A Leitura dos jovens brasileiros

12/04/2016

Saudações povo! Como vocês estão? Post de hoje é uma crítica, uma preocupação com nosso futuro próximo. O caminho que a nova geração vem trilhando é um tanto preocupante e isso não é papo de nostálgico, nem saudosista, muito menos papo de conservador, apenas peço que leiam até o final e dêem sua opinião a respeito do tema.

Sou um ávido leitor. Tenho interesse pelos mais variados assuntos. Criei o hábito de ler no ensino fundamental e desde então venho mantendo uma frequência em praticar esse hábito, sendo que reservo uma quantia do meu capital para comprar livros. Acredito que minha média mensal fique em torno de 3 livros/mês, não é muito, porém já é mais do que a grande maioria dos brasileiros que lê apenas 2 livros por ano.

A leitura é, comprovadamente, um dos melhores (senão o melhor) processos cognitivos com maior eficácia na assimilação de conhecimento. É “rentável” ler se você pensa em adquirir conhecimento! Trocando em miúdos, isso significa que se você assistir um filme/documentário sobre determinado assunto e ler sobre esse determinado assunto, provavelmente irá assimilar muito mais conhecimento lendo sobre o objeto estudado do que optando por outras fontes.

Ler tem muitos benefícios, além da assimilação do conhecimento, faz com que sua memória melhore significativamente e mantém os neurônios vivos.

No entanto, na nova geração fast food, que respira rede social e todo dia está venerando um aplicativo novo e todo tipo de besteira que a Internet produz, a leitura perde cada vez mais espaço. O ensino em geral perdeu espaço! Tudo é instantâneo e perde o efeito rápido, sendo que mais de 4 linhas de escrita já é uma afronta, um “textão”.

Essa tendência pelo desprezo a leitura era visível até pouco tempo atrás, inclusive no inicio de 2015 o G1 publicou uma notícia que, em 2014, cerca de 70% dos brasileiros não leram nada!

Segundo a pesquisa divulgada pelo Instituto Pró-Livro,  o brasileiro saiu de 4,7 livros por ano em 2008 para 2 livros em 2014. Entre os estudante, o nível é um pouco maior, com 3,41 livros/ano, no entanto, apenas 1,2 livros são lidos por iniciativa própria, os demais são “leitura compulsória” sendo exigência de alguma disciplina escolar/universitária.

Observando esse cenário seria estranho ver qualquer notícia em contraste a essa tendência, porém, aconteceu! Algumas revistas de circulação nacional começaram a publicar reportagens falando de “jovens correndo as livrarias”! Em seguida, comecei a perceber que os sites em que sempre comprava meus livros estavam repletos de livros de gosto um tanto duvidoso. Quando percebi uma moda de “livros biográficos de Youtubers” estava tomando o topo dos livros mais vendidos no Brasil.

Particularmente, não tenho nada contra ler um livro sobre a vida de um adolescente ou jovem adulto como se o mesmo tivesse mérito para ser alvo de interesse. Minha namorada, por exemplo, comprou e leu o livro da Kefera em dois dias. É normal seres humanos terem gostos diferentes, nos interessarmos por assuntos fúteis, pela vida de outrem que de alguma forma se demonstra presente, seja pelo snapchat, seja por um vídeo do Youtube, seja de outra forma. Esse vínculo, principalmente pelos mais carentes, termina por exigir mais e num mundo de conversas de restaurante através do Whatsapp, era de esperar que esse efeito do “companheiro virtual” ganhasse força. Não obstante, o que me preocupa não é o fato de ler um livro desses. O que preocupa é:

  • Jovem lê apenas livro de vloggers;
  • Jovem acha que vlogger virou exemplo para ser seguido;
  • Jovem fica de fanzite aguda;
  • Jovem vira um adulto cheio de ideias fracas que buscou nesses livros;
  • Editoras param de publicar conteúdo interessantíssimo porque os jovens querem livros de vloggers;

Claro que isso necessitaria de uma pesquisa mais aprimorada mas fazendo um silogismo torto:

  • Se as pesquisas apontam que os jovens leem apenas 1,2 livros/ano por iniciativa própria e;
  • Os livros dos vloggers lideram as vendas do país, ocupando os 5 primeiros lugares do Ranking, logo
  • Tenho grande parte dos jovens lendo apenas livros de vloggers;

Eu mesmo conheço ao menos 5 adolescente que leram apenas esses livros de vloggers o ano passado todo. Considerando que não tenho muitos contatos adolescentes, é um número bastante expressivo. Fico pensando em que futuro essas “deficiências” intelectuais podem resultar e a única imagem que minha mente produz como resposta é isso:

Essa menina representa nossa juventude atual que “briga” mas não sabe nem o porquê está brigando! “Eu sou o futuro do país”, diz ela e eu concordo. Um futuro negro onde qualquer um que entenda de Engenharia Social vai poder conduzir a massa de manobra para onde bem entender, já que esse povo, então formado por jovens adultos cheio de idéias dúbias de pouca ou nenhuma clareza, se mostra partidário de tudo que lhe é entregue pois para quem não entende nada qualquer coisa serve!
Esse é o reflexo de uma educação débil, no entanto, eu como muitos milhares de adultos hoje, estudei em escolas públicas minha vida toda e sinceramente, o que me fez sair do “mundinho” limitado da catequese pregada por essas escolas foi justamente a leitura, essa que por sua vez hoje é dominada por livros de vloggers super descolados que tem sua vida vendida em livros como se fossem os descobridores da teoria da Relatividade.

Entendo, porém, que essa “revolução literária”, assim como o sucesso apresentado pelos vloggers em seus vídeos pela Internet se dá por dois fatos simples: a fácil identificação do jovem com o interlocutor virtual (sendo que geralmente esses vídeos tem formato de diálogo com o público) e a vontade do mesmo em ocupar um lugar semelhante, vendo o “status” conferido à essas figuras virtuais.

Talvez esse pensamento anterior demonstre o quanto somos falhos em fazer uma comunicação efetiva e de qualidade para a nossa juventude atual. Os escritores e editoras deveriam começar a pensar por esse ângulo e entender que o conteúdo pode ser de qualidade e vai ser consumido, porém, antes disso é necessário deixá-lo interessante ao olhar do jovem atual. Livros com palavras difíceis, recheados de termos técnicos, com letras pequenas e temas maduros demais provavelmente passaram  longe da atenção juvenil. É preciso que os livros sejam reformulados para se adequar a juventude e para que essa venha a optar por largar todos os outros entretenimentos, tal como Internet e aplicativos de celular e se dedique a ler algo de qualidade e que traga o seu amadurecimento intelectual para um mar de idéias claras e construtivas, para que ele e outros naveguem pelo mar do entendimento e não para as águas do pseudointelectualismo, onde o sofismo impera e o único que controla o leme é os outros e não o próprio.

E aí, qual sua opinião sobre o assunto? Comente.