O mistério do filme Inferno

03/12/2016
Capa do filme

Você tem apenas duas alternativas: matar metade da população mundial imediatamente ou permitir que a raça humana seja extinta em apenas 100 anos. Qual dessas duras opções você escolheria? Você preferiria ser encarado com o salvador da humanidade que matou bilhões de pessoas? Ou aquele que não evitou a aniquilação humana quando teve oportunidade?

Essa é a escolha apresentada a Robert Langdon, protagonista do novo filme inspirado em mais uma obra de Dan Brown. Essa já é a terceira produção adaptada do escritor, que está por trás de sucessos como “O Código da Vinci” e “Anjos e Demônios”.

O filme foi batizado em homenagem a uma das obras mais duradouras e misteriosas de todos os tempos para a humanidade: “Inferno”, de Dante Alighieri. Mas qual é a relação dessa produção com fatos históricos que de fato aconteceram? Será mesmo que o enredo baseado na obra de Dan Brown traz algum lampejo inspirado na nossa realidade?

Os mistérios de “Inferno”

Os livros de Dan Brown são cheios de mistérios e mexem com aspectos que intrigam a humanidade. O “Código da Vinci”, por exemplo, fala sobre o Opus Dei. A obra “Anjos e Demônios”, por sua vez, aborda o Illuminati. Ou seja, o autor já se inspirou nas duas maiores organizações secretas e misteriosas de todo o mundo.

Agora, na terceira adaptação ao cinema, temos como foco o livro “Inferno”, inspirado na obra homônima de Dante Alighieri. Caso você não saiba, essa é apenas uma parte da obra “A Divida Comédia”, que é um dos poemas mais famosos e misteriosos de todo o mundo.

São tantas incertezas acerca desse livro que pessoas passam a vida toda estudando seu conteúdo sem conseguir compreendê-lo corretamente. Por isso, é de se esperar que um filme inspirado nessa obra chamasse tanta atenção. Afinal, estamos falando de mistérios como as “9 Camadas do Inferno”, “O Mapa do Inferno” (baseado na pintura de Sandro Botticelli), a máscara mortuária de Dante, os conceitos matemáticos de Malthus e muito mais.

As 9 Camadas do Inferno

As 9 Camadas do Inferno

Esse conceito, também chamado de “Os 9 Círculos do Inferno”, retrata uma visão medieval de como seria o local para onde os pecadores vão após sua morte. Além das nove camadas de sofrimento, há ainda Três Vales, Dez Fossos e Quatro Esferas, o que representa muito bem a visão concêntrica daquela época.

De acordo com a obra de Dante Alighieri, o inferno teria sido criado depois da queda de Lúcifer do céu. O anjo teria caído em Jerusalém, lugar conhecido com a Terra Santa. É por isso que muitos consideram que é lá que está localizado o portal para o inferno.

As nove camadas representariam a gravidade do pecado. Quanto maior a transgressão, mais fundo o ímpio vai permanecer. Os círculos mais superficiais seriam reservados para os pecados mais brandos. De acordo com o conceito dantesco, a traição é o pecado mais grave. Quem cometê-lo irá para a parte mais funda do inferno.

  • Primeiro Círculo, o Limbo (virtuosos pagãos)
  • Segundo Círculo, Vale dos Ventos (luxúria)
  • Terceiro Círculo, Lago de Lama (gula)
  • Quarto Círculo, Colinas de Rochas (ganância)
  • Quinto Círculo, Rio Estige (ira)
  • Sexto círculo, Cidade de Dite/Dis (heresia)
  • Sétimo círculo, Vale do Flegetonte (violência)
  • Oitavo círculo, o Maleboge (fraude)
  • Nono Círculo, lago Cocite (traição)

O Mapa do Inferno

O Mapa do Inferno

A obra de Dante Alighieri é constantemente mencionada na adaptação do livro de Dan Brown. Isso já seria o suficiente para ascender várias horas de conversa sobre o assunto. Porém, o filme “Inferno” apresenta mais uma obra igualmente misteriosa para o público: “O Mapa do Inferno”, pintura de Sandro Botticelli.

Como de costume nos filmes anteriores dirigidos por Ron Howard, “Inferno” apresenta uma série de mistérios que precisam ser desvendados durante a trama. Um dos mais interessantes é uma mensagem subliminar que aparece exatamente na obra de Botticelli. Na parte de baixo da ilustração, é possível ver a seguinte inscrição: verità è visibile soolo attraverso gli occhi della morte, ou em tradução livre, “a verdade só pode ser vislumbrada através dos olhos da morte”.

É aí que existe a deixa para uma das frases mais icônicas do filme: “O Inferno de Dante não é ficção, é profecia”. Ou seja, dá a entender que as 9 Camadas do Inferno é algo que existe de verdade, algo do qual os pecadores não poderão escapar. Todo esse mistério é muito bem representado pelas alucinações do protagonista Robert Langdon. Cheio de efeitos especiais, as cenas mostram o provável “futuro da humanidade”.

A máscara mortuária e a Teoria Malthusiana

A máscara mortuária de Dante Alighieri, Inferno

Outro artefato que marca presença na adaptação da obra de Dan Brown é a máscara mortuária de Dante. Esse artefato é uma representação em gesso do rosto de uma pessoa recém-falecida. No caso de Alighieri, o objeto escondia uma charada deixada pelo geneticista bilionário Bertrand Zobrist.

A resolução dessa enigmática charada resulta no conhecimento de uma praga que o geneticista havia desenvolvido para aniquilar metade da população mundial. Zobrist, que havia cometido suicídio, era um cientista radical que acreditava fortemente na Teoria Malthusiana de que a capacidade de produzir alimentos crescia em progressão aritmética e a população em progressão geométrica. Ou seja, era uma questão de tempo até que a humanidade fosse extinta.

O restante da trama do filme – e do livro – resume-se em tentar parar essa praga que vai aniquilar a raça humana. Mas não precisa ficar preocupado: não vamos dar spoilers e revelar o que acontece no final das obras. Porém, toda essa história levanta um questionamento bastante complexo: será que a humanidade precisa de uma limpa ou conseguirá reverter as previsões pessimistas da Teoria Malthusiana?