Essa é uma história verídica que aconteceu com Annie Gluck e seu marido, Jeff.
Eles moravam em uma cidade pequena, Augusta, na região metropolitana de Wichita, no estado americano de Kansas.
Apesar de serem um casal de 50 anos, Annie e Jeff eram 30 ou 40 anos mais jovens que todos seus vizinhos. Muitos deles tinham netos que os visitavam com frequência para leva-los para passear, almoçar, enfim, para passar tempo com os parentes.
Mas esse não era o caso do homem que Annie chamava de Professor. Sua mulher, Elena havia morrido 12 anos antes. Annie passou pouco tempo com os dois juntos, mas percebeu que eles eram daqueles casais perfeitos, que a gente sempre busca e tenta ser com nossos parceiros. Parece que o tempo perto dos dois ficava mais leve e devagar. Os dois eram tão eruditos, espirituosos e, obviamente, ainda tinham muito amor um pelo outro. A morte de Elena foi um baque grande para o Professor. Nesse último ano, ele vinha batalhando contra um câncer e, como vivíamos em uma região sem transporte publico e com táxis caros, Annie acabou tomando conta do Professor e o levando aos médicos na cidade.
O Professor vivia nos Estados Unidos fazia muito tempo, mas ele ainda carregava o sotaque de quem havia migrado para lá. Annie não conseguiu descobrir de onde era. Ele tinha um jeito peculiar de pronunciar o nome da vizinha. Por vezes, sofrendo de dor, Professor ligava na madrugada e dizia apenas: “Annie”. Era a senha para ela sair correndo e ajudar o vizinho com remédios ou até mesmo para levá-lo ao pronto socorro da cidade. Ele estava irredutível de ser internado. Apesar de saber que o fim estava chegando, ele fazia questão de ficar em sua cama. Queria descansar ali mesmo.
Numa madrugada de Outubro, por volta das 4 da manhã, o telefone de Annie tocou. O identificador de chamadas mostrou o numero do Professor. Quando ela atendeu, uma voz estranha disse: “Annie”.
Ela respondeu: “Sim. Professor?”
Aí veio a voz de novo: “Não, é a Maria. Hoje quem vai levar o Professor sou eu”.
E o mais estranho aconteceu na sequência. Annie acordou. Calma. Acordou? Mas o telefone não tinha tocado? Bom, o telefone estava em sua mão, mas seu marido e o cachorro dormiam profundamente. Então o telefone não tocou. Ou tocou?
Annie tentou ligar para o Professor, mas era madrugada e ela não queria acordá-lo. Mas e se ele realmente ligou? Ela se trocou, acordou o cachorro e foi a até a varanda, de onde ela conseguia enxergar a casa do Professor. Dali nada de diferente. Tudo estava calmo e as luzes apagadas.
Mesmo assim, ela não se deu por satisfeita e acabou ligando. Na verdade foram 25 ligações sem nenhuma resposta. Ela sabia que havia algo errado e foi acordar seu marido. Os dois foram até a casa do Professor, bateram na porta e nada. Ligaram de novo e nada. Resolveram então, ligar para a polícia. Quando chegaram, arrombaram a porta e entraram. O Professor estava em sua cama, com aparência calma. Aparentemente morrera de causas naturais.
Como morávamos muito fora da cidade, qualquer atividade que requeira buscar um profissional da área na cidade é feita por vizinhos. Então, com a permissão e supervisão do delegado, as famílias vizinhas começaram a procurar informações sobre o passado e/ou familiares do Professor, além de precisar de um “caixinha” para o enterro.
Annie ficou em cargo de um livro de fotos antigas e um diário que estava no criado mudo. Não havia nenhum “primo Bob”, “tio Mark” ou “família reunida na casa da tia Amelia”. O que havia eram fotos do Professor com sua amada Elena.
Além de uma filha, que nunca havia sido mencionada, Maria, que morreu em 1971!!