A história dos celulares

18/09/2017

Hoje você praticamente não vive mais sem ele. Ele está com você quando você acorda; quando você vai ao banheiro; quando está indo e voltando do trabalho; e finalmente está do seu lado no momento em que você vai dormir. Já sabe de quem estamos falando? Pois é, estamos falando do seu smartphone, o companheiro inseparável de todo mundo nos dias de hoje.

O quê? Vai me dizer que você não fica com esse eletrônico o tempo todo do seu lado? Então você é a exceção da regra, pois a maioria das pessoas passa quase 100% do tempo conectados através de seus smartphones. É por isso que resolvemos dedicar este artigo a eles. Na verdade, ao pai dos smartphones e a sua história: os celulares, hoje também chamados de features phones.

Acha que essa história tem potencial para ser chata? Pois saiba que você está redondamente enganado. Quem viveu na década de 90 e nos anos 2000, provavelmente experimentou os primeiros celulares do mundo, o que com certeza desperta aquele bom sentimento de nostalgia. É exatamente isso que queremos fazer agora! Então, se prepare!

Como tudo começou: telefones sem fio

Antes que os dispositivos que hoje conhecemos como telefones celulares existirem, havia alguns precursores. Em 1908, o professor Albert Jahnke e a empresa Oakland Transcontinental Aerial Telephone and Power Company alegaram ter desenvolvido um telefone sem fio, o que era algo surpreendente para a época. Eles foram acusados ​​de fraude e a acusação foi descartada, mas eles não parecem ter continuado com a operação.

Porém, foi mesmo a partir desse ano que as coisas começaram a mudar. Em 1918, o sistema ferroviário alemão testou a telefonia sem fio nos trens militares entre as cidades de Berlim e de Zossen. Em 1924, ensaios públicos começaram com a conexão telefônica nos trens entre Berlim e Hamburgo.

Em 1925, a empresa Zugtelephonie A. G. foi fundada para fornecer equipamento de telefonia de trem e, em 1926, o serviço de telefone em trens da Deutsche Reichsbahn e o serviço de correio alemão na rota entre Hamburgo e Berlim foi aprovado e oferecido a viajantes de primeira classe. Esse era apenas os primeiros passos da telefonia sem fio, dados primeiramente na Europa.

A guerra sempre dá uma mãozinha

Como diversas vezes na história, a guerra deu uma mãozinha para o desenvolvimento de algumas tecnologias. Foi durante a Segunda Guerra Mundial que o mundo viu os militares fazerem o uso de links de radiotelefonia. Transceptores de rádio portáteis estavam disponíveis desde a década de 1940.

Os telefones móveis para automóveis ficaram disponíveis em algumas empresas de telefonia na década de 1940. Os primeiros dispositivos eram volumosos, consumiam alta potência e a rede suportou apenas algumas conversas simultâneas. As redes celulares modernas permitem o uso automático e generalizado de telefones celulares para comunicações de voz e dados.

Nos Estados Unidos, os engenheiros da Bell Labs começaram a trabalhar em um sistema para permitir que os usuários fizessem e recebessem chamadas telefônicas de automóveis, levando à inauguração do serviço móvel em 17 de junho de 1946 em St. Louis, Missouri. Pouco depois, a AT&T ofereceu o Serviço de Telefone Móvel.

Uma ampla gama de serviços de telefonia móvel, em sua maioria incompatível, ofereceu área de cobertura limitada e apenas alguns canais disponíveis em áreas urbanas. A introdução da tecnologia celular, que permitiu a reutilização de frequências muitas vezes em pequenas áreas adjacentes cobertas por transmissores de baixa potência, tornou a adopção generalizada de telefones móveis economicamente viáveis.

Os primeiros celulares

Dando um salto no tempo, chegamos até 1973. O primeiro telefone móvel do mundo foi feito em 3 de abril, quando Martin Cooper, engenheiro sênior da Motorola, ligou para uma companhia de telecomunicações rival e informou que estava falando através de um telefone celular. O celular que Cooper usou, se é que podemos chamá-lo assim, pesava 1,1 kg e media 228,6x127x44,4mm. Um trambolhão! Com este protótipo de dispositivo, você podia ter conversas por 30 minutos e demorava cerca de 10 horas para recarregar.

Em 1983, a Motorola lançou seu primeiro celular comercial, conhecido como Motorola DynaTAC 8000X. O aparelho oferecia 30 minutos de tempo de conversação, seis horas de espera e podida armazenar até 30 números de telefone.

Ele custava impressionantes US$ 3.995 ou aproximadamente R$ 13.104 em conversão direta na cotação atual. Nos primeiros dias do celular, todos perceberam que os aparelhos não foram projetados com os consumidores em mente. Você precisaria desembolsar uma grande quantia de dinheiro para se apossar de um, e mesmo assim o desempenho não era aquelas coisas.

John F. Mitchell, o chefe de produtos de comunicação portátil da Motorola e o chefe de Cooper em 1973, desempenhou um papel fundamental no avanço do desenvolvimento de equipamentos telefônicos portáteis, vulgo celulares. Mitchell empurrou com sucesso a Motorola para desenvolver produtos de comunicação sem fio que seriam pequenos o suficiente para usar em qualquer lugar e participaram do design do telefone celular.

Entre os anos 1990 e 1995, tivemos um salto ascendente em design e portabilidade, com dispositivos móveis começando gradualmente a aparecer nas mãos dos consumidores comuns pela primeira vez. No final dos anos 90, os dispositivos móveis estavam rapidamente se tornando um padrão graças aos seguintes aparelhos:

Nokia 6110 – 1997

Destaques:

  • Três jogos: memória, serpente e lógica
  • Calculadora, relógio e calendário
  • Conversor de moeda
  • Funciona como um pager
  • Configurações de perfil 4 cores

Motorola StarTAC – 1997

Inspirado pelo comunicador do filme Star Trek, este celular foi o primeiro aparelho de flip do mundo.

Nokia 5110 – 1998

Uma excelente bateria, fino pelos padrões de 1998 e também apresentou o joguinho Snake. O que mais você poderia querer de um consumidor dos anos 90?

BlackBerry 850 – 1999

O BlackBerry 850 foi o primeiro aparelho lançado sob a marca BlackBerry. Dez anos depois, a RIM seria coroada como a empresa de crescimento mais rápido do planeta. E todos sabemos o que aconteceu após 2010 e como a empresa se manteve capenga até os dias de hoje.

Nokia 3310 – 2000

O celular que todos os seus amigos tinham na escola. Se você fosse para um colégio no meio dos anos 90, você com certeza o encontraria por lá. Mesmo hoje, muitos consideram o 3310 como um dos melhores dispositivos móveis já criados. Alguns até dizem que é indestrutível, o que eu tenho que concordar.

Samsung SGH-T100 – 2002

Antes de a Samsung dominar o mundo como faz atualmente, ele fazia aparelhos como esse, que foi o primeiro telefone a usar um display LCD de matriz ativa de transistores de filme fino, o famigerado LDC display.

BlackBerry 5810 – 2003

Esse aparelho não tinha um alto-falante embutido, então você tinha que conectar fones de ouvido para fazer chamadas telefônicas. Porém, o BlackBerry 5810 tinha e-mail e um teclado QWERTY, um marco histórico para a época.

Motorola Razr V3 – 2004

Esse celular incrível vendeu impressionantes 130 milhões de unidades em seus dois anos de vida, tornando-se o aparelho com flip mais bem-sucedido da história dos celulares. Entre os grupos de amigos, os que tinham o Razr V3 eram encarados com os ricos da turma.

BlackBerry 7270 – 2005

Esse é o primeiro aparelho da BlackBerry que possui Wi-Fi e um dos principais motivos do vício em smartphones.

Nokia N95 – 2006

Um verdadeiro smartphone que funcionava no Symbian, equipado com uma CPU Texas Instruments de 332 MHz e 160MB de RAM. Ele também apresentou uma câmera decente de 5 megapixels, Bluetooth e Wi-Fi. Uma verdadeira evolução para a época.

Apple iPhone 3G – 2008

Este aparelho praticamente não precisa de apresentação e é em grande parte responsável por mudar a “cara” desse mercado para sempre. O iPhone da Apple popularizou aplicativos para milhões de consumidores, ajudou a tornar a interface touchscreen a regra padrão e abriu novos caminhos para o design geral e o acabamento. O iPhone 3G foi a ponta mais afiada do avanço dos celulares, mas a partir daqui as coisas começariam a progredir ainda mais rápido.

A evolução das redes móveis

A tecnologia móvel que empoderou os celulares também passaram por evoluções consideráveis. É importante considerar essas mudanças, que experimentaram gerações diferentes com o passar dos anos. A terminologia de “geração” tornou-se amplamente usada quando o 3G foi lançado, mas agora é usado retroativamente quando se refere aos sistemas anteriores.

1G – Celular analógico

Os primeiros sistemas celulares analógicos automáticos implantados foram o sistema da NTT usado pela primeira vez em Tóquio em 1979, espalhando-se para todo o Japão e nos países nórdicos em 1981.

O primeiro sistema celular analógico amplamente implantado na América do Norte foi o Advanced Mobile Phone System (AMPS). Ele foi comercialmente introduzido nas Américas em 13 de outubro de 1983, Israel em 1986 e Austrália em 1987. O AMPS foi uma tecnologia pioneira que ajudou a impulsionar o uso do mercado de massa de tecnologia celular, mas teve vários problemas sérios para se adaptar aos padrões modernos.

Não estava criptografado e era facilmente vulnerável à espionagem através de um scanner; era suscetível à “clonagem” de celular e usava um esquema de acesso múltiplo por divisão de frequência (FDMA) e exigia quantidades significativas de espectro sem fio para suportar.

2G – Celular digital

Na década de 1990, surgiram os sistemas de celulares da “segunda geração”. Dois sistemas competiram pela supremacia no mercado global: o padrão europeu GSM e o desenvolvido nos Estados Unidos, o padrão CDMA. Eles eram diferentes da geração anterior pois usavam transmissão digital em vez de analógica, além de sinalização rápida de banda para celular fora de banda. O aumento do uso do telefone celular como resultado do 2G foi explosivo e essa era também viu o advento dos telefones celulares pré-pagos.

A segunda geração introduziu uma nova variante de comunicação chamada SMS ou mensagens de texto. Inicialmente estava disponível apenas nas redes GSM, mas se espalhou eventualmente em todas as redes digitais. A primeira mensagem SMS gerada por máquina foi enviada no Reino Unido em 3 de dezembro de 1992, seguida em 1993 pelo primeiro SMS enviado por pessoa na Finlândia. O advento dos serviços pré-pagos no final da década de 1990 logo fez do SMS o método de comunicação de escolha entre os jovens, uma tendência que se espalhou rapidamente pelo mundo.

O 2G também introduziu a capacidade de acessar conteúdo de mídia em telefones celulares. Em 1998, o primeiro conteúdo para download vendido para celulares foi o toque telefônico, lançado pela Radiolinja da Finlândia (agora Elisa). A publicidade no telefone móvel apareceu pela primeira vez na Finlândia quando um serviço diário gratuito de notícias SMS foi lançado em 2000, patrocinado por publicidade. Hoje esse método ainda é muito utilizado por empresas de vários segmentos.

3G – Celular de banda larga

À medida que o uso de celulares com suporte ao 2G se tornou mais popular e as pessoas começaram a usar dispositivos móveis em suas vidas com mais frequência, ficou claro que a demanda por dados (como o acesso à internet) estava crescendo. Além disso, a experiência de serviços fixos de banda larga mostrou que também haveria uma demanda cada vez maior para maiores velocidades de dados.

A tecnologia 2G não estava dando conta do trabalho, então a indústria começou a trabalhar na próxima geração de tecnologia conhecida como 3G, aquele que usamos bastante hoje. A principal diferença tecnológica que distingue a tecnologia 3G da tecnologia 2G é o uso da troca de pacotes em vez da troca de circuitos para transmissão de dados. Além disso, o processo de padronização ficou focado nos requisitos mais que a tecnologia (taxa de dados máxima de 2 Mbit/s no interior, 384 kbit/s ao ar livre, por exemplo).

A primeira rede de avaliação pré-comercial com 3G foi lançada pela NTT DoCoMo no Japão na região de Tóquio em maio de 2001. A empresa NTT DoCoMo lançou a primeira rede 3G comercial em 1 de outubro de 2001, usando a tecnologia WCDMA. Em 2002, as primeiras redes 3G da tecnologia rival, batizada de CDMA2000 1xEV-DO, foram lançadas pela SK Telecom e KTF na Coréia do Sul e Monet nos EUA.

No final de 2002, a segunda rede WCDMA foi lançada no Japão pela Vodafone KK (agora Softbank). Os lançamentos europeus de 3G estavam na Itália e no Reino Unido pelo grupo Three / Hutchison. O ano de 2003 viu mais 8 lançamentos comerciais de 3G, mais seis em WCDMA e mais dois no padrão EV-DO.

No final de 2007, havia 295 milhões de assinantes em redes 3G em todo o mundo, o que representava 9% da base de assinantes mundial total. Cerca de dois terços deles estavam no padrão WCDMA e um terço no padrão EV-DO. Os serviços de telecomunicações 3G geraram mais de 120 bilhões de dólares em receitas em 2007 e, em muitos mercados, a maioria dos novos telefones ativados eram celulares 3G.

4G – Redes Nativas de IP

Em 2009, ficou claro que, em algum momento, as redes 3G ficariam sobrecarregadas com o crescimento de aplicações que utilizam banda larga, como a transmissão de mídia, como fotos e vídeos. Consequentemente, a indústria começou a procurar tecnologias de 4ª geração otimizadas em dados, com a promessa de melhorias de velocidade até 10 vezes em relação às tecnologias 3G existentes.

As duas primeiras tecnologias comercialmente disponíveis batizadas como 4G foram o padrão WiMAX (oferecido nos EUA pela Sprint) e o padrão LTE, oferecido pela primeira vez na Escandinávia pela TeliaSonera. Uma das principais formas pelas quais a 4G diferiu tecnicamente da 3G foi a eliminação da mudança de circuito, em vez disso, empregava uma rede que utilizava todos os IPs.

Assim, 4G inaugurou um tratamento de chamadas de voz, assim como qualquer outro tipo de mídia de transmissão de áudio, utilizando a troca de pacotes através de redes de Internet, LAN ou WAN via VoIP.

O smartphone do futuro

No curto prazo, a inovação do smartphone crescerá de forma moderada. Na realidade, a maior mudança nos telefones nos últimos cinco anos foi o lançamento de “phablets”, telefones que oferecem um tamanho de tela maior do que um telefone típico, mas menor do que um tablet.

Não existe uma definição rigorosa para o que faz um phablet, mas qualquer coisa com uma tela de aproximadamente 5,5 polegadas a 7 polegadas se enquadra na categoria. Ao longo dos próximos anos, espera-se ajustes pequenos semelhantes a esse. É possível, por exemplo, que um smartphone com telas de ambos os lados seja lançado ou que uma das principais empresas venha com uma tela flexível ou transparente.

Em algum momento, após mais de 100 anos de uso de telefones para se comunicar, o celular como conhecemos desaparecerá. Isso pode não acontecer em breve, mas pode ser mais cedo do que você pensa. Enquanto os dispositivos de realidade aumentada e virtual têm ganhado e espaço e têm sido usados ​​principalmente para jogos ou outros usos específicos, em algum momento isso vai mudar.

Para que isso aconteça, uma empresa do porte da Apple, IBM, Facebook, Google ou aquelas de Elon Musk precisará criar uma inovação que faça sentido para a maioria das pessoas. As tentativas até agora não foram avassaladoras e não surpreenderam muito. Pode levar um tempo para que realmente possamos conhecer o smartphone do futuro, mas parece que em algum momento essa mudança será mesmo inevitável.