7 marcas de chocolate que exploram crianças escravas

23/02/2016

Nesta esta época do ano, o Brasil é tomado pelo clima da Páscoa. Ovos, coelhos e os mais variados formatos de chocolate marcam presença em lojas, supermercados e, claro, no carrinho de compras do consumidor.

Atualmente,  67% dos brasileiros afirmam consumir habitualmente os mais variados tipos de chocolate, sendo que em média são consumidas 10 unidades por semana.

Os americanos gastam mais de um bilhão de dólares a cada Dia das Bruxas em chocolate, representando 10% da receita anual das empresas de chocolate. E o cidadão americano médio come mais de 5kg de chocolate por ano.

7 marcas de chocolate que exploram crianças escravas

Em setembro do ano passado, uma ação judicial foi movida contra sete empresas – incluindo Hershey, Mars e Nestlé – alegando que as empresas levaram os consumidores a “sem querer” financiar o comércio de trabalho escravo infantil na África Ocidental, que abriga dois terços dos grãos de cacau do mundo. A notícia não é novidade, mas com a chegada da Páscoa demos nos conscientizar que a situação ainda é uma triste realidade!

As idades destas crianças variam entre 11-16 (às vezes menos). Estes encontram-se presos em fazendas isoladas , onde trabalham 80 a 100 horas por semana. O filme “A Escravidão: Uma Investigação Global” falou com as crianças libertadas que relataram que eles eram muitas vezes agredidos com socos, cintos e chicotes .

“Os espancamentos eram uma parte da minha vida”, revela Aly Diabate, um escravo libertado, a repórteres. “Sempre que me carregam com sacos de grãos de cacau e caio, enquanto que os transporto, ninguém me ajuda. Em vez disso, batem-me até me conseguir levantar e pegar de novo no saco.”

De acordo com um estudo realizado pela Universidade de Tulane, mencionado na denúncia, para as grandes empresas do chocolate, na Costa do Marfim, mais de 4.000 crianças estão em condições de trabalho forçado para a produção de cacau. Algumas crianças são vendidas para traficantes pelos seus pais desesperados por causa da pobreza, enquanto outras são sequestradas. Os comerciantes de escravos, por suas vezes, vendem as crianças para os donos das plantações de cacau.

As crianças são forçadas a viver em lugares isolados, são ameaçadas com espancamentos, ficam presas inclusive durante a noite para que não fujam e são forçadas a trabalhar por longas horas, mesmo quando estão doentes, de acordo com as denúncias apresentadas às empresas. As crianças carregam sacolas tão grandes e pesadas, que as colocam em risco de ferimentos graves. A idade das crianças escravizadas varia de 11 a 16 anos, mas também pode haver crianças com idade inferior a 10 anos.

Para ajudar a evitar a apoiar a escravidão, aqui estão sete empresas de chocolate que se beneficiam do trabalho escravo infantil:

  • Hershey
  • Mars
  • Nestlé
  • ADM Cocoa
  • Godiva
  • Fowler’s Chocolate
  • Kraft

Uma legislação quase passou em 2001 em que a FDA iria implementar um rótulo a dizer “escravo livre” nas embalagens. Antes de a legislação ir a votação, a indústria do chocolate – incluindo Nestlé, Hershey e Mars – usou o seu dinheiro corporativo para parar a legislação ao “prometer” auto-regular e por um fim à escravidão infantil nos seus negócios até 2005. Este prazo tem sido repetidamente adiado, com o objetivo atual em 2020.

Enquanto isso, o número de crianças que trabalham na indústria do cacau aumentou em 51% entre 2009-2014.

Como um menino libertado afirmou: “Eles gostam de algo que eu sofro ao fazer; eu trabalhei duramente para eles, mas não vi nenhum benefício. Eles estão a comer a minha carne.”

 

Aqui está uma lista de empresas mais socialmente conscientes que fizeram algo para evitar lucrar com o sofrimento do trabalho infantil:

  • Clif Bar
  • Green and Black’s
  • Koppers Chocolate
  • L.A. Burdick Chocolates
  • Denman Island Chocolate
  • Gardners Candie
  • Montezuma’s Chocolates
  • Newman’s Own Organics
  • Kailua Candy Company
  • Omanhene Cocoa Bean Company
  • Rapunzel Pure Organics
  • The Endangered Species Chocolate Company
  • Cloud Nine

O que podemos fazer?

Podemos evitar de comprar das empresas que exploram o trabalho infantil com base em um sistema inaceitável para o cultivo e a produção de cacau, escolhendo as que ofereçam garantias de respeito aos trabalhadores, com referência aos produtos de comércio justo.

Para se aprofundar ao tema da exploração ligada à produção de cacau e chocolate, sugerimos assistir ao documentárioThe Dark Side of Chocolate“, no vídeo legendado em português, aqui abaixo.

Fonte: Uncut