Como proteger o cérebro contra a demência?

06/05/2013

Se duas pessoas sofrerem de um derrame cerebral parece lógico pensar que os efeitos sobre as funções mentais seriam graves em proporções iguais. No entanto, isto nem sempre acontece, pois algumas pessoas parecem ter o cérebro mais protegido do que outros na patologia cerebral. O que determina isso? Dentre outras coisas, por causa da nossa “reserva cognitiva”.

A hipótese de reserva sugere que níveis mais elevados de reserva cerebral (melhor preservação das estruturas cerebrais) e de reserva cognitiva (habilidades mentais anteriores, inteligência e uso de estratégia), melhoram o desempenho de habilidades como a memorização ou a atenção em uma situação de patologia cerebral. A reserva cognitiva tem sido descrito como benéfico, e age como um tampão para os efeitos da lesão cerebral e até mesmo como um fator preventivo da doença de Alzheimer.

Recentes descobertas apontam para a idéia de que uma boa reserva cognitiva é importante não só no que diz respeito à idade avançada ou ao estabelecer um processo de demência. Parece que na meia-idade ela tem um papel na cognição e na relação entre a estrutura do cérebro. Isso foi publicado este ano na revista Neuropsychologic. O estudo, realizado por uma equipe da Universidade de La Jolla, em San Diego, Califórnia, mostra que a relação entre o desempenho em um teste de memória e o hipocampo é mediada por este conceito chamado de “reserva cognitiva.” O hipocampo é uma estrutura em forma de cavalo-marinho localizado dentro do cérebro no aspecto medial dos lobos temporais, o que é essencial para o aprendizado e a memória. Sabe-se que as pessoas com menor volume do hipocampo têm um pior desempenho na memória episódica.

Outro fato descoberto pelos pesquisadores foi que os participantes que tinham um volume do hipocampo menor também teriam notas mais baixas em testes de memória, mas só quando o seu nível de reserva cognitiva também eram menores. Esta reserva cognitiva foi medida por meio de testes de vocabulário, raciocínio aritmético e habilidades visuais em 494 homens com idade média de 20 anos. Mais tarde, quando os participantes já estavam na casa dos cinquenta anos, o tamanho do hipocampo foi medido através de ressonância magnética e outros testes neuropsicológicos foram aplicados para avaliar a memória. E o que eles descobriram foi surpreendente. Aqueles com maior reserva cognitiva, com o funcionamento cognitivo melhor no geral aos 20 anos, também tiveram uma melhor memória na meia-idade. Mas o mais importante é que eles encontraram uma interação significativa entre a capacidade mental geral aos 20 anos e o tamanho do hipocampo nos anos cinquenta. Assim, apenas os participantes que tiveram níveis mais baixos de desempenho cognitivo em geral aos 20 anos, mostrou falhas de memória na meia idade, por causa do menor tamanho do hipocampo.

Como posso aumentar a minha reserva cognitiva?

Esta constatação reforça a necessidade de manter nosso cérebro em forma desde muito cedo na vida, porque cada vez mais as nossas capacidades de hoje podem nos proteger de um declínio no futuro das nossas capacidades cognitivas, que acontece quando nosso cérebro fica mais velho ou é afetado por doenças específicas. Cultivar a memória, a atenção, cálculo, as nossas capacidades de percepção, participar de programas específicos de formação e se divertir é a melhor escolha, mas os passa-tempo tradicionais e uma boa leitura também ajudam bastante na prevenção da saúde mental!

A chave é sempre mantermos nossa mente ativa!

Texto traduzido de Marisa Fernández, Neuropsicóloga Senior, Unobrain