Como fazem os diretores para criar a ambientação de um filme?

02/04/2018

Os diretores de cinema contam histórias usando ferramentas para criar o cenário apropriado para apresentar os espectadores ao filme, criando o melhor contexto possível para ter um filme que seja registrado positivamente na história do cinema dentro de festivais e as telas de TV de cada casa.

Cores e iluminação para dar um tom à história

Dentro da indústria cinematográfica, as cores são a primeira fonte de ambiente para qualquer filme. Independentemente de ser um dos primeiros filmes mudos da história, ou uma das histórias mais inovadoras desenvolvidas apenas por meio da animação digital, as imagens são a primeira coisa que chama a atenção do público e o motivo da existência do cinema. Muito antes dos atores aparecerem na tela do cinema, as cores da cena já estão lá para adaptar o ambiente e guiar as emoções dos espectadores. De um vermelho que inspira paixão como em American Beauty (1999) de Sam Mendes; verde que vai relacionado à natureza e aventura, como em a saga do Hobbit (2012-2014), de Peter Jackson; e azul, que inspira frio e isolamento, como em Dunkirk (2017), de Christopher Nolan; até mesmo a ausência de cores, com tons de cinza e pouca iluminação para relacionar o espectador com o medo e a incerteza, como Zé do Caixão tem feito frequentemente em filmes como À Meia Noite Levarei Sua Alma (1964) dentro dos cinemas locais.

Locação: O lugar onde a história se desenrola

A locação é uma parte fundamental da atmosfera de um filme. Sem a necessidade de comprar um voo de 250 mil dólares com a Virgin Galactic, é possível levar aos espectadores para o espaço. De uma forma muito simples, com um fundo na cor preta, com suas estrelas apenas visíveis através das pequenas janelas de um local construído com muitas peças eletrônicas e de metal, fazendo que o espectador se sinta tão insignificante, quando comparado com a imensidão do espaço e todas as aventuras que oferece para explorá-lo. Vários exemplos marcaram a história do cinema com base nesse cenário, incluindo 2001: A Space Odyssey (1968), Gravity (2013)ou Interstellar (2014). O fundo com base preta do espaço serve como uma tela para os diretores, permitindo-lhes explorar a sua criatividade, transportando aos atores e espectadores a mundos e situações extraordinárias. Outro exemplo que é capaz de transportar um espectador com seu cenário são os casinos. Com locais facilmente reconhecíveis, como um casino com luzes brilhantes no fundo, o som inconfundível dos slot machines a entregar prémios, a sua iluminação colorida e toda a emoção que transmitem as pessoas que estão dentro; dão ao espectador uma associação imediata com a famosa cidade de Las Vegas. Neste exemplo, é fácil encontrar filmes como The Hangover(2009), 21 (2008), Fear and Loathing in Las Vegas (1998), entre muitos outros. Finalmente, a floresta é também um dos locais capazes de transportar aos espectadores para um lugar isolado e cheio de aventuras e perigos, capaz de ser belo ou aterrorizante com a simples decisão do diretor sobre a música de fundo e a iluminação. É possível encontrar filmes que mostram esse contexto perfeito com exemplos como The Blair Witch Project (1999), The Revenant (2015) ou Into The Wild (2007).

Música: A trilha sonora de cada história

Desde o início do cinema, quando os filmes eram feitos sem som e estavam baseados na mudança de fotografias da maneira mais simples, a música tem sido uma das melhores aliadas para contar histórias. Desde os filmes antigos de Charles Chaplin, como The Circus (1928), onde não havia tecnologia para incluir áudio nos filmes, foram utilizados músicos ao vivo em cada show, que muitas vezes incluía músicas escritas especificamente para os filmes, onde incluindo ritmos como a “Marcha dos Gladiadores”, os espectadores instantaneamente relacionam a música com a de um circo. Além de um lugar específico, a música transporta aos espectadores para momentos específicos. Os anos setenta com o Funk e o Disco são um exemplo da música, apoiando filmes como American Hustle (2013) e ouvindo Donna Summer cantando “I Feel Love”. Além de adaptar músicas comerciais a um filme, muitos diretores usam música original para dar o ambiente exato a seus filmes, como no caso de Batman: The Dark Knight Rises (2012) de Christopher Nolan, onde o diretor trabalhou com o compositor Hans Zimmer para criar a música ideal para o que o diretor quis expressar e fazer sentir ao seu público com seu filme.

Atores para dar vida aos personagens

Cada filme deve mostrar a complexidade dos seus personagens o mais detalhadamente possível e os atores são os que têm a responsabilidade de dar vida às idéias do diretor, através de suas características pessoais, comportamento e expressões. Com o ator certo para o personagem certo, muitas vezes é mais fácil identificar um ator pelo nome do seu personagem ou papel em um filme do que por seu nome atual. Um dos exemplos mais comuns é o relacionamento de Morgan Freeman com seu papel como Deus em Bruce Almighty (2003), porque apesar de ter dado vida a um grande número de personagens durante sua carreira, milhões de pessoas o relacionam a Deus, graças a este filme. Outro caso é o de Wolverine, que tem sido repetidamente interpretado por Hugh Jackman desde o film X-Men (2000), até Logan (2017). Devido aos seus 18 anos interpretando o mesmo personagem, é muito difícil imaginar algum outro ator representando ao mutante Wolverine. Também dentro do mundo dos super-heróis da Marvel está Robert Downey Jr., que interpreta Tony Stark / Iron Man desde 2008, começando com o primeiro filme da Marvel para este personagem Iron Man (2008), até a atual Avengers: Infinity War (2018).

Certamente, o cinema é uma arte muito complexa que precisa de muita prática por parte de um diretor, e através do uso de ferramentas como as mencionadas acima, as histórias ganham vida e saem da imaginação dos diretores para encher aos espectadores de emoções e sentimentos, ganhando o seu lugar na história do cinema e nos corações do seu público.

FONTE DE IMAGENS: Pixabay.com