200 Criaturas Míticas – Parte 3

14/05/2014
200 criaturas míticas e suas lendas sensacionais. Saiba sobre Rá, o deus do sol e mais:Néftis, Sobek, Nut, Ápis, Bastet, Ísis, Maat neste mega post

 

Olá galerinha, tudo certo? Depois de dois anos luz afastado do blog, estou retornando. Tive que me afastar depois que recebi uma promoção na empresa em que trabalho, arcar com as novas responsabilidades – que não eram poucas – e isso consumiu todo o meu tempo. Porém, consegui me organizar e agora estou de férias, então é muito provável que vocês novamente comecem a ver meus posts por aqui.

Para começar, ressuscitando a série das Criaturas Míticas, irei dar continuidade até atingir o prometido: 200 criaturas. Vocês irão perceber que essa edição foi completamento voltada a mitologia egípcia. Para quem não acompanhou a parte 1 e 2, deixo o link logo abaixo do post.

Confira:

165. Amon

Amon, Ámon ou Amun (em grego Ἄμμων, transl. Ámmon, ou Ἅμμων, Hámmon; em egípcio Yamānu) foi um deus da mitologia egípcia, visto como rei dos deuses e como força criadora de vida. Deus local de Karnak, constitui uma família divina com sua esposa Mut e seu filho Khonsu.

O nome de Amon foi registrado pela primeira vez no idioma egípcio como ỉmn, que significa “O escondido”. Como as vogais não eram escritas nos hieróglifos egípcios, egiptólogos reconstruíram a pronúncia de seu nome como Yamānu (/jamaːnu/). O nome sobreviveu no copta como Amoun.

Identificado com o sol, era representado de várias formas: como animal, como homem com cabeça de animal ou como um homem normal com um barrete encimado por duas grandes plumas. Os animais a ele associados eram o ganso e o carneiro. Por isso, este deus podia ser representado sob estas formas, embora a de ganso fosse muito rara. Os sacerdotes que prestavam culto a este deus vestiam túnica branca com capa de pele de leopardo, tinham de rapar a cabeça e não podiam caçar animais relacionados ao deus, nem usar peruca. Por volta do ano 2000 a.C., Amon era o principal deus dos egípcios. Seiscentos anos mais tarde, o Faraó Amenófis IV preocupado com o grande poder que os sacerdotes deste deus tinham alcançado, tentou substituir o seu culto pelo de Aton. Porém, à sua morte, o seu sucessor, o Faraó Tutancâmon, fez com o todo o Egito passasse a prestar de novo culto a Amon. O culto a este deus haveria de acabar definitivamente quando os assírios, no ano 663 a.C., conquistaram Tebas e impuseram o culto aos seus deuses.

O deus Amon era acompanhado de sua mulher Mut (representada num corpo de mulher, mas com cabeça de abutre ou coroas).

164. Khepri

Khepri (também Kheper, Khepera, Khepra, Khepre, Khepere) é o nome de uma divindade egípcia. Khepri é associado com a imagem do escaravelho, cujo comportamento de ficar carregando bolas de estrume é comparado as forças que fazem mover o Sol.

Khepri gradualmente veio a ser considerado como uma encarnação do próprio Sol, e por isso tornou-se uma das formas do Deus do Sol. Segundo a Religião Egípcia, ele era responsável por “rolar” o sol para fora do Duat no final da sua jornada, também representava o renascimento diário de Rá.

O deus Khepera criou-se a partir da matéria primordial ao dizer seu próprio nome, em seguida ele procriou os deuses Shu e Tefnut, formando a primeira trindade. De Shu e Tefnut nasceram Geb e Nut.

Nut, esposa de Geb, foi a mãe de Osíris, Horus, Seth, Ísis e Néftis, em um único parto.

Como o escaravelho deixa os ovos nos corpos mortos de vários animais, incluindo outros escaravelhos, e no esterco, daí emergindo para o nascimento, os antigos egípcios acreditavam que os escaravelhos estavam carregados da substância da morte.

Por isso, associavam ainda Khepri ao renascimento (ou reencarnação), renovação e ressurreição. De fato, o símbolo do escaravelho Khepri em egípcio antigo significa tornar-se. Como resultado disso, quando o culto do deus-Sol rival Rá alcançou significado, Khepri foi identificado como uma variante de Rá (o aspecto do Sol na manhã ou madrugada).

Consequentemente, quando Rá Amon se tornou a identidade de um mesmo deus (Amon-Rá), determinou-se que Khepri era a forma de Rá quando jovem, em conflito com Nefertum, que era o Atum jovem. Isto tudo gerou uma cosmogonia onde Rá, como Khepri, foi resultado da atividade da Ogdóade e emergiu de uma flor de lótus azul apenas para ser imediatamente transformado em Nefertum que, depois de crescer, gerou a Enéade.

163. Bes

Embora existisse devoção popular para com os grandes deuses do panteão egípcio, o povo preferia cultuar divindades mais rústicas que, provavelmente, poderiam atender melhor às suas modestas aspirações. O deus Bes, de origem africana ou semítica, era uma delas. Apesar de sua aparência medonha, era inteiramente inofensivo. Tinha o aspecto de um pequeno gnomo barbado que exibia seu corpo nu e disforme e mostrava a língua de maneira provocante. Com rosto em forma de máscara, de cabelos desgrenhados e dotado de cauda, frequentemente estava coberto com peles de leão. Devotava-se a distrair e proteger os homens contra todos os malefícios.

Sua face repulsiva e grotesca punha em fuga as forças malígnas e fazia rir aquele a quem ele amparava. Sendo uma divindade doméstica, protegia o dia-a-dia das pessoas, afastava o mau-olhado e era muito popular entre os egípcios. Considerado o patrono da música, da boa mesa, do divertimento, das mulheres grávidas e dos partos, era também o protetor da família e companheiro de folguedos das crianças. A origem dessa divindade familiar é obscura e não deixou traços na literatura religiosa. Em compensação ela está constantemente presente em objetos domésticos como pés ou cabeceiras de cama e artigos de toalete de todo tipo. Após a morte do indivíduo, Bes continuava protegendo o falecido em sua nova morada e prosseguia na função benéfica de repelir as forças maléficas.

O egiptólogo Alan W. Shorter assim descreve esse deus:

Bes é representado como um anão manco, sendo sua cabeça às vezes coberta por uma fileira de penas. Parece ter assumido originariamente a forma de um leão ou de algum outro membro selvagem da tribo dos felídeos, pois muitas vezes é figurado com orelhas, juba e rabo semelhantes aos dessas criaturas; já em outras versões o artista interpreta esses elementos como pertencentes a uma pele que o deus usa sobre o corpo. Esse deus era bastante popular, a julgar pela infinidade de berloques e amuletos confeccionados com sua figura. Especialmente associado aos prazeres humanos de toda espécie, sua figura cordial costumava adornar os pés das camas de casal, ou então era representado a tocar um pandeiro, incentivando seus adoradores a cantarem e a se divertirem. Nas figuras talhadas em alguns cetros mágicos de marfim, ele é mostrado no ato de estrangular e devorar serpentes, a fim de proteger a humanidade desses répteis nocivos.

Bes frequentemente é representado tocando vários instrumentos musicais, especialmente um tambor ou um pandeiro. Parece lógico estando ele associado à gravidez e ao parto, uma vez que a música é importante na celebração de um nascimento feliz. Vários fragmentos de pintura mural encontrados nas residências de Deir el-Medina mostram este deus dançando e tocando. Sem dúvida o papel mais importante atribuído a ele era a proteção da mãe e da criança durante o perigoso momento do parto. Um encantamento para evitar as complicações do nascimento deveria ser recitado quatro vezes diante de uma figura de barro da divindade colocada na cabeça da mulher em trabalho de parto. De acordo com um mito, ele apaziguara a enfurecida deusa Hátor numa ocasião em que ela, amuada, se refugiara em Philae, tocando pandeiro e harpa para ela e, em função disso, ele é visto tocando os dois instrumentos nas colunas do templo daquela deusa em Philae. Também existem várias representações de Bes portando uma faca, com a qual lutava contra as forças malignas.

162. Uadjit

Uadjit é a deusa padroeira do Baixo Egito (o que correspondia à região do Delta do Nilo). O nome significa “A verde” (cor das serpentes) e “A da cor do papiro” (numa alusão à planta do papiro, que teria sido por ela criada e que era a planta heráldica do Baixo Egipto). O nome desta deusa pode também ser escrito como Uto ou Edjo. Uadjit começou por ser uma deusa ligada à vegetação tendo se transformado numa deusa da realeza. Representava o Baixo Egipto sendo frequente surgir com a deusa correspondente do Alto Egipto, Nekhbet.Esta deusa foi integrada na lenda de Osíris, na qual é ela quem toma conta do pequeno Hórus, escondido nos pântanos do Delta, o qual alimentou com o seu leite, enquanto Ísis procurava por Osíris. Era representada como mulher com cabeça de serpente e que tem na cabeça a coroa vermelha do Baixo Egipto (coroa decheret). Poderia também ser representada como uma mulher com cabeça de leoa, quando se pretendia aludir ao aspecto de defensora da realeza. Surgia igualmente como uma serpente alada ou como uma cobra enrolada dentro de um cesto de papiros.

161. Montu

Montu é o deus da Guerra bastante primitivo dos egípcios e já aparece mencionado no Império Antigo (c. 2575 a 2134 a. C.) e é citado nos Textos das Pirâmides.

Originalmente essa divindade estava ligada a Buchis, o touro sagrado adorado em Hermôntis que simbolizava o poder da fertilidade. No decorrer da XI dinastia (c. 2134 a 1991 a. C.) Montu recebeu um culto especial e vários soberanos adotaram o nome de Mentuhotepe (Montu está contente), incorporando, assim, o nome da divindade ao seu próprio nome. Em Hermôntis foi erguido um santuário dedicado ao deus, protetor da dinastia, e o deus e seu templo passaram a ser considerados como dos mais importantes da região tebana. Foi então, provavelmente, que se criou a personalidade guerreira da divindade. Vitórias conseguidas pelos reis eram atribuídas à força que Montu lhes proporcionava como senhor da guerra e de Tebas. No Império Novo (c. 1550 a 1070 a. C.) os faraós, belicosos que eram, faziam questão de se equiparar a esse deus, ressaltando que no decorrer das batalhas encarnavam a coragem e a força guerreira do deus Montu. Um templo a ele dedicado foi construído durante a XVIII dinastia no santuário de Karnak. Nessa época a divindade era representada com uma clava, um machado e um arco nas mãos e acreditava-se que o faraó fosse seu filho. No Terceiro Período Intermediário (c. 1070 a 712 a. C.) foi adorado em templos da Núbia com o nome de Uronarti.

A Egiptologa Elisabeth Delange nos explica que Montu era adorado sob duas formas animais:

a do touro — para exprimir sua função de deus “engendrador” e sob a forma de falcão — na qualidade de deus “regenerador”. E a autora prossegue: A personalidade solar de Montu abrange as virtudes guerreiras e agressivas da realeza. Ele passa por ter massacrado os inimigos do Sol. Também encarna o vigor e, patrono das armas, protege o faraó no combate. Foi ele, por exemplo, que protegeu Ramsés II (c. 1290 a 1224 a.C.) na guerra contra os hititas quando o faraó desgarrou-se de seu exército e foi cercado pelo inimigo na famosa batalha de Kadesh. Ao vangloriar-se de sua vitória nesse episódio, Ramsés II proclama:
Eu sou como Montu, eu lanço as flechas com o braço direito.
Eu sou como Montu, meu gládio é poderoso.
Eu sou como Montu em sua hora, quando seu ataque
se produz.
Vejo que as duas mil carruagens, no meio das quais me encontrava, foram despedaçadas após a passagem dos
meus cavalos.

160. Iah

Iah ou Aah era o deus da lua na mitologia egípcia.

As primeiras presenças do nome “Iah” referem-se à lua enquanto satélite do planeta terra. Mais tarde, a palavra passaria a designar uma divindade.

A nível iconográfico este deus era representado, na sua forma antropomórfica, com um disco solar e crescente da lua nova sobre a sua cabeça, onde também tinha uma trança lateral característica das crianças egípcias. Por vezes tinha na mão uma folha de palmeira ou um olho de Hórus. Poderia também se manifestar como um íbis, falcão ou como o crescente da lua nova. Este últimos atributos estavam também associados a Tot e a Khonsu.

O deus não tinha nenhuma cidade associada ao seu culto. Alcançou grande popularidade na época que se seguiu ao Império Médio, ou seja, na época de dominação do Egipto pelos Hicsos, um povo oriundo da Palestina. É possível que Iah seja o corresponde ao deus acádico Sin, que também era um deus lunar. O nome Iah surge na fórmula CX do Livro dos Mortos.

Curiosamente, vários membros da família real tebana, responsável pela expulsão dos Hicsos do Egipto, levaram este nome como Ah-hotep I (“Ah está satisfeito”), mãe de Amósis (“Iah nasceu”), fundador da XVIII dinastia egípcia. A esposa deste rei, Amósis-Nefertari (“Nascida da lua, a mais bela das mulheres”), também integrava a divindade no seu nome.

O culto a Iah parece ter decaído com o Império Novo. No túmulo do faraó Tutmés III encontra-se representada uma cena na qual o faraó encontra-se acompanhado pela sua mãe e por três rainhas, incluindo Sit-Iah, “filha do deus lua”.

159. Meretseguer

Meretseguer ou Meretseger era uma deusa-serpente da mitologia egípcia. O seu nome significa “a que ama o silêncio” ou “amada pelo silêncio”.

Era representada como simples cobra, como uma mulher com cabeça de cobra ou como uma cobra com cabeça de mulher. Tinha por vezes um toucado constituído por disco solar e cornos. Em representações mais raras surge como cobra com três cabeças (uma de mulher, outra de cobra e outra de abutre) ou como escorpião com cabeça de mulher.

As informações mais antigas sobre a deusa datam da época do Império Médio. Durante a época do Império Novo a deusa tornou-se guardiã dos túmulos das necrópoles de Tebas (Vale dos Reis), acreditando-se que atacava aqueles que tentavam pilhá-los. Segundo as fontes vivia numa montanha com forma de pirâmide perto de Deir el-Medina, a aldeia onde habitavam os homens que construíram os túmulos reais durante o Império Novo. Por esta razão era também denominada pelos habitantes de Deir el-Medina como “Dehenet Imentet”, o que significa “Montanha do Oeste”.

Várias estelas encontradas revelam a devoção dos artesãos de Deir el-Medina pela deusa, detentora de uma certa ambiguidade: atacava os trabalhadores que cometiam crimes ou mentiam, castigando-os com a cegueira ou através de picadas venenosas, mas ao mesmo tempo poderia curar os que se mostrassem arrependidos. Perto do Vale das Rainhas tinha um pequeno templo cavado na rocha onde era adorada junto com o deus Ptah. Quando se abandonou o Vale dos Reis como necrópole real, na XXI Dinastia, o seu culto (que nunca ultrapassou o âmbito local) entrou em decadência.

158. Serket

O Egito abrigava dois tipos de escorpiões: um mais escuro e relativamente inofensivo e outro mais claro, mais venenoso. A deusa Selkis tomava justamente a forma de um desses animais e, apesar da periculosidade do bicho, era uma divindade protetora e curadora que defendia contra a picada desses artrópodes. Seu nome no idioma egípcio era Serket-Heru, que significa aquela que faz a garganta respirar ou a que facilita a respiração na garganta, já que a picada do escorpião produz asfixia. Essa denominação também se relaciona com a ajuda que a deusa prestava para que o recém-nascido ou o defunto, em seu renascimento, pudessem respirar. Nos textos funerários surge como a mãe dos defuntos, aos quais amamenta. No além-túmulo ela ajudava no processo de renascimento do falecido e o orientava e dava-lhe o sopro da vida. Foram os gregos que lhe deram o nome de Selkis, nome que também aparece grafado como Serqet, Serket, Selqet, Selket, Selkit ou Selchis.

Essa divindade podia ser representada de diversas maneiras:

  • Como uma linda mulher com um escorpião na cabeça, como nesta graciosa estatueta em madeira dourada que vemos acima, descoberta no túmulo de Tutankhamon (c. 1333 a 1323 a.C.);
  • como uma mulher com cabeça de escorpião;
  • mais raramente, como um escorpião com cabeça e braços femininos e tendo como toucado chifres de vaca e o disco solar, como vemos na ilustração abaixo, a qual reproduz um bronze de 7 centímetros de altura por 10 centímetros de produndidade pertencente ao Museu do Louvre;
  • como um escorpião;

Na XXI dinastia (c. 1070 a 945 a.C.) podia aparecer com cabeça de leoa, cuja nuca era protegida por um crocodilo.

Quando assumia a forma de um escorpião, o animal às vezes era mostrado sem cabeça e sem cauda, pois desta maneira ele perdia seu veneno e se tornava inofensivo, podendo ser representado dentro do túmulo sem perigo. E assim era porque os egípcios acreditavam que todos os seres vivos representados nas tumbas poderiam ganhar vida se as fórmulas mágicas adequadas fossem pronunciadas. Portanto, era importante neutralizar o perigo de certas imagens reduzindo-as à impotência. Essa deusa-escorpião se identificava com o calor abrasador do Sol e era uma das quatro divindades protetoras de ataúdes reais e dos vasos canopos, dos quais ela guardava aquele que continha os intestinos.

Trata-se de uma divindade que já aparece no Império Antigo (c. 2575 a 2134 a.C.) como guardiã do trono real e vem rodeada de simbologia mágica. Ela protegía das picadas venenosas de escorpiões, serpentes ou outros animais peçonhentos e curava as pessoas que, acidentalmente, tivessem sido atacadas por esses animais, sobretudo quando se tratasse de crianças e mulheres grávidas. Mas também poderia punir os ímpios com esses mesmos venenos, levando-os à morte.

Também era deusa da união conjugal e ajudava as mulheres na hora do parto. Era filha de Rá e cuidava para que a serpente Apófis não escapasse do mundo inferior. Nos textos conhecidos modernamente como Livro de Him no Inferno vem descrito o que acontece no além-túmulo. O deus-Sol tem as 12 horas do período noturno para renascer. A cada hora corresponde um estágio de sua jornada no além. Apófis tenta engolir o deus-Sol durante essa jornada e representa uma grande ameaça. Na sétima hora Selkis aparece para combater a serpente Apófis. Rá em seu barco assiste a captura da serpente. Finalmente Selkis, com ajuda de outra divindade, capturam o demônio e subjugam a cabeça e a cauda do monstro e trespassam com punhais a cabeça e o corpo da cobra. Selkis desempenha, também, um papel importante na lenda de Ísis e Osíris, pois enviou sete dos seus escorpiões para protegerem Ísis do deus Seth que a perseguia.

As relações de parentesco de selkis não eram bastante claras. Podia ser considerada mãe ou filha de Rá, razão pela qual sua ira era considerada como o causticante sol do meio-dia. Entretanto, em algumas lendas locais de Edfu era tida como esposa de Hórus e mãe de Rá-Harakhti, o Hórus no Horizonte. Os Textos das Pirâmides afirmam que ela era mãe de Nehebkau, uma serpente de três cabeças que evoluiu de uma posição maléfica a protetora do faraó contra picada de cobras, enquanto outras fontes dizem que ela era esposa dessa divindade.

Protetora de vivos e mortos, essa DEUSA não dispunha de um lugar de culto em particular. Sendo originariamente adorada no delta do Nilo, seu culto se espalhou por todo o Egito e isso pode ser considerado natural uma vez que as cobras e escorpiões eram abundantes no país e o povo precisava de uma proteção mágica contra eles. Embora tivesse sacerdotes dedicados ao seu culto, aos quais ela protegia e delegava seus poderes mágicos, até hoje não foi encontrado qualquer templo que lhe fosse consagrado. Ela figurava sobretudo nas fórmulas mágicas ou nas paredes das tumbas com o objetivo de proteger o defunto de qualquer ataque. As pessoas usavam amuletos com a forma do escorpião para se protegerem contra as perigosas picadas do animal e até mesmo curá-las.

Os sacerdotes de selkis eram verdadeiros médicos e magos ou curandeiros, dedicados à cura de picadas de animais venenosos. Suas habilidades de encantadores de escorpiões e de serpentes eram muito requisitadas, a julgar pelo enorme número de encantamentos para repelir tais animais e para curar suas picadas que aparecem nos papiros egípcios. Isso indica a extensão do problema, o qual ainda é comum no Egito moderno. Esses homens eram chamados de Kherep Selket, literalmente, aquele que tem poder sobre a deusa escorpião. No antigo Egito um Sacerdote Leitor e um doutor poderiam também ter o título de Kherep Selket. O título de Sunu, que significa doutor ou médico, era atribuído a pessoas que prescreviam remédios tanto médicos quanto mágicos. Hoje em dia os encantadores de serpente usam técnicas práticas para enlaçar suas presas, mas eles também ainda confiam em cantos mágicos.

157. Anuket

Anukel (ou Anukis na versão grega do nome) era uma deusa egípcia inicialmente uma divindade ligada à água, tendo se tornado mais tarde uma deusa associada à sexualidade. O seu nome significa “abraçar”.

O seu culto estava centrada na região da primeira catarata do Nilo, mas especificamente na ilha de Sehel. Em Elefantina era agrupada com Khnum(considerado como o seu marido) e com Satis. A deusa adquiriu grande popularidade em períodos durantes os quais o Egipto dominava regiões situadas para além da primeira catarata.

Era representada como uma mulher que tinha sobre a cabeça um toucado formado por plumas ou vegetais. Em alguns casos surge como uma gazela, animal sagrado associado à deusa.

Os gregos associaram-na à sua deusa Héstia.

156. Geb

Geb (ou Seb, como ficou conhecido mais tarde), é o deus egípcio da terra. Era também um dos Ennead. Pai de Osiris, Horus, Ísis, Seth e Néftis e marido de Nut.

Geb é o deus egípcio da terra, e também é considerado deus da morte, pois acreditava-se que ele aprisionava espíritos maus, para que não pudessem ir para o céu.

Estimula o mundo material dos indivíduos e lhes assegura enterro no solo após a morte. Umidece o corpo humano na terra e o sela para a eternidade no túmulo.

Suas cores eram o verde (vida) e o preto (lama fértil do Nilo). É o suporte físico do mundo material, sempre deitado sob a curva do corpo de Nut. É o responsável pela fertilidade e pelo sucesso nas colheitas. É sempre representado com um ganso sobre a cabeça, nas pinturas.

Seu animal representante era o ganso. E ele era comumente representado usando uma coroa com uma pluma e chifres em forma de carneiro.

155. Hator

Hator (em egípcio antigo ḥwt-ḥr, “recinto” ou “casa de Hórus”), é uma deusa da religião do Egito Antigo que personifica os princípios do amor, beleza, música, maternidade e alegria. É uma das divindades mais importantes e populares do Egito Antigo, venerada tanto pela realeza quanto pela população comum, em cujas sepulturas é descrita como a “Senhora do Ocidente”, que recebe os mortos na próxima vida. Entre suas outras funções está a de deusa da música, dança, terras estrangeiras e fertilidade, responsável por auxiliar as mulheres durante o parto, bem como o de padroeira dos mineiros.

O culto a Hator antecede o período histórico e as raízes da veneração à deusa são, portanto, difíceis de serem apontadas, embora ele possa ter se desenvolvido a partir dos cultos pré-dinásticos à fertilidade e à natureza em geral representados em vacas. Hator costuma ser representada como uma vaca divina, com chifres sobre sua cabeça, entre os quais está um disco solar com um uraeus. Duas penas idênticas também costumam ser representadas em seus retratos posteriores, bem como um colar menat. Hator pode ser a deusa-vaca que foi representada desde tempos arcaicos na Paleta de Narmer e sobre uma urna de pedra que data da Primeira Dinastia, o que sugere seu papel como deusa celestial e uma possível relação com Hórus que, como deus-sol, faria a sua “morada” nela.

Os antigos egípcios viam a realidade como consistindo de camadas múltiplas, nas quais as divindades se misturavam por diversos motivos, mantendo atributos e mitos divergentes, mas que no entanto não eram vistos como contraditórios, e sim complementares. Numa relação complicada, Hator é por vezes mãe, filha e esposa de Rá e, assim como Ísis, por vezes é descrita como mãe de Hórus e associada a Bastet.

O culto a Osíris prometia vida eterna a todos aqueles que fossem julgados moralmente merecedores. Originalmente os mortos, tanto homens quanto mulheres, tornavam-se Osíris após o julgamento, porém, no início do período romano as mulheres mortas passaram a ser identificadas com Hator e os mortos do sexo masculino com Osíris.

Os gregos antigos identificavam Hator com a deusa Afrodite e os romanos com Vênus.

154. Néftis

O nome Néftis (Nebt-ha) significa senhora da casa, entendida no sentido físico, como a casa para onde o Sol retorna no fim do seu curso, ou seja, os céus noturnos.

É muito difícil diferenciar Néftis de sua irmã Ísis: ambas são chamadas de Deusa Mãe e deusa dos céus, e ambas usam como símbolo a cabeça de abutre e o disco solar, com os chifres do sol na cabeça, ambas são as que distribuem vida plena e felicidade.

Existe mesmo confusões a respeito dos maridos: Néftis às vezes é citada como esposa de Osíris, enquanto Ísis é mencionada como esposa de Set; sendo o par Osíris-Néftis citado como os pais de Anúbis.

As lendas sobre os adultérios entre os deuses, posivelmante, são oriundas do fato de que, em localidades diferentes, os principais deuses tinham companheiros diferentes, assim, a deusa mais importante de uma determinada tribo era denominada esposa do deus, sendo as demais relegadas à posição de concubinas.

Néftis, porém, nunca teve a mesma fama ruim do seu marido Set, o deus da morte: junta de Ísis, ela lamentou o assassinato de Osíris, e ela zelou pelo corpo do deus morto. Assim, quando é denominada guardiã dos mortos, é com o significado favorável. Ela preside aos momentos finais da vida, mas para levar o falecido à vitória.

Néftis também é uma deusa da natureza: se Nu é a deusa do céu, então Ísis e Néftis são as suas duas extremidades, o leste e o oeste, ou o norte e o sul.

153. Mnévis

Mnévis (em egípcio: Merur) era um boi negro adorado como divindade na cidade de Heliópolis.

À semelhança de Ápis, Mnévis era um dos bois sagrados do Antigo Egipto, encontrando-se associado ao deus Ré-Atum (Ápis estava por sua vez associado a Ptah). Foi também associado ao deus Osíris.

O seu culto foi instituído na II dinastia, embora seja provável que tenha sido adorado desde tempos pré-dinásticos. Foi cultuado por todos os reis, inclusive por Aquenáton, que tinha declarado Aton como único deus a ser adorado. A razão pela qual Aquenáton continuou com o culto de Mnévis encontra-se relacionada com a sua crença de que Aton se manifestaria neste boi. Nas representações artísticas aparece com o disco solar e o ureus (serpente) entre os seus cornos.

Os sacerdotes de Heliópolis escolhiam um boi da região que levavam para o templo, onde este era adorado. Só poderia existir um Mnévis de cada vez. Os movimentos que o animal descrevia eram usados como um oráculo. Depois da sua morte, o touro era mumificado, sendo os seus órgãos colocados nos vasos canopos, e sepultado numa necrópole perto de Heliópolis.

152. Seth

Filho de Nut e Geb e irmão-esposo de Néftis, Seth esta relacionado ao deserto, ao trovã e as rajadas do vento sul. É um deus mais explosivo do que perverso. O aspecto negativo é em função da seca, esterilidade, violência, a fome e o mar. Recebeu o deserto como herança de Geb, porém com inveja do irmão, o assassinou e cortou em pedaços, por haver recebido a parte fértil do Egito. A luta entre Seth e Osíris era a luta da fertilidade contra a seca. É o senhor do mal e das trevas, da ausência de luz, que protege as caravanas que se adentram em seus domínios mas também provoca as tormentas que fazem com que as mesmas caravanas, se percam.

No duplo papel de protetor-destrutor das terras áridas, Seth era adorado porque seu humor determinava o futuro daqueles que atravessavam seus domínios. Entretanto, não era considerado totalmente mau. Os faraós promoveram sua imagem como um deus guerreiro, que protegia a barca de Rá durante a noite, evitando que Apofis a afundasse. No Reino Novo foi considerado um deus benéfico, patrono da guerra e da produção dos oásis. Representado por um animal não-identificado, mistura do tamanduá, asna, de orelhas retangulares, com o focinho curvado para baixo e uma longa cauda, tinha os olhos e o pêlo vermelho, como o deserto. Seus animais sagrados eram o porco, o asno, o órix, o crocodilo, o hipopótamo, a serpente e o peixe.

151. Hórus

Hórus, “o altivo”, é o deus dos céus, na mitologia egípcia. Filho de Isis e Osíris e marido de Hator, é considerado o iniciador da civilização egípcia, sendo por isto comparado ao deus Apolo. É representado como um homem com cabeça de falcão, com uma coroa dupla, com um sol com asas de falcão abertas.

Desde o Antigo Império, o faraó representa a manifestação de Hórus na terra, apesar de que, quando morrer se juntará ao deus criador Rá. Pertence a tríade sagrada: Osíris, Isis e Hórus. Foi educado por Thoth, que o instruiu e criou até transformá-lo em um exímio guerreiro. Lutou contra Seth para recuperar o trono do pai e o venceu, conquistando primeiro o Baixo Egito e finalmente, conquistando todo o Egito, em uma batalha díficil, onde ele perdera um olho e as duas mãos e deixara Seth sem os dois testículos. Seth havia matado Osíris e Hórus dedicou parte de sua vida para concretizar sua vingança. Seth por algum tempo, ficou apenas como governante do Alto Egito e Hórus, do Baixo Egito. Tempos depois, Hórus governou o Egito inteiro, enquanto Seth ficou sendo o deus do deserto e dos povos estrangeiros. Hórus, tempos após a batalha, recuperou seu olho e o ofereceu como um talismã ao pai. Este mito representa a luta entre a fertilidade do Vale do Nilo (Osíris) e a aridez do deserto (Seth). Ele é protetor de Osíris no submundo e mediador dos mortos durante o julgamento de Osíris. É também senhor da montanha por onde desperta o Sol e desempenha um papel primordial como deus de cura. Seus animais de sacrifício durante a infância eram os touros, cabras e porcos.

149. Shu

Shu (também grafado na forma aportuguesada Chu) é o deus egípcio do ar seco, do estado masculino, calor, luz e perfeição. Juntos, Shu e Tefnut geraram Geb e Nut. Shu é o responsável por separar o céu da terra (sendo representado como um homem tendo Geb, a terra, em seus pés, e levantando Nut, o céu, com os braços, numa representação que se assemelha ao Atlas da mitologia grega). É ele também quem traz a vida com a luz do dia. É representado como um homem usando uma grande pluma de avestruz na cabeça. Criou também as estrelas pelas quais os seres humanos podem elevar-se e atingir os céus e as colocou na cidade de Gaaemynu. Ele só se tornou popular a partir do Império Novo.

148. Osíris

Osíris (Asar, Asari, Aser, Ausar, Ausir, Wesir, Usir, Usire ou Ausare) era o deus egípcio da morte, fertilidade, renovação e ressurreição. Filho de Geb e Nut, ele era o consorte de Isis, que também era sua irmã. Seus filhos famosos foram Hórus (com Ísis) e Anúbis (com sua outra irmã, Néftis). Osíris é um dos mais emblemáticos e facilmente reconhecido de todos os antigos deuses egípcios. Ele foi descrito como um deus “humano” sem a cabeça de um animal. Sua imagem também incluiu um “osird” ou “a barba divina”, uma falsa barba trançada que era firmemente atada, entrançada e presa atrás das orelhas.

Osíris é frequentemente retratado segurando o cajado e o mangual. Ele é um dos mais antigos deuses do Egito e é conhecido por seu reinado sobre os mortos, ressurreição e fertilidade. Em muitas representações encontradas dentro de túmulos e monumentos, Osíris é quase sempre visto delineado em preto e pode ser identificado através de sua pele verde. Como muitos grandes reis, Osíris usa uma coroa branca, conhecida como uma coroa Atef, com duas penas de avestruz fixadas para os lados. Sua coroa se tornou o símbolo do Alto Egito.

A Morte de Osíris

Osíris e Seth eram irmãos, cada um casado com suas irmãs Ísis e Néftis respectivamente (Ísis e Néftis eram gêmeas). Certo dia por acidente Osíris dormiu com Néftis, e dessa noite nasceu Anúbis, que por ser filho dessa noite foi rejeitado por Néftis, que o lançou no rio Nilo, e posteriormente foi encontrado e adotado por Ísis, a esposa de Osíris. Algum tempo depois disso Seth com inveja de Osíris por ser mais sábio e e querido por todos e com raiva daquela noite, secretamente tirou as medidas de Osíris e construiu uma arca com as medidas, e ofereceu uma festa em homenagem a Osíris, dizendo que daria um prêmio a quem ocupasse toda a arca com o seu corpo, quando Osíris deitou e preencheu com exatidão a arca, Seth e seus cúmplices lacraram a barca e a lançaram no Nilo.

Desolada, Ísis procurou seu marido por todo o planeta e achou a arca onde Osíris estava. Quando chegou ao seu país, Ísis escondeu a arca nos pântanos. Certa noite Seth encontrou a arca, enquanto caçava a luz do luar , e furioso despedaçou o corpo do irmão em catorze pedaços e os espalhou pelo Egito. Anúbis então tomou a forma de um chacal negro para procurar os restos de seu pai, Ísis e Anúbis em cada local que achavam um pedaço, construíam uma capela. Recomposto todo o corpo de Osíris (exceto o falo, que foi substituído por um exemplar de ouro), Ísis e ele tiveram um Filho: Hórus o deus-falcão. Depois disso Osíris se integrou ao tribunal dos mortos e Hórus ficou na Terra para derrotar Seth, que havia tomado o trono de Osíris.

Como Deus da Fertilidade e Renovação

Osíris era o deus da fertilidade, mas também muitos egípcios olhavam para ele por questões agrícolas. Acredita-se que sua pele verde simbolizava o solo fértil cheio de nutrientes que eram necessários para o cultivo. Estes nutrientes eram trazidos pela inundação anual do Nilo, e era através de Osíris que este evento anual ocorria. Para os antigos egípcios, o ciclo de inundações, plantio, colheita eram todos trazidos através da força vitalde Osíris.

De acordo com o folclore egípcio, foi Osíris que civilizou todos os egípcios e os ensinou a arte da agricultura. Embora não esteja provado, os mitos alegam que, antes de ensinamentos de Osíris, os egípcios praticavam o canibalismo. Foi através da bondade de Osíris e da sua sabedoria que as coisas mudaram, pois ele mostrou-lhes como serem civilizados. Diz-se que Osíris trouxe novos princípios para os egípcios, como o renascimento da cultura e da vida.

A força vital de Osíris era importante para os antigos egípcios, tanto assim, que o processo foi muitas vezes mostrado através de “milho-múmias” trazidos para os funerais. Estas múmias simuladas não eram múmias reais, mas tijolos de barro com a forma de Osíris embutido nelas. Estes tijolos furados agiam como potes e foram preenchidos com solo umedecido e sementes deixadas para germinar, assim, mostrando as forças de Osíris dando-lhes a vida. As múmias de milho mais avançadas foram envoltas em linho e muitas levavam figuras de cera realistas de Osíris dentro delas.

Como Deus dos Mortos

A associação de Osíris com a fertilidade e ajudar a civilizar o Egito não são as únicas coisas que lhe são atribuídas. Sua principal posição icônica no Egito Antigo era o seu reinado sobre os mortos. Como ele conseguiu essa posição permanece um mistério, no entanto, muitos egiptólogos concluem que esta posição foi nomeada a ele, devido a Osíris ser um dos primeiros deuses a morrer, pelas mãos de seu irmão Seth e depois ressuscitar através de sua esposa Ísis.

Provavelmente uma das representações mais populares de Osíris hoje vem do Livro dos Mortos. Lá, ele se senta em um trono e julga os mortos antes de sua entrada no outro mundo.  Nesse trabalho, Osíris é acompanhado da deusa da justiça, Maat e de outros deuses assessores. O coração do morto é colocado numa balança e é pesado contra a pena de Maat. Se o coração está pesado com pecado, ele supera a pena de Maat, e em seguida, é jogado para a deusa do inferno, Ammit, que o devorará. Se o resultado fosse em favor do falecido, o morto seria autorizado a residir com Osíris no submundo.

O Culto de Osíris em Abido

O culto a Osiris era um movimento onde muitos egípcios faziam uma peregrinação a Abido, onde um templo foi dedicado exclusivamente a ele. Lá, muitos dos egípcios que participaram deste culto apreciavam as festividades, como rituais, celebrações e cerimônias.

Era realizado um grande festival anual que consistia na reconstituição da vida de Osíris e a jornada à Abido.  Após essa primeira reconstituição, outra era realizada encenando a glorificação, o sepultamento e a ressurreição de Osíris no túmulo do rei Djer.

Era comum para os seguidores deste culto enterrar seus entes queridos ou fazer arranjos para serem enterrados no local. Se não fosse possível  ser enterrado em Abido , os membros da família  fariam uma cerimônia no local, e em seguida, enterravam o corpo em um outro local. Isto era praticado sob a ótica de que se Osíris fez a viagem a Abido, seus seguidores deveriam fazer o mesmo.

Um dos fatos do culto de Osíris prosperar tanto foi devido ao fato de que as pessoas comuns podiam participar dos direitos funerários que antes eram reservados para as famílias reais. Isso por si só atraiu muitos seguidores em particular, que foram capazes de construir tabuletas stelae (lápides com inscrições que marcavam os limites túmulo) proclamando os seus direitos para Osíris. E também permitiu-lhes receber as bênçãos que já foram consideradas apenas para faraós.

Outro fato foi que muitos egípcios viam a religião como atrativa, pois o foco em seus valores fundamentais da vida justificou o seu significado. Também era incorporado a fertilidade do Nilo e proclamado o renascimento para todos os indivíduos que participaram do culto.

147. Ápis

 Na mitologia egípcia, Ápis (Hap, Hapi ou Hape) era um touro sagrado venerado em Mênfis. Era tido como encarnação dos deuses Osíris e Ptah. De acordo com um mito, Ápis era a encarnação viva de Ptah , enquanto ele vivia e de Osiris quando ele morria. Representava-se este touro com um amuleto em forma de cobra na testa e com um círculo solar sobre a cabeça, entre os chifres. A mãe de um touro Ápis recebia o título de ” Vaca de Ísis “. Só podia existir um touro Ápis de cada vez. A busca por um touro substituto começaria com a morte do Ápis atual. O novo Ápis era transportado para Mênfis em um barco decorado construído especificamente para a ocasião.
Ápis era intimamente relacionado ao mito do ciclo de morte e regeneração de Osíris. Diodoro da Sicília disse que quando Osíris morreu, sua alma passou para o primeiro touro Ápis e depois foi preservada em cada novo touro. Sendo parte animal, parte deus, Ápis foi escolhido para culto devido ao seu invulgar conjunto de marcas: um triângulo branco na testa, padrões alados brancos nos ombros e nas ancas, uma silhueta de escaravelho na língua e pelos duplos na ponta da cauda. Durante a vida, era mantido num santuário especial, apaparicado por sacerdotes, enfeitado com ouro e jóias e adorado pelas multidões.
Ao passar os vinte e cinco anos de idade, o touro era morto por afogamento e substituído por outro mais novo. Se morresse antes dessa idade era mumificado e enterrado em Sakara (necrópole das primeiras dinastias reais, perto do Cairo) com toda a pompa. O luto por este animal durava setenta dias, período no qual era realizada a mumificação do animal e também cerimônias sem fim. No dia do enterro do boi, a população corria às ruas para participar nesta cerimônia de luto nacional. Carpindo-se e arrancando os cabelos, amontoavam-se junto à estrada que conduzia ao deserto, à catacumba atualmente conhecida como Serapeum, na necrópole de Sakara. Formando uma procissão, sacerdotes, cantores do templo e altos funcionários depositavam a múmia numa rede de galerias subterrâneas escavadas na rocha calcária. Ali, sepultavam a múmia num sarcófago de madeira ou granito.Pensava-se que ao morrer, a sua essência divina se transferia para outro boi quando morria, iniciando-se então a busca de um novo animal. Entretanto, o corpo do falecido era transportado para o templo. Quando um novo boi tomava o lugar do antigo, eram também grandiosas as festas em sua honra.
De acordo com Plutarco, acreditava-se que cada touro Ápis era gerado milagrosamente pela luz da lua. Heródoto, por outro lado, diz que o touro Ápis era concebido por um raio lançado por Ísis. Ápis era tido como um símbolo a fertilidade e força. Heródoto também relatou que um touro Apis do século VI a.C. foi esfaqueado até a morte pelo rei persa Cambises . Dizem que o rei foi levado à loucura como uma punição por este ato sacrílego. Plutarco também se refere a uma lenda sobre o abate do touro Apis por Cambises . ele diz que que, depois de o touro foi morto, seu corpo foi jogado para fora do templo. Nenhum carniceiro podia chegar perto do animal sagrado, exceto os cães. Ao devorar o corpo do touro Ápis, os cães perderam seu lugar de honra na religião egípcia e tornaram-se animais “impuros”.
O culto do touro era muito difundido nas civilizações da Antiguidade, e Ápis foi igualmente alvo de devoção pelos gregos e romanos. Durante o Período Ptolemaico, um novo deus chamado Serápis foi concebido para tentar unir o povo grego e egípcio. Serápis absorvia alguns dos atributos de Zeus, Asclépio, e Dionisio e fundiu -los com alguns atributos de Osíris e alguns dos atributos de Ápis. No entanto, embora os colonos gregos gostassem desse deus híbrido, Serápis nunca foi realmente aceito pelos egípcios nativos .

146. Nut

Filha de Shu e Tefnut, irmã-esposa de Geb, Nut é a deusa do céu, criadora do universo físico e de todos os astros. Nut e Geb, céu e terra, estavam permanentemente unidos e foi seu pai, Shu, quem os separou, organizando o mundo, separando as águas que estavam sobre a terra e posicionando o Sol, entre o céu e a terra. Desta separação nasceram todas as coisas. Nut recebeu o título de “A grande que dá nascimento aos deuses”. É também protetora dos mortos. Teve como filhos: Osíris, Isis, Seth, Neftis e Hórus Velho e os chamou de filhos da desordem, devido aos problemas que deram ao crescer.

Nut sempre foi vista como protetora dos mortos e eles a procuravam para conseguir comida, ajuda e proteção. Nut ajudava os mortos a renascer e os tornava capaz de acompanhar o deus Sol, todas as vezes que este nascia e a atravessar à salvo para o “Outro Mundo”. Em outro mito, Nut dava à luz ao Sol diariamente. Também dizem que o Sol navegava por suas pernas e costas, até o meio-dia, momento em que baixava por seus braços até o ocaso, para entrar na Duat, ou Mundo Inferior.

Era representada como uma mulher nua, com o corpo arqueado como o céu, revestida de estrelas. Algumas vezes é representada como uma vaca, ou sobre o marido Geb, com o pai, tentando interferir. Também pode ser representada como uma mulher que leva um jarro de água na cabeça. Suas extremidades simbolizam os quatro pilares sobre o qual o céu se apoia.

145. Maat

Na mitologia egípcia, Maat (ou Mayet) era a deusa da lei física e moral do Egito, da ordem, do equilíbrio, retidão e da verdade. Ela era filha (ou mãe) de Ra e esposa de Thoth (segundo alguns autores eles eram irmãos) e com ele teve oito filhos. O mais importante de seus filhos era o deus Amon. Estes oito filhos eram os principais deuses de Hermópolis e de acordo com os sacerdotes da cidade, eles criaram a terra e tudo que nela há .

Maat é representada na forma de uma jovem mulher com a pele cor de ocre, sentada ou em pé. Ela usa vestes longas e segura um cetro em uma mão e um ankh na outra. O símbolo de Maat era a pena de avestruz e ela é sempre mostrada usando-a em seu cabelo ou apenas portando-a. Em algumas ilustrações ela tem um par de asas ligadas a seus braços. A sua imagem é geralmente encontrada em sarcófagos, onde era utilizada afim de proteger a alma do morto. Outro símbolo de Maat é o monte primevo (ma’at), sobre o qual o deus criador estava no início dos tempos. Foi quando o mundo foi criado e caos eliminado que os princípios de Maat foram firmados no local.

Os egípcios acreditavam que sem a ordem de Maat só haveria o caos primordial e então o mundo não seria o mesmo. Era, portanto, necessário que o Faraó aplicasse e fizesse cumprir a lei, para permitir a manutenção do equilíbrio cósmico. A manutenção de Maat é tida como responsabilidade direta do faraó, no antigo Egito. O primeiro dever do faraó era defender a lei de Maat em todo o antigo Egito. É por isso que, nas paredes dos templos, o faraó é representado pela oferta de Maat a uma divindade, dizendo, em suas ações, que ele está em conformidade com os requisitos da deusa e em troca recebe dos deuses a vida e dominação (Osíris) e poder vitorioso (Hórus). Alguns faraós carregavam o título de Maat-Meri, que literalmente significa “amado de Maat”. Eles são descritos frequentemente com os valores de Maat para enfatizar o seu papel na defesa das leis do Criador. Qualquer perturbação na harmonia cósmica poderia ter consequências para o indivíduo, bem como para o Estado .

De acordo com a religião egípcia, no julgamento dos mortos, ela pesava as almas de todos que chegassem ao Maaty, o “Salão das Duas Verdades”, contra a pena da verdade. Colocava a pluma na balança, e no prato oposto o coração do falecido. Se os pratos ficassem em equilíbrio, o morto teria a vida eterna garantida no Duat (o submundo egípcio). Entretanto, se o coração fosse mais pesado, ele era entregue a Ammut , que o consumiria por completo.

O último papel de Ma’at era ajudar e orientar o deus-Sol Ra conforme ele seguia sua jornada através dos céus . Era ela quem determinava o rumo que o barco tomaria nos céus a cada dia. Às vezes, dizia-se que ela realmente viajava em seu barco junto com ele, guiando sua direção.

Maat possuia uma contraparte, que era a sua irmã Isfet (o caos) que, embora fosse temida, era essencial pois ambos os aspectos, o positivo e o negativo, devem estar presentes para que o equilíbrio pode existir.

144. Bastet

Bastet (Basthet, Bast) era uma divindade solar da mitologia egípcia, adorada também como deusa lunar após a chegada da influência grega na sociedade egípcia. Ela se tornou a deusa lunar por causa de sua associação pelos gregos com a sua deusa Ártemis. Sendo uma das mais antigas das deusas egípcias (seu culto teria surgido por volta de 3500 a.C), Bastet é descrita como uma mulher esbelta, e que possui a cabeça de um gato doméstico. Originalmente era retratada como uma gata selvagem ou uma leoa, tornando-se associada ao felino doméstico em torno de 1000 a.C. Às vezes ela é mostrada segurando um sistro, um chocalho usado como instrumento musical nos tempos antigos. Ágil e flexível, Bastet foi reconhecida como a deusa da música e da dança.

Bastet era também adorada como a deusa do fogo, dos gatos, da casa e das mulheres grávidas. Segundo um mito, era a personificação da alma de Ísis . Ela também foi chamada de “Senhora do Leste” . Tal como o seu homólogo Sekhmet, a “Senhora do Oeste”, Bastet parecia ter dois lados de sua personalidade , dóceis e agressivas . Seu lado dócil e gentil foi exibido em seus deveres como uma protetora do lar e das mulheres grávidas. Sua natureza agressiva e cruel foi exposta nas histórias de batalhas em que o faraó disse ter massacrado o inimigo conforme Bastet aniquilava suas vítimas .

Originalmente, Bastet era vista como a deusa protetora do Baixo Egito. Como protetora, ela foi vista como defensora do faraó e, conseqüentemente, mais tarde da divindade chefe masculina Ra , que também era uma divindade solar, o que a fez receber também os títulos de “Senhora das Chamas” e “Olhos de Ra”. Seu papel no panteão egípcio tornou-se diminuído conforme Sekhmet tornou-se mais dominante na cultura unificada do Baixo e Alto Egito.
O culto da deusa era centrado em Bubástis (localizada na região do delta, próximo a moderna Zagazig) e lá era realizado um festival anual regado a orgias e a bebidas. Bubástis foi a capital do Egito por uma dinastia, e alguns reis tomaram seu nome em seus títulos reais. Bubástis ficou famoso pelo viajante Heródoto, no século 4 a.C., quando ele descreveu em seus anais um dos festivais que era realizado em honra a Bastet. Escavações nas ruínas de Tell-Basta (a antiga Bubástis) renderam muitas descobertas, incluindo um cemitério com gatos sagrados mumificados. O santuário de Bastet em Bubástis, formado a partir de blocos de granito rosa e da longa entrada ladeada de árvores enormes, foi considerado um dos mais belos templos do mundo.

Bastet é apontada como a mãe do deus com cabeça de leão Mihos (que também era adorado em Bubástis, juntamente com Thoth). Como os gregos equiparavam Bastet a Diana e Ártemis e Hórus com Apolo, Bastet foi adotada no mito de Osíris-Isis como sua filha (esta associação, no entanto, nunca foi feita antes da chegada da influência helenística no Egito). Essa associação se dava pois Bastet era tida também como deusa da fertilidade e era protetora das mulheres e crianças.

143. Thoth

Thoth (Tehuti, Djehuty, Tahuti, Tehuti, Zehuti, Techu, Tetu) foi um dos primeiros deuses egípcios. Ele era popular em todo o Egito, mas foi particularmente venerado na cidade de Khnum (Hermópolis Magna), onde foi adorado como parte da Ogdóade. Como o poder de seu culto cresceu, o mito foi reescrito para tornar Thoth o deus criador. De acordo com esta variante do mito, Thoth ( na forma de um íbis, um dos seus animais sagrados ) pôs um ovo a partir do qual Ra ( Atum, Nefertum ou Khepri) nasceu. Outros mitos sugerem que Thoth se auto-criou através do poder da linguagem (em um interessante paralelo com a frase do Evangelho segundo São João: “no princípio era o Verbo , e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus”). Sua canção teria criado as oito divindades da Ogdóade ( os deuses Nun , Heh, Kuk e Amun e as deusas Nunet , Hauhet , Kuaket e Amaunet ) .

Thoth era mais frequentemente representado como um homem com a cabeça de um íbis. Ele costuma segurar uma palheta e um ponteiro, mas também pode ser representado segurando um ankh (representando a vida) e um cetro (representando o poder). Thoth, por vezes, usava uma lua crescente em sua cabeça, mas também era retratado vestindo a coroa Atef, e a dupla coroa do Alto e do Baixo Egito . Quando ele estava agindo como a “voz de Ra”, ele portava o “Olho de Ra ” (um símbolo do poder do sol).

A lua e o sol foram inicialmente pensados como sendo os olhos esquerdo e direito de Hórus. Segundo a lenda, o olho esquerdo de Hórus ( a Lua ), foi ferido em uma luta contra Set e foi restaurado por Thoth ( tornando-se Wadjet, o “olho de Hórus” ). No entanto, com o passar do tempo a lua veio a ser associada a Thoth, possivelmente porque a lua crescente se assemelha com o bico de um Ibis. Durante o Período Tardio do Egito, Thoth ganhou destaque quando Khnum se tornou a capital. Os arqueólogos encontraram milhares de ibis mumificados que foram enterrados com honras em seu nome.

Apesar de Osíris e Ísis serem geralmente creditados por trazerem a civilização para a humanidade, Thoth também era creditado com a invenção da escrita , medicina, magia e práticas civis e religiosas do Egito. Ele foi ainda creditado com a invenção da música, que era mais freqüentemente associada a Hathor. Thoth era o patrono dos escribas e da palavra escrita. Ele era também o escriba do submundo, que gravava o veredito sobre os mortos na sala de Maat, e recebeu os epítetos “Quem Equilibra”, “Deus do Equilíbrio” e “Mestre da Balança” . Thoth guardava a biblioteca dos deuses com a ajuda da deusa Seshat. Ele era o escriba dos deuses, e foi muitas vezes descrito como o “Senhor do Corpo Divino”, “Escriba de Companhia dos Deuses”, a “Voz de Ra” ou “Conselheiro de Ra”, que (juntamente com Maat) permanecia na barca-sol ao lado de Ra em sua viagem à noite no céu.

Ele também era conhecido como um bom conselheiro e palestrante persuasivo. Em uma versão de um antigo mito, Thoth e Shu foram enviados por Ra para convencer o “Olho de Ra ” (nesta versão na forma da deusa Tefnut) a voltar para casa, quando ela deixou o Egito por Núbia. De acordo com o mito, toda a preciosa água deixou o Egito junto com ela, fazendo com que a terra se tornasse árida e seca. Enquanto isso, ela estava promovendo desordens ao redor de Nubia, matando animais e seres humanos e bebendo seu sangue. Thoth e Shu se disfarçaram de babuínos e começaram sua busca pela deusa caprichosa. No entanto, quando eles a encontraram, descobriram que ela se recusava a voltar para casa porque ela estava muito feliz nesse lugar. Thoth disse a ela que o Egito sentia a sua falta terrivelmente e que toda a terra estava sofrendo em sua ausência e lhe prometeu grandes procissões e celebrações se ela voltasse para casa. Eventualmente, ela concordou,e então os três voltaram ao Egito acompanhados por músicos da Núbia, dançarinos e babuínos . Eles viajaram até o Nilo de cidade em cidade, trazendo de volta a água, e houve muita alegria.

Ele era dito ser o marido (ou às vezes o pai) de Seshat, uma antiga deusa da sabedoria. Conforme o tempo passou, ele gradualmente absorveu a maioriados papéis de Seshat, e ela era vista em grande parte como o seu aspecto feminino. Eles tiveram um filho chamado Hornub. Em Khnum (Hermópolis), ele era o marido de Nehmauit (Nahmauit, Nehmetaway), deusa da proteção. Seu filho era o deus Neferhor. Ele também foi considerado às vezes ser o marido de Maat. Por ele poder assumir a forma de um babuíno, ele às vezes era descrito como o parceiro de Astennu (um dos babuínos machos que vivia no submundo), embora também fosse afirmado que Astennu era simplesmente um aspecto de Thoth.

Os gregos associaram Thoth ao deus mensageiro Hermes. As duas divindades foram combinadas para formar Hermes Trismegisto e Khmun foi renomeada Hermópolis ( “Cidade de Hermes ” ). Esta versão de Thoth continua popular entre os ocultistas de hoje.

142. Ísis

Ísis (em egípcio: Auset) foi uma deusa da mitologia egípcia, cuja adoração se estendeu por todas as partes do mundo greco-romano. Foi cultuada como modelo da mãe e da esposa ideais, protetora da natureza e da magia. Era a amiga dos escravos, pescadores,artesãos, oprimidos, assim como a que escutava as preces dos opulentos, das donzelas, aristocratas e governantes. Ísis é a deusa da maternidade e da fertilidade.

Os primeiros registros escritos acerca de sua adoração surgem pouco depois de 2500 a.C., durante a V dinastia egípcia. A deusa Ísis, mãe de Horus, foi a primeira filha de Geb, o deus da Terra, e de Nut, a deusa do Firmamento, e nasceu no quarto dia intercalar. Durante algum tempo Ísis e Hator ostentaram a mesma cobertura para a cabeça. Em mitos posteriores sobre Ísis, ela teve um irmão,Osíris, que veio a tornar-se seu marido, tendo se afirmado que ela havia concebido Horus. Ísis contribuiu para a ressurreição de Osiris quando ele foi assassinado por Seth. As suas habilidades mágicas devolveram a vida a Osíris após ela ter reunido as diferentes partes do corpo dele que tinham sido despedaçadas e espalhadas sobre a Terra por Seth. Este mito veio a tornar-se muito importante nas crenças religiosas egípcias.

Ísis também foi conhecida como a deusa da simplicidade, protetora dos mortos e deusa das crianças de quem “todos os começos” surgiram, e foi a Senhora dos eventos mágicos e da natureza. Em mitos posteriores, os antigos egípcios acreditaram que as cheias anuais do rio Nilo ocorriam por causa das suas lágrimas de tristeza pela morte de seu marido, Osíris. Esse evento, da morte de Osíris e seu renascimento, foi revivido anualmente em rituais. Consequentemente, a adoração a Ísis estendeu-se a todas as partes do mundo greco-romano, perdurando até à supressão do paganismo na Era Cristã.

As origens do seu culto são incertas, mas acredita-se ser oriundo do delta do Nilo. Entretanto, ao contrário de outras divindades egípcias, não teve desse culto centralizado em nenhum ponto específico ao longo da história da sua adoração. Isto pode ser devido à ascensão tardia de seu culto. As primeiras referências a Ísis remontam à V dinastia egípcia, período em que são encontradas as primeiras inscrições literárias a seu respeito, embora o culto apenas venha a ter tido proeminência ao final da história do antigo Egipto, quando se iniciou a absorção dos cultos de muitas outras deusas com centros de culto firmemente estabelecidos. Isto ocorreu quando o culto de Osíris se destacou e ela teve um papel importante nessa crença. Eventualmente, o seu culto difundiu-se além das fronteiras do Egito.

Durante os séculos de formação do cristianismo, a religião de Ísis obteve conversos de todas as partes do Império Romano. Na própria península Itálica, a fé nesta deusa egípcia era uma força dominante. Em Pompeia, as evidências arqueológicas revelam que Ísis desempenhava um papel importante. Em Roma, templos e obeliscos foram erguidos em sua homenagem. Na Grécia Antiga, os tradicionais centros de culto em Delos, Delfos e Elêusis foram retomados por seguidores de Ísis, e isto ocorreu no norte da Grécia e também em Atenas. Portos de Ísis podiam ser encontrados no mar Arábico e no mar Negro. As inscrições mostram que possuía seguidores na Gália, na Espanha, na Panónia, na Alemanha, na Arábia Saudita, na Ásia Menor, em Portugal, na Irlanda e muitos santuários mesmo na Grã-Bretanha. Ísis representa o amor ,a magia e os mistérios da região.

Quando visto como deificação da esposa do faraó em mitos tardios, o proeminente papel de Ísis foi como assistente do faraó morto. Desse modo, ela ganhou uma associação funerária, com o seu nome a aparecer mais de oitenta vezes nos chamados Textos das Pirâmides, afirmando-se que ela era a mãe das quatro divindades que protegiam os vasos canopos, nomeadamente a protetora da divindade do vaso do fígado, Imset. Esta associação com a esposa do faraó também trouxe a ideia de que Ísis era considerada a esposa de Hórus (outrora visto como seu filho), que era protetor e, posteriormente, a deificação do faraó. À época do Médio Império, da XI dinastia egípcia até à XV dinastia egípcia, entre 2040 e 1640 a.C., à medida que os textos funerários começam a ser utilizados por maior número de membros da sociedade egípcia, além da família real, cresce também o seu papel de proteger os nobres e até mesmo os plebeus.

À época do Novo Império, a XVIII, a XIX e a XX dinastias, entre 1570 e 1070 a.C., Ísis adquiriu proeminência como a mãe e protetora do faraó. Durante este período, ela é descrita como amamentando o faraó e é frequentemente assim representada.

141. Anubis

Anúbis (em grego antigo: Ἄνουβις) é o nome dado pelos antigos gregos ao deus com cabeça de chacal associado com a mumificação e a vida após a morte na mitologia egípcia. Na língua egípcia, Anúbis era conhecido como Inpu (também grafado AnupAnpu e Ienpw). A menção mais antiga a Anúbis está nos Textos das Pirâmides do Império Antigo, onde frequentemente é associado com o enterro do Faraó. Na época, Anúbis era o deus dos mortos mais importante, porém foi substituído durante o Império Médio por Osíris.

Assume nomes ligados ao seu papel fúnebre, como Aquele que está sobre a sua montanha, que ressalta sua importância como protetor dos mortos e de suas tumbas, e o título Aquele que está no local do embalsamamento, associando-o com o processo de mumificação. Como muitas divindades egípcios, Anúbis assumiu diversos papeis em vários contextos, e nenhuma procissão pública no Egito era realizada sem uma representação de Anúbis marchando em seu início.

A esposa de Anúbis é a deusa Anput, seu aspecto feminino, e a sua filha é a deusa Kebechet.

Os egípcios acreditavam que no julgamento de um morto era pesado seu coração e a pena da verdade (tal pena pertencia à consorte de Anúbis, a deusa da verdade Maat). Caso o coração fosse mais pesado que a pena o defunto era comido por Ammit (um demônio cujo corpo seria composto por partes de um leão, hipopótamo e crocodilo) mas caso fosse mais leve a pessoa em questão poderia ter acesso ao paraíso ou a alma voltar ao corpo. Anubis era quem guiava a alma dos mortos no Além.

Osíris, após ser despedaçado pelo irmão, Seth, tem seu corpo embalsamado por Anúbis, tornando-o a primeira múmia, e fazendo com que se torne o deus do embalsamento. Os sacerdotes de Anúbis, chamados “stm”, usavam máscaras de chacais durante os rituais de mumificação. Anúbis é uma das mais antigas divindades da mitologia egípcia e seu papel mudou à medida que os mitos amadureciam, passando de principal deus do mundo inferior a juiz dos mortos, depois que Osíris assumiu aquele papel. O papel funerário de Anúbis, é muito importante, pois depois da mumificação os egípcios acreditavam, que o coração era entregue ao Deus Anúbis, ele pesava-o em conjunto com a Pena da Verdade, se o coração fosse mais pesado que a pena, era pesado de maldade e Ammit, o Deus Leão, comia-o, mas se fosse leve de bondade, Anúbis levava-o num barco a atravessar o Rio Nilo para ir ter com o Deus Osiris, Deus da Morte e do Submundo, ao mundo dos mortos, para viver a “Vida depois da Morte”

A associação de Anúbis com chacais provavelmente se deve ao fato de estes perambularem pelos cemitérios. O Anúbis era pintado de preto, por ser escura a tonalidade dos corpos embalsamados. Apesar de muitas vezes identificado como “sab”, o chacal, e não como “iwiw”, o cachorro, ainda existe muita confusão sobre qual animal Anúbis era realmente. Alguns egiptólogos se referem ao “animal de Anúbis” para indicar a espécie desconhecida que ele representava. As cidades dedicadas a Anúbis eram conhecidas pelo grande número de múmias e até por cemitérios inteiros de cães.

140. Apep

Aqui está uma das criaturas sinistras as quais fazem até os deuses tremerem as canelinhas, tal como algumas outras que você irá ver nessa lista.

Na mitologia egípcia, Apep (ou Apophis, em grego. Também conhecida como Apófis), é uma criatura em forma de serpente que combatia o deus Rá ao cair de cada noite, sendo sempre morta temporariamente e sempre ressuscitando no dia seguinte devido a sua natureza imortal. Também chamada de Apepi ou Aapep.

Apep é a personificação do caos no submundo e um inimigo jurado dos deuses (principalmente Rá). Ele é a personificação do próprio caos, destruição e do mal na mitologia Faraônica (Egípcia). Já deu de ver não é amigo, “personificação da destruição, do caos e da maldade”, com certeza, o ser mais gente boa que você poderia querer encontrar por aí!

 Apep surge como uma serpente gigantesca, com 30m de comprimento. É servido por hordas de demônios, a maioria possuindo qualidades de serpente do fogo. Para os egípcios, quando havia um Eclipse, era o corpo gigantesco de Apep, cobrindo a luz do Sol, enquanto tentava destruir a barca de Rá e devorá-lo (motivo pelo qual o Eclipse trazia pânico as massas). Apep se encontrava no ultimo dos 12 portões do Submundo, onde era o maior desafio de Rá.

Um dos últimos grandes feitos de Rá foi prender Apep nas profundezas do Duat, junto com Bastet. Conta a Lenda que as duas entidades batalham pela eternidade, num ciclo de morte e renascimento sem fim nas profundezas do Duat.

139. Rá

Rá ou Ré (em egípcio: *ri:ʕu), é o deus do Sol do Antigo Egito. No período da Quinta Dinastia se tornou uma das principais divindades da religião egípcia, identificado primordialmente com o sol do meio-dia.3 O principal centro de seu culto era a cidade de Heliópolis (chamada de Inun, “Local dos Pilares”, em egípcio),onde era identificado com o deus solar local, Atum.5 Através de Atum, ou como Atum-Ra, também era visto como o primeiro ser, responsável pela egipicia Enéade, que consistia de Shu e Tefnut, Geb e Nut,Osíris, Seth, Ísis e Néftis.

Nos textos das pirâmides, Rá e Hórus são claramente distintos (por exemplo, Hórus remove para o sul do céu o trono de Rá), mas em dinastias posteriores Rá foi fundido com o deus Hórus, formando Re-Horakhty (“Rá, que é o Hórus dos Dois Horizontes”), e acreditava-se que era soberano de todas as partes do mundo criado (o céu, a terra e o mundo inferior.) É associado com o falcão ou o gavião. No Império Novo o deus Amon se tornou proeminente, após fundir-se com Rá e formar Amon-Rá.
Durante o Período de Amarna, Aquenáton reprimiu o culto de Rá em favor de outra divindade solar, Aton, o disco solar deificado, porém com a sua morte o culto de Rá foi restaurado.

O culto do touro Mnévis, uma encarnação de Rá, também teve seu centro em Heliópolis, onde existia um cemitério oficial para os touros sacrificados.

Segundo uma das versões do mito, todas as formas de vida teriam sido criadas por Rá, que as chamou à existência pronunciando seus nomes secretos. Rá conhecerá o segredo dos nomes de cada ser, o que lhe daria o poder de “chama-los à existência” e também desperta inveja de outros deuses, como Ísis.

De acordo com certas versões, os seres humanos teriam sido criados a partir das lágrimas de Rá, motivo pelo qual os egípcios se chamavam de “Gado de Rá”. Segundo conta os antigos escritos egípcios, Rá era dotado de uma visão incomum até mesmo para os deuses: ele conseguia ver a perfeição! E isso era tão impressionante, até mesmo para o próprio, que o fez lagrimejar e essas lágrimas ao caírem e se fundirem com o solo, deram origem aos seres humanos.

Porém Rá, com o tempo, apesar do seu senso de bondade e justiça, começou a odiar os humanos e seus atos abomináveis. O resultado disso é contado no mito da Vaca Celestial, descrito abaixo, onde Rá quase destruiu a Humanidade ao invocar Sekhmet , a personificação do seu olho divino.

O Mito da Vaca do Céu

O Mito da Vaca do Céu é habitualmente dividido em duas partes.

A primeira parte, conhecida como “mito de destruição da humanidade”, narra como os seres humanos se revoltaram contra o deus Rá, que governa sobre a Terra, mas que se tornara um idoso (portanto alguém débil), e começam a conspirar contra este. Ré decide convocar as divindades primevas, Chu, Tefnut, Geb, Nun e Hathor, a fim de solicitar conselhos. Nun recomenda Ré a castigar a humanidade enviando o seu olho divino na forma da deusa Hathor. Hathor começa a aplicar o castigo; quando assume a forma feroz de Sekhmet entrega-se à matar de forma indiscriminada a humanidade. Horrorizado com as dimensões que o castigo está a tomar, Ré entende que tem que afastar a deusa da sua matança, recorrendo a um estratagema: dá a beber à deusa uma cerveja na qual foi adicionado um colorante vermelho (cor do sangue) que a embriaga e que acaba por se esquecer do castigo.

A segunda parte (“mito da vaca do céu”) relata a ascensão de Ré ao céu às costas da sua filha, a deusa vaca Nut. Cansado de governar e desiludido com a maldade dos seres humanos, Ré nomeia Toth como seu representante na Terra. Até então o céu e a terra não estavam separados, sendo o tempo eterno e a humanidade e os deuses convivendo em união.

O deus Chu, os oito deuses Heh e o faraó seguram a Nut na forma de vaca que agora se encontra separada de Geb (a Terra). Foi desta forma que se criou o dia e a noite.

138. Sekhmet

Amada e temida na mesma medida: esta é a deusa Sekhmet, cujo culto originalmente institucionalizara-se na cidade de Mênfis. Ao lado de seu esposo Ptah (“o criador”) e de Nefertum (“o todo que ressurge”), formava uma importante tríade.

 Sendo representada como uma figura feminina antropozoomorfa, mista de corpo de mulher e cabeça de leoa, a deusa possuía um disco solar lhe encimando a cabeça – fato intimamente ligado à sua relação com o deus Rá.

 Sekhmet (“a poderosa”), filha de Rá, frequentemente era associada à figura da deusa Háthor – encenando, neste aspecto, o lado mais sombrio desta deusa: assim, enquanto Háthor representava a gravidez, o nascimento, o prazer, a música e a dança, Sekhmet era intitulada como “a destruidora” ou “a senhora da peste”.

 Mas engana-se quem pensa que a deusa representava“o Mal em si”visto que o caráter intolerante da deusa Sekhmet estava intimamente ligado à falta do espírito de lei e ordem nos homens – o que lhe causava uma fúria destrutiva de caráter punitivo. Sendo assim, Sekhmet também era intitulada como “a única que ama Maat e detesta o Mal” – sendo Maat a deusa egípcia que representava a Ordem, a Justiça e a Verdade.

 De acordo com o mito, Rá teria ficado irado ao ver que a humanidade não estava respeitando os preceitos da deusa Maat, decidindo, assim, enviar a deusa Sekhmet (“o olho de Rá”) para que esta punisse a humanidade.

 E assim os campos fartaram-se com o sangue dos homens.

 Mas como o deus Rá não era uma divindade malévola, ao deparar-se com tamanha carnificina ele acabou arrependendo-se de seu ato, uma vez que a deusa Sekhmet não conseguia discernir os bons dos maus, matando a todos. Assim, Rá preparou 7.000 jarros de cerveja com suco de romã, deixando a cerveja avermelhada como o sangue, e deixou no caminho da deusa que, desapercebida, acabou bebendo a cerveja achando que era sangue: após beber todos os jarros, Sekhmet teria ficado tão bêbada que acabou entrando num sono profundo, do qual acordara somente três dias depois.

 Ao acordar, a fúria da deusa havia desaparecido, e, assim, Rá havia salvado a humanidade de sua ira implacável.

 Sendo Sekhmet, portanto, uma deusa temida devido ao seu grande poder, os egípcios constantemente buscavam agradar à deusa com festividades e oferendas, visto que como inimiga a deusa era implacável, trazendo doenças e pragas, mas, como amiga, curava doenças e afastava as pragas e protegia contra o Mal.

137. Ammit

Segundo algumas histórias antigas , Ammit era o cão do salão do julgamento dos mortos que, por sua vezes , após a morte eram julgados sua bondade por meio do seu coração na balança de Osíris e dado o peso equivalente a seus atos em vida .Sendo considerada culpada , a alma era destruída por Ammit ,devorada e engolida , assim deixando de existir pra sempre .. (histórias contadas ).

Na Mitologia EgípciaAmmit (também pronunciado AmmutAmut e Ahemait) é a personificação da retribuição divina para todos os males realizados em vida. Não é apenas um deus, é a punição para aqueles que não foram aceitos em Amenti. Ammit devora aqueles que foram julgados como pecadores, que não agiram de maneira correta em vida. O “fim” para os egípcios se resumia a Ammit, que destruia suas almas,. Ele devorava os corações, rasgava os corpos e com suas patas destruia os corpos. Era um dos primeiros seres a existir e era um dos seres mais temidos de todo o Egito. Existem papiros de autores desconhecidos que contêm orações para deixá-lo longe na hora sono.

Ammit vive no Duat, e se assenta sob a balança da justiça de Ma’at, a deusa da justiça. No Salão das Duas Verdades, Anúbis pesa o coração de uma pessoa (onde os egípcios acreditavam que a alma habitava) contra a pena de Ma’at. Se o coração pesasse igual a pena de Ma’at, a alma ganhava a vida eterna em Aaru, o paraíso egípcio. Se o coração estivesse carregado de pecados, ele pesaria mais que a pena de Ma’at, e o coração do falecido é entregue à Ammit, que o devora juntamente com sua alma, condenando-a à morte eterna. Em algumas versões, Ammit devora não só o coração, mas todo o corpo do condenado.

Ammit é uma espécie de Fenrir egípcio. Poucas criaturas entre as mitologias existentes colocam pavor nos Deuses. Ammit era uma dessas! Não se sabe ao certo qual era o domínio dos deuses sobre Ammit, sabe-se porém que temiam sua fúria, tal como Zeus temia o despertar dos Titãs e os nórdicos a ascensão de Fenrir.

136. Sobek

Sobek era o deus-crocodilo dos Antigos Egípcios, sendo representado ora como um crocodilo (colocado num altar ou santuário) ou então como um homem com cabeça de crocodilo, muitas vezes, neste caso, ostentando uma coroa com duas grandes plumas, o disco solar e uma ou mais uraeus (serpentessagradas). Os seus principais centros de culto no Antigo Egito eram dois: Fayum e Kom Ombo. Fayum, antes Shedjet, ficou até conhecida como Crocodilopolis (“cidade do crocodilo”, em grego, junto a Medinet el-Fayum), junto ao lago com o mesmo nome a Oeste do Nilo, numa região onde aqueles répteis eram extremamente abundantes no Egito faraónico.

Como o eram em Kom Ombo e em todo o Alto Egito, surgindo vários santuários dedicados aoculto de Sobek. Além daqueles dois centros principais, recordemos também Esna, Gebelein e Gebel el-Silsila. Nestes templos existia anexamente, muitasvezes, um tanque com crocodilos sagrados, além de mumificações dos mesmos, como ainda hoje se pode ver em Kom Ombo, por exemplo. Sobek estavaligado ao culto do rio Nilo, da divinização da água, tendo por isso clero e rituais próprios. O seu culto foi particularmente ativo e predominante nas XII eXIII dinastias, na transição do Império Médio para o Segundo Período Intermédio, por volta dos séculos XVIII e XVII a. C., com vários faraós comonomástica dedicada ao deus, como Sobek-hotep III e IV (XIII dinastia, c. 1795-c. 1650 a. C.) ou Sobek-neferu. Sobek-hotep significa, curiosamente, emantigo egípcio, “Sobek está satisfeito” ou Sobek-Neferu, “É belo Sobek”.

Originalmente Sebek era considerado um demônio, já que os crocodilos eram temidos em uma nação tão dependente do Nilo, seu culto começou como uma tentativa de pacificá-los, para que não mais atacassem barcos, gado e mesmo pessoas.
Gradualmente Sebek começou a simbolizar a produtividade do Nilo, a fertilidade que vinha do rio à terra, o que foi tornando-o um deus cada vez mais ambíguo. Algumas vezes Sebek podia ser visto como patrono do exército do faraó, devido à sua força e ferocidade.

Seu culto floreceu na época da décima-segunda dinastia. Originalmente “nativo” de Al Fayum, onde ainda há alguns templos ainda em pé, seu culto logo foi se espalhando para outros centros, como Tebas e Kom Ombo. Esta área (Al Fayum) era tão associada a Sebek que Arsinoe, uma de suas cidades (conhecida pelos Gregos como “Crocodilópolis”) mantinha crocodilos domesticados, ornamentados com jóias e alimentados à mão. Os gregos chamavam estas criaturas de “Petsuchos” ou “aquele pertencente a Suchos” (Sobek para os gregos). Os Petsuchos eram vistos como encarnações de Sebek.

A natureza ambígua de Sebek levaram alguns a especular que ele era um reparado do mal que havia sido feito, diferente de uma estritamente boa, indo até o Duat restaurar o mal feito aos mortos. Também era conhecido como um dos deuses invocados para proteger as pessoas, efetivamente mantendo os perigos distantes delas. Desta forma ele era visto como um deus mais primitivo, eventualmente tido como avatar de outro deus primitivo: Amon. Logo após Amon ser considerado o deus líder e mais tarde se fundir com Rá (criando a entidade Amon-Rá), Sebek, como um avatar de Amon-Rá, ficou conhecido como Sebek-Rá.

135. Khnum

Khnum ( Khnemu , Khenmu , Khenmew , Chnum ) foi um dos mais antigos deuses do Egito, sendo originalmente um deus da água, que se acreditava governar sobre toda a água, incluindo os rios e lagos do submundo. Ele foi descrito como um carneiro, um homem com a cabeça de um carneiro ou um homem com os chifres de um carneiro. Ele era (muito raramente) representado com a cabeça de um falcão, indicando sua conexão com o deus Rá. Ele muitas vezes usa a coroa de plumas brancas do Alto Egito e era por vezes, representado segurando um jarro com água fluindo para fora. Ocasionalmente, Khnum é representado com quatro cabeças de carneiro (representando o deus sol Ra, o deus do ar Shu, o deus da terra Geb e Osíris, o deus do submundo). Nesta forma, ele era conhecido como Sheft -hat.

Khnum era uma divindade associada ao rio Nilo, e fazia com que a sua inundação depositasse lodo preto suficiente nas margens do rio para torná-las férteis. O lodo também formava o barro, a matéria-prima necessária para fazer cerâmica. Como resultado, ele estava intimamente associado com a arte da cerâmica.

Em alguns mitos, Khnum é responsável pela criação da raça humana e de todos os outros deuses , devido à sua grande habilidade na roda do oleiro, onde ele cuidadosamente criava e moldava cada ser.  Também é atribuida a ele a criação do “Ovo Primordial”,  a partir do qual Rá surgiu. Logo depois, Khnum começou a esculpir as crianças do mundo mortal, a criação de ambos os seus corpos e espírito de barro, e abençoando-as para serem saudáveis.

Khnum também era uma divindade protetora dos mortos, semelhante à Anúbis. Magias invocando a ajuda de Khnum podem ser encontradas no Livro dos Mortos e em muitas das coração- escaravelhos enterrados com os mortos, porque acreditava-se que ele poderia ajudar o falecido a obter uma sentença favorável no Julgamento de Ma’at .

Khnum é um dos deuses que auxiliavam Rá em sua jornada noturna através do submundo. Ele teria criado o barco que transportava Rá e ajudou a defender o deus do sol contra a serpente Apep. No entanto, ele às vezes era considerado o “ba” de Ra, porque a palavra para ” carneiro ” em egípcio também foi “ba” . Quando Khnum foi fundido com Ra para formar a divindade composta Khnum-Ra, esta divindade foi associada à Nun ( que representava as águas primevas) , e recebeu o epíteto Hap-ur (” grande Nilo ” ou ” Nilo do céu “)

134. Hapi

Os egípcios personificavam o rio Nilo como o deus Hapi. Sua figura é a de um homem barbado, com seios pendentes de mulher, indicativo de sua fertilidade, e uma barriga avantajada, de quem está bem alimentado, amparada por um cinturão. Freqüentemente aparece pintado em azul e às vezes calça sandálias, o que é um sinal de riqueza. Usa plantas aquáticas na cabeça. Suas mãos espalham o símbolo da vida e seguram uma bandeja com alimentos (peixes, patos, ramos de flores e de espigas) ou despejam água de jarros. Era chamado o pai dos deuses e várias cidades tinham o seu nome.

Tão dependentes que eram das cheias do Nilo, é compreensível que os egípcios tivessem esse deus como objeto constante de suas preces. Pequenos amuletos representando o deus Hapi eram fabricados aos milhares em ouro, prata, cobre, chumbo, turquesa, lápis-lazúli, faiança ou, ainda, outros materiais. Por ocasião das cheias, oferendas eram apresentadas ao deus em vários templos egípcios.

133. Benu

Benu (do verbo egípcio ueben, “brilhar”, “erguer”), também grafado Bennu, era na mitologia egípcia um animal parecido com uma garça real (Ardea cinerea ou Ardea purpurea).

Em algumas representações artísticas, o Benu tinha sobre a cabeça a coroa branca do Alto Egipto acompanhada por duas plumas altas, formando a coroa atef.

Não se sabe muito sobre o culto ao Benu, excepto que estava centrado em Heliópolis.

Este animal era considerado como o ba(alma) do deus Ré (o sol, na sua forma de Atum) quando este surgira no momento da criação do mundo pousando na pedra Benben, a primeira porção de terra emersa das águas primordiais, identificadas ao Deus Nun, tendo dado origem à vida. A ave era vista, em outros casos, como o ba(alma) de Osíris, surgida após a morte do deus nas mãos de Seth.

Segundo outro mito egípcio, uma gansa, conhecida como a “Grande Grasnadora”, põe o primeiro ovo, do qual saiu o Benu.

Os antigos Gregos identificaram este animal com a fénix. Segundo Heródoto o Benu surgia apenas cada quinhentos anos, trazendo o corpo do pai falecido. De acordo com o autor grego, a ave criava um fogueira na qual perecia e a partir da qual surgia uma nova ave.

132. Neter

Talvez o ser mais interessante dessa lista pelo mistério que o envolve. Em geral, os investigadores modernos centram-se no seu estudo em três obras principais, o Livro das Pirâmides, o Livro dos Sarcófagos e o Livro dos Mortos. Neter tem poucas aparições na escrita egípcia, porém, com o pouco que se sabe sobre esse ser mitológico podemos levantar certas hipóteses. Apenas hipóteses, não é possível afirmar nada.

A palavra Neter não tem tradução exata. Sabe-se entretanto que no inicio do Antigo Egito havia apenas um Deus: Neter. Talvez Neter seja o único deus verdadeiro, sabendo que entre os deuses egípcios, ele era o único que tem suas menções acompanhadas por seus características divinas: onipresente, onisciente e onipotente. Os demais deuses seriam ramificações de suas vontades ou mesmo, suas criações. Não é conhecido como Neter iniciou a vida dos deuses ou se ele se transformou em parte Amon, pois em algumas passagens a menção de que Amon era resultado de Neter e devoto à ele. Hipóteses e mais hipóteses.

Alguns historiadores acreditam que Neter é uma denominação aos deuses primordiais egípcio mesmo que este hora apareça personificado em entidade nos antigos escritos.

Outros porém afirmam que Neter é uma raça, a raça dos deuses.

Há ainda aqueles que dizem que Neter é referente a emanação. Os deuses seriam seres que habitariam o universo real e quando habitavam esse mundo através de emanações de seus seres recebiam o nome de Neteru.

FONTES: PORTAL DOS MITOS, INFOPEDIA, SEUHISTORY,

OUTRAS PARTES DO POST: PARTE UM, PARTE DOIS