{"id":6906,"date":"2017-03-02T10:00:43","date_gmt":"2017-03-02T13:00:43","guid":{"rendered":"http:\/\/ahduvido.com.br\/?p=6906"},"modified":"2017-03-06T22:28:01","modified_gmt":"2017-03-07T01:28:01","slug":"10-lendas-amazonicas-que-voce-nao-conhecia","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/ahduvido.com.br\/10-lendas-amazonicas-que-voce-nao-conhecia\/","title":{"rendered":"10 lendas amaz\u00f4nicas que voc\u00ea n\u00e3o conhecia"},"content":{"rendered":"

Ol\u00e1 amigos, hoje vou compartilhar 10\u00a0lendas amaz\u00f4nicas que eu ainda n\u00e3o conhecia. Algumas s\u00e3o bem assustadoras e muitos acreditam ser reais e outras s\u00e3o bem curiosas e fantasiosas. A verdade \u00e9 que nossa regi\u00e3o amaz\u00f4nica sempre foi marcada por lendas,\u00a0por mitos e seres m\u00e1gicos. Estas hist\u00f3rias que vou compartilhar s\u00e3o\u00a0contadas em rodas de conversa ou a beira de um rio. Confira:<\/p>\n

1. Matinta Pereira<\/h2>\n

Esta lenda conta que\u00a0\u00e0 noite, um assobio agudo perturba o sono das pessoas e assusta as crian\u00e7as, \u00a0e o dono da casa deve prometer tabaco ou fumo: “Matinta, pode passar amanh\u00e3 aqui para pegar seu tabaco.”<\/p>\n

No dia seguinte uma senhora idosa aparece na resid\u00eancia onde a promessa foi feita, para buscar o fumo prometido. Esta senhora se transforma todas as noites numa criatura assustadora e\u00a0pode ter duas formas: com ou sem asas. A criatura com asas pode se transformar num p\u00e1ssaro e voar ao redor da casa a ser assombrada. A criatura sem asas anda sempre acompanhada de um p\u00e1ssaro, considerado agourento, e identificado como sendo \u201crasga-mortalha\u201d.<\/p>\n\"10<\/a>\n

Dizem que quando\u00a0Matinta est\u00e1 para morrer, pergunta: “Quem quer? Quem quer?”, e se algu\u00e9m responder “eu quero”, pensando em se tratar de alguma heran\u00e7a de dinheiro ou j\u00f3ias, recebe na verdade a maldi\u00e7\u00e3o de ser Matinta Pereira.<\/p>\n

<\/p>\n

2. Cobra grande<\/h2>\n

A Cobra grande \u00e9 uma lenda amaz\u00f4nica que fala de uma imensa cobra, tamb\u00e9m chamada Boi\u00fana, que cresce de forma desmensurada e amea\u00e7adora, abandonando a floresta e passando a habitar a parte profunda dos rios.<\/p>\n

Ao rastejar pela terra firme, os sulcos que deixa se transformam nos igarap\u00e9s.<\/p>\n\"10<\/a>\n

Conta a lenda que a cobra-grande pode se transformar em embarca\u00e7\u00f5es ou outros seres. Aparece em numerosos contos ind\u00edgenas. Um deles conta que em uma certa tribo ind\u00edgena da Amaz\u00f4nia, uma \u00edndia, gr\u00e1vida da Boi\u00fana, deu \u00e0 luz a duas crian\u00e7as g\u00eameas. Uma delas, m\u00e1, atacava os barcos, naufragando-os.<\/p>\n

Esta hist\u00f3ria tornou-se c\u00e9lebre no poema Cobra Norato, de Raul Bopp, sendo encenado inclusive, em teatros de v\u00e1rios pa\u00edses. A verdadeira cobra grande<\/p>\n

A sucuriju\u00a0ou sucuri\u00a0\u00e9 a temida anaconda da Amaz\u00f4nia: seu comprimento pode atingir mais de 10 metros. Mata suas presas por constri\u00e7\u00e3o, apertando-as at\u00e9 a morte.<\/p>\n

Celebrizada nos filmes de terror, \u00e9 temida pela popula\u00e7\u00e3o ribeirinha, pois habita as \u00e1reas inund\u00e1veis e \u00e9 dotada de grande for\u00e7a, sendo capaz de neutralizar qualquer tentativa de defesa da v\u00edtima.<\/p>\n

3. Lenda da Piripirioca<\/span><\/h2>\n\"10<\/a>\n

A tribo Manau vivia num lugar muito bonito da floresta amaz\u00f4nica. A tribo era conhecida pela beleza das mulheres ind\u00edgenas. Um dia um \u00edndio estranho estava pescando no lago pr\u00f3ximo a tribo. Era Piripari que pescava pir\u00e1s.<\/p>\n

Quando o bando de cunh\u00e3s da tribo Manau o avistou, elas se aproximaram para tentar conhec\u00ea-lo melhor. Uma delas falou:<\/p>\n

“De que terra vens, \u00f3 mo\u00e7o bonito? Tu \u00e9s lindo feito a manh\u00e3.”<\/p>\n

Piripari n\u00e3o as olhou, mas uma das \u00edndias botou a m\u00e3o no ombro dele. Mal a m\u00e3o tocou o mo\u00e7o, ficou toda perfumada. As cunh\u00e3s ficaram maravilhadas.<\/p>\n

“Mo\u00e7o, conta para n\u00f3s qual \u00e9 o teu segredo. Se n\u00e3o contares, o levaremos preso para nossa taba.”<\/p>\n

Mas, ele apenas gritou:<\/p>\n

“Meu nome \u00e9 Piripari!”<\/p>\n

Ao gritar, ele pulou rapidamente no rio, e na linha de pescar levava tr\u00eas cunh\u00e3s.<\/p>\n

As outras mo\u00e7as pediam para ele n\u00e3o ir embora.<\/p>\n

“Piripari, n\u00e3o v\u00e1s, somos amigas e te queremos bem.”<\/p>\n

Elas esperaram por muito tempo que ele voltasse. Sentaram-se na praia e esperaram longamente pelo mo\u00e7o.<\/p>\n

No entanto, Piripari n\u00e3o voltou. Apenas o seu cheiro ficara no vento, um cheiro embriagador que envolvia toda a floresta.<\/p>\n

L\u00e1 longe, Piripari libertou as mo\u00e7as presas \u00e0 linha de pesca. Ele disse a elas:<\/p>\n

“N\u00e3o queiram pensar no meu amor. Ainda n\u00e3o \u00e9 meu tempo de amar, n\u00e3o me esperem mais, cunh\u00e3s Manaus.”<\/p>\n

Apaixonadas por\u00e9m, as cunh\u00e3s permaneceram inconsol\u00e1veis na espera.<\/p>\n

Depois de muito tempo, vendo a tristeza das cunh\u00e3s, apareceu na tribo um jovem feiticeiro chamado Supi. Querendo ajudar as mo\u00e7as, ele disse:<\/p>\n

“Se o cabelo de voc\u00eas tocar Piripari, ele ficar\u00e1 preso. Quando a lua cheia vier, v\u00e3o at\u00e9 a praia onde ele costuma estar e cada uma leve na m\u00e3o um fio de cabelo para amarr\u00e1-lo.’<\/p>\n

No dia marcado, as cunh\u00e3s foram para o rio. Ela viram Supi que estava pescando. Supi puxava a linha e tirou um peixe. Ele enterrou o peixe na areia. A lua subia bem alto. Elas viram que o peixe virava Piripiri.<\/p>\n

As cunh\u00e3s, devagarinho, com os fios de seus cabelos amarraram Piripari. Elas vibravam de contentes.<\/p>\n

Enquanto elas o amarravam ele olhava para o c\u00e9u e cantava uma linda cantiga, mas ele n\u00e3o se mexia. Elas ent\u00e3o queixaram-se a Supi:<\/p>\n

“N\u00f3s o prendemos, mas ele nem se deu conta.”<\/p>\n

O feiticeiro tratou de tranquiliz\u00e1-las:<\/p>\n

“Enquanto ele est\u00e1 cantando a alma dele passeia pelo c\u00e9u, entre as estrelas. N\u00e3o toquem no corpo dele, do contr\u00e1rio ele desperta e a alma ficar\u00e1 no c\u00e9u. Logo que ele despertar, podem lev\u00e1-lo para casa.”<\/p>\n

No entanto, Piripari demorava a acordar. As cunh\u00e3s come\u00e7aram a perder a paci\u00eancia e diziam:<\/p>\n

“Acorda, Piripari.’<\/p>\n

Pura\u00ea, uma das cunh\u00e3s, chegou a tocar no ombro num gesto muito impaciente.<\/p>\n

Neste momento, Piripari se calou e a lua tornou-se escura. Soprou forte um vento frio e as cunh\u00e3s ca\u00edram em sono profundo.<\/p>\n

Quando elas acordaram, no mesmo local onde haviam deixado o corpo de Piripari estava uma pequena planta, uma plantinha apenas, mas de um perfume encantador.<\/p>\n

Neste instante, Supi se aproximou:<\/p>\n

“Me escutem, cunh\u00e3s Manaus. Quem quiser cheiro de encanto, use no banho esta planta que desde hoje passar\u00e1 a se chamar piripirioca, a planta que nasceu de piripiri.”<\/p>\n

E Pura\u00ea, a cunh\u00e3 mais desobediente, de castigo, caiu nos bra\u00e7os de um sapo cururu gigante.<\/p>\n

As outras cunh\u00e3s, entristecidas, voltaram para a taba. Nunca mais Piripari foi visto \u00e0 beira do rio ou cantando uma cantiga. At\u00e9 hoje as caboclas da Amaz\u00f4nia usam a planta cheirosa para conquistar outros mo\u00e7os.<\/p>\n

4. Lenda do Uirapuru<\/h2>\n\"10<\/a>\n

O p\u00e1ssaro de pluma vermelha e canto maravilhoso \u00e9 atingido pela flecha de uma donzela apaixonada, transformando-se num belo e forte guerreiro. Por\u00e9m, um feio e aleijado feiticeiro enciumado, possuidor de uma flauta encantada, atrav\u00e9s de sua linda m\u00fasica faz com que o jovem desapare\u00e7a, restando somente sua bela voz na mata. Dificilmente vemos o uirapuru, mas ouvimos com freq\u00fc\u00eancia seu canto in\u00e9dito. \u00danico do mundo, misteriosa ave de canto lend\u00e1rio, quando o Uirapuru canta, todas as outras aves ao redor se calam e quem ouvir sentir\u00e1 muita paz.<\/p>\n

Poucos dizem ter conseguido ver e ouvi-lo cantando, por\u00e9m descrevem sua plumagem de formas diferentes, confirmando assim uma Lenda que diz, \u201cquando ele permite que o vejam\u201d, aparece sempre disfar\u00e7ado para confundir com outras aves.<\/p>\n

5. Lenda do A\u00e7a\u00ed<\/h2>\n\"10<\/a>\n

Antes de existir a cidade de Bel\u00e9m, capital do Estado do Par\u00e1 na Amaz\u00f4nia, uma tribo muito numerosa ocupava aquela regi\u00e3o. Os alimentos eram escassos e a vida tornava-se cada dia mais dif\u00edcil com a necessidade de alimentar todos os \u00edndios da tribo.
\nFoi a\u00ed que o cacique da tribo, chamado de Itaki tomou uma decis\u00e3o muito cruel. Ele resolveu que a partir daquele dia todas as crian\u00e7as que nascessem seriam sacrificadas para evitar o aumento de \u00edndios da sua tribo.<\/p>\n

Um dia, no entanto, a filha do cacique, que tinha o nome de IA\u00c7\u00c3, deu \u00e0 luz uma linda menina, que tamb\u00e9m teve de ser sacrificada. IA\u00c7\u00c3 ficou desesperada e todas as noites chorava de saudades de sua filhinha.<\/p>\n

Durante v\u00e1rios dias, a filha do cacique n\u00e3o saiu de sua tenda.\u00a0Em ora\u00e7\u00e3o, pediu \u00e0 Tup\u00e3 que mostrasse ao seu pai uma outra maneira de ajudar seu povo, sem ter que sacrificar as pobres crian\u00e7as. Depois disso, numa noite de lua, IA\u00c7\u00c3 ouviu um choro de crian\u00e7a. Aproximou-se da porta de sua oca e viu sua filhinha sorridente, ao p\u00e9 de uma esbelta palmeira. Ficou espantada com a vis\u00e3o, mas logo depois, lan\u00e7ou-se em dire\u00e7\u00e3o \u00e0 filha, abra\u00e7ando-a. Mas, misteriosamente a menina desapareceu.<\/p>\n

IA\u00c7\u00c3 ficou inconsol\u00e1vel e chorou muito at\u00e9 desfalecer.\u00a0No dia seguinte seu corpo foi encontrado abra\u00e7ado ao tronco da palmeira. No rosto de IA\u00c7\u00c3 havia um sorriso de felicidade e seus olhos negros fitavam o alto da palmeira, que estava carregada de frutinhos escuros.<\/p>\n

O cacique Itaki ent\u00e3o, mandou que apanhassem os frutos em alguidar de madeira, o qual amassaram e obtiveram um vinho avermelhado que foi batizado de A\u00c7A\u00cd, em homenagem a IA\u00c7\u00c3 (invertido \u00e9 igual a a\u00e7a\u00ed).<\/p>\n

Com o a\u00e7a\u00ed, o cacique alimentou seu povo e, a partir deste dia, suspendeu sua ordem de sacrificar as crian\u00e7as em respeito pela vida.<\/p>\n

6. Lenda do Mapinguari<\/h2>\n

Mapinguari.\u00a0Os caboclos contam que dentro da floresta vive o Mapinguari, um gigante peludo com um olho na testa e a boca no umbigo. Para uns, ele \u00e9 realmente coberto de pelos, por\u00e9m usa uma armadura feita do casco da tartaruga, para outros, a sua pele \u00e9 igual ao couro de jacar\u00e9.<\/p>\n

H\u00e1 quem diga que seus p\u00e9s tem o formato de uma m\u00e3o de pil\u00e3o. OMapinguari\u00a0emite um grito semelhante ao grito dado pelos ca\u00e7adores. Se algu\u00e9m responder, ele logo vai ao encontro do desavisado, que acaba perdendo a vida.<\/p>\n\"10<\/a>\n

A criatura \u00e9 feroz e n\u00e3o teme nem ca\u00e7ador, porque \u00e9 capaz de dilatar o a\u00e7o quando sopra no cano da espingarda. Os ribeirinhos amaz\u00f4nicos contam muitas hist\u00f3rias de grandes combates entre o\u00a0Mapinguari e valentes ca\u00e7adores.<\/p>\n

O\u00a0Mapinguari\u00a0sempre leva vantagem e os ca\u00e7adores que conseguem sobreviver, muitas vezes ficam aleijados ou com terr\u00edveis marcas no corpo para o resto de suas vidas. H\u00e1 quem diga que o Mapinguari s\u00f3 anda pelas florestas de dia, guardando a noite para dormir.<\/p>\n

Quando anda pela mata, vai gritando, quebrando galhos e derrubando \u00e1rvores, deixando um rastro de destrui\u00e7\u00e3o. Outros contam que ele s\u00f3 aparece nos dias santos ou feriados.<\/p>\n

Dizem que ele s\u00f3 foge quando v\u00ea um bicho-pregui\u00e7a. O que ningu\u00e9m explica \u00e9 porque ele tem medo justamente do seu parente, j\u00e1 que \u00e9 considerado um bicho-pregui\u00e7a pr\u00e9-hist\u00f3rico.<\/p>\n

7. Lenda do Monte Roraima<\/h2>\n

Os \u00edndios Macuxi contam que antigamente, NO LOCAL onde hoje existe o Monte Roraima, existiam apenas terras baixas e alagadi\u00e7as, cheias de igap\u00f3. AS tribos que viviam naquela \u00e1rea n\u00e3o precisavam disputar comida, pois a ca\u00e7a e a pesca eram fartas. Uma vez, nasceu um belo p\u00e9 de bananeira. A estranha planta cresceu muito r\u00e1pido e deu bel\u00edssimos e apetitosos frutos.<\/p>\n

Os paj\u00e9s avisaram a todos que aquele vegetal era um ser sagrado e que como tal seus frutos eram proibidos para qualquer pessoa da tribo. Eles disseram ainda que caso algu\u00e9m desobedecesse a regra e tentasse comer uma fruta daquelas, desgra\u00e7as terr\u00edveis aconteceriam: a ca\u00e7a se tornaria rara, AS frutas secariam e at\u00e9 a terra iria tomar um formato diferente. Era permitido comer de tudo, menos os frutos da bananeira sagrada.<\/p>\n\"10<\/a>\n

Todos passaram a temer e a respeitar AS ordens dos paj\u00e9s. Mas houve um dia em que, ao amanhecer, todos correram para ver com espanto a primeira desgra\u00e7a de muitas que ainda estavam por vir: um cacho da bananeira havia sido decepado. Todos se perguntavam, mas ningu\u00e9m sabia dizer quem poderia ter feito aquilo. Antes que tivessem tempo para descobrir o culpado, a previs\u00e3o dos mais velhos come\u00e7ou a acontecer.<\/p>\n

A terra come\u00e7ou a se mover e os c\u00e9us tremiam em trov\u00f5es. Todos os animais, da terra ou do c\u00e9u, bateram em retirada. Um dil\u00favio come\u00e7ou a despencar e um enorme monte come\u00e7ou a brotar rasgando aquelas alagadas terras. E foi assim que nasceu o Monte Roraima.<\/p>\n

\u00c9 por tudo isso que, at\u00e9 os dias de hoje, acredita-se que o monte Roraima chora quando de suas pedras caem pequenas gotas de \u00e1gua cristalina.<\/p>\n

8. Muiraquit\u00e3<\/h2>\n

Muiraquit\u00e3 \u00e9 o nome dado pelos \u00edndios a pequenos amuletos trabalhados em forma de animal, geralmente representando sapos. S\u00e3o feitos de pedras de cor verde, ou de minerais como a nefrita. A lenda afirma que o muiraquit\u00e3 era oferecido como presente pelas guerreiras Icamiabas (que significa “mulheres sem marido”) aos homens que visitavam anualmente a sua taba, na regi\u00e3o do Rio Nhamund\u00e1.<\/p>\n\"10<\/a>\n

Uma vez por ano, durante a festa dedicada \u00e0 lua, as Icamiabas recebiam os guerreiros Guacaris, com os quais se acasalavam como se fossem seus maridos. \u00c0 meia- noite, elas mergulhavam nos rios e traziam \u00e0s m\u00e3os um barro verde, ao qual davam formas variadas: de sapo, tartaruga e outros animais, e presenteavam seus amados. Retirado ainda mole do fundo do rio e moldado pelas mulheres, o barro endurecia ao contato com o ambiente. Os objetos eram, ent\u00e3o, enfiados em tran\u00e7as de cabelos das noivas, e usados como amuleto pelos guerreiros. At\u00e9 hoje, o Muiraquit\u00e3 \u00e9 considerado objeto sagrado, e acredita-se que traz felicidade, sorte e tamb\u00e9m cura a quase todas as doen\u00e7as a quem o possui .<\/p>\n

9. Lenda das Amazonas<\/h2>\n

Historiadores afirmam que o navegador Orelhana, cuja aventura vimos antes, n\u00e3o combateu com mulheres. Na verdade, teria se defrontado com uma tribo de \u00edndios encabelados, os quais, na guerra, eram auxiliados pelas mulheres, da\u00ed Orelhana ter se confundido. Mas outro inclusive frei Gaspar de Carvajal, que participou da expedi\u00e7\u00e3o, d\u00e3o o testemunho da exist\u00eancia das mulheres guerreiras, no que s\u00e3o acompanhados por descri\u00e7\u00f5es de diversos \u00edndios… Mas estes n\u00e3o falavam em amazonas, at\u00e9 porque n\u00e3o sabiam o que significava.<\/p>\n\"10<\/a>\n

Os \u00edndios falavam em Icamiabas, que significa “mulheres sem maridos”. As Icamiabas viviam no interior da regi\u00e3o do Rio Nhamund\u00e1, sozinhas. Ali, eram regidas por suas pr\u00f3prias leis. A regi\u00e3o era denominada por estes aventureiros de Pa\u00eds das Pedras Verdes e era guardada por diversas tribos de \u00edndios, das quais a mais pr\u00f3xima das Icamiabas era a dos Guacaris. E por que a denomina\u00e7\u00e3o de Pa\u00eds das Pedras Verdes? Porque era justamente da\u00ed que se originavam os muiraquit\u00e3s, as famosas pedras verdes… Dizia-se que as Icamiabas realizavam uma festa anual dedicada \u00e0 lua e durante a qual recebiam os \u00edndios Guacaris, com os quais se acasalavam. Depois do acasalamento, mergulhavam em um lago chamado Iaci-uaru\u00e1 (Espelho da Lua) e iam buscar, no fundo, a mat\u00e9ria-prima com que moldavam os muiraquit\u00e3s, os quais, ao sa\u00edrem da \u00e1gua, endureciam. Ent\u00e3o presenteavam os companheiros com os quais tinham feito amor… Os que recebiam, usavam orgulhosamente pendurados ao pesco\u00e7o. No ano seguinte, na realiza\u00e7\u00e3o da festa, as mulheres que tinham parido ficavam com as filhas e entregavam os filhos para os Guacaris… De qualquer forma, quando se pronuncia Amaz\u00f4nia, n\u00e3o se pode deixar de pensar em muiraquit\u00e3s e em mulheres guerreiras, mas tamb\u00e9m amorosas, como, ali\u00e1s, s\u00e3o as mulheres da Regi\u00e3o Amaz\u00f4nica…<\/p>\n

Era no Lago Verde que as Amazonas faziam seus muiraquit\u00e3s<\/span><\/strong><\/h3>\n

Motivos semelhantes levam esse grande contingente populacional a se deslocar para Alter-do-Ch\u00e3o, uma vila tur\u00edstica localizada na margem direita do rio Tapaj\u00f3s e ligada por via rodovi\u00e1ria \u00e0 cidade de Santar\u00e9m. O rio Tapaj\u00f3 possui caracter\u00edstica \u00fanica entre os afluentes do Amazonas ? suas \u00e1guas s\u00e3o cristalinas ? e, em frente \u00e0 vila, com a descida das suas \u00e1guas durante o ver\u00e3o, surge uma lagoa cor de esmeralda cercada por bancos de areia branca apropriadamente denominada de ?Lago Verde?. O Lago Verde, tamb\u00e9m chamado de Lago dos Muiraquit\u00e3s, era ponto de passagem obrigat\u00f3rio das \u00edndias Amazonas.<\/p>\n

Amazonas foi o nome dado \u00e0s mulheres guerreiras da Antiguidade que habitavam a \u00c1sia Menor e cuja exist\u00eancia alguns historiadores consideravam um mito. Segundo a lenda, elas removiam um dos seios para melhor envergar o arco, deixando o outro para amamentar seus rebentos, que, se nascessem do sexo masculino, eram impiedosamente sacrificados. Amazonas, ali\u00e1s, quer dizer sem seios (?mazos?) em grego. No s\u00e9culo XVI, essa designa\u00e7\u00e3o foi dada a mulheres com as mesmas caracter\u00edsticas, cuja exist\u00eancia hist\u00f3rica \u00e9 discutida e que combaterem os conquistadores espanh\u00f3is no baixo-Amazonas.<\/p>\n

Era no Lago Verde, considerado sagrado pelos ind\u00edgenas, que as Amazonas recolhia a nefrite (um mineral esverdeado), para produzir seu muiraquit\u00e3s, pequenos artefatos talhados na referida pedra em forma de sapos, tartarugas e serpentes, e ao qual se atribuem virtudes de amuleto. Os muiraquit\u00e3s eram oferecidos \u00e0 m\u00e3e lua, em troca de favores. Diz \u00e0 lenda que no fundo do lago h\u00e1 uma pedra m\u00e1gica escondida. \u00c9 essa pedra que d\u00e1 ao lago a sua cor azul nas primeiras horas da manh\u00e3, mas que se transforma num verde intenso, durante o dia. Na realidade, isso pode ser o efeito do sol penetrando as \u00e1guas transparentes e iluminando o fundo do lago, rico em nefrita.<\/p>\n

10. Lenda dos rios Xingu e Amazonas<\/h2>\n

A origem dos rios\u00a0Xingu\u00a0e\u00a0Amazonas\u00a0tamb\u00e9m faz parte do imagin\u00e1rio ind\u00edgena. Dizem que antigamente era tudo seco. Na floresta amaz\u00f4nica n\u00e3o tinha \u00e1gua nem rio.\u00a0A ave Juriti era a dona da \u00e1gua e\u00a0a guardava em tr\u00eas tambores.<\/p>\n

Certo dia,\u00a0os tr\u00eas\u00a0filhos de Cina\u00e3 estavam com sede e foram pedir \u00e1gua para o passarinho. Ele n\u00e3o\u00a0deu e disse:<\/p>\n

– Seu pai \u00e9 Paj\u00e9 muito grande, por que n\u00e3o d\u00e1 \u00e1gua para voc\u00eas?<\/p>\n

\"10<\/a>
\nEles\u00a0\u00a0voltaram para casa chorando muito. Cina\u00e3 perguntou porque estavam chorando e eles contaram. Cina\u00e3 disse para eles n\u00e3o irem mais l\u00e1 que era perigoso, tinha peixe\u00a0 grande dentro dos tambores. Mas eles foram assim mesmo e quebraram os tambores. Quando a \u00e1gua saiu, Juriti virou bicho.<\/p>\n

Os irm\u00e3os pularam longe, mas o peixe grande que estava l\u00e1 dentro engoliu Rubiat\u00e1 (um dos irm\u00e3os) , que ficou com as pernas para\u00a0fora da boca do peixe. \u00a0Os outros dois irm\u00e3os come\u00e7aram a correr e foram fazendo rios e cachoeiras com a corrida. O peixe grande foi atr\u00e1s levando \u00e1gua e fazendo o rio Xingu.<\/p>\n

Continuaram\u00a0 a correr at\u00e9 chegar no Amazonas. L\u00e1 os irm\u00e3os pegaram Rubiat\u00e1, que estava morto. Cortaram suas pernas, pegaram o sangue e sopraram. Rubiat\u00e1 virou gente novamente. Depois eles sopraram a \u00e1gua l\u00e1 no Amazonas e o rio ficou muito largo.<\/p>\n

Voltaram para casa e disseram que haviam quebrado os tambores e que teriam \u00e1gua por toda a vida para beber.<\/p>\n

Fontes S\u00f3 hist\u00f3ria<\/a> \/ Lendas Amaz\u00f4nicas<\/a> \/ Amaz\u00f4nia de A a Z<\/a><\/p>\n

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Ol\u00e1 amigos, hoje vou compartilhar 10\u00a0lendas amaz\u00f4nicas que eu ainda n\u00e3o conhecia. Algumas s\u00e3o bem assustadoras e muitos acreditam ser reais e outras s\u00e3o bem curiosas e fantasiosas. A verdade \u00e9 que nossa regi\u00e3o amaz\u00f4nica sempre foi marcada por lendas,\u00a0por mitos e seres m\u00e1gicos. Estas hist\u00f3rias que vou compartilhar s\u00e3o\u00a0contadas em rodas de conversa ou […]<\/p>\n","protected":false},"author":13,"featured_media":6916,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[490],"tags":[1107,248,205,128,49,117],"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/ahduvido.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/6906"}],"collection":[{"href":"https:\/\/ahduvido.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/ahduvido.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/ahduvido.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/users\/13"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/ahduvido.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=6906"}],"version-history":[{"count":0,"href":"https:\/\/ahduvido.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/6906\/revisions"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/ahduvido.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/media\/6916"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/ahduvido.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=6906"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/ahduvido.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=6906"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/ahduvido.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=6906"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}