e raiva e dor… de crianças famintas ou feridas, de loucos com o dedo no gatilho, muitas vezes policiais, de carrascos assassinos… Fui me juntar ao Ken (Ken Oosterbroek, um amigo fotógrafo que havia falecido há pouco), se eu tiver tamanha sorte.”